terça-feira, 3 de novembro de 2009

Por que eu escolhi o jornalismo

Tati says: Oi Ivy, o meu irmão me passou seu MSN.
Ivy says: Oi Tati, ele falou que você iria me adicionar. Você tem certeza que você quer fazer jornalismo?
Tati says: Eu gosto muito de escrever e quero mesmo fazer, mas ainda tô em dúvida entre direito e letras.
Ivy says: Que bela dúvida heim?
Tati says: Pois é, queria saber se você poderia me ajudar.
Ivy says: Ajudar? Eu? Como?
Tati says: Ah, sei lá, tipo, você poderia me dar umas dicas.
Ivy says: Tati, vou te fazer três perguntas para te ajudar a refletir. São coisas que eu queria que tivessem me falado antes de eu entrar na facul, que eu demorei anos para descobrir tá?
Tati says: Tá.
Ivy says: Você tem namorado Tati?
Tati says: Tenho.
Ivy says: E você gosta de namorar?
Tati says: Gosto.
Ivy says: Então Tati, se você gosta de namorar, eu não te indico jornalismo como profissão. Primeiro porque raramente namoro de escola dura após a escola e depois que você não tiver mais com este cara, vai ser muito difícil achar outro. Por dois motivos: um você não terá tempo de ir à caça e dois porque as redações foram invadidas por bibas, logo, a probalidade de você achar um homem hetero numa redação é tão pequena que chega a ser nula. Sem contar que nós, repórteres, temos um "poder" excelente para repelir seres do sexo oposto. Já reparou que toda solteirona de filme é jornalista?
Tati says: Não tinha pensado nisso não...
Ivy says: Claro que não, ninguém pensa nisso mesmo quando está prestando vestibular, mas, acredite, você deve levar sua vida pessoal dentro da sua vida profissional em conta SIM. Agora me fala uma coisa, você é vaidosa?
Tati says: Sou.
Ivy says: Quão vaidosa?
Tati says: Ah, sei lá, eu sou vaidosa.
Ivy says: Olha minha querida, então já te digo logo: jornalismo é uma excelente carreira para detonar vaidades. Aumentam os egos, diminuem os alteregos. Enfim, no começo você não terá tempo e dinheiro para gastar no salão. Depois, você até que terá um dinheiro, mas não terá tempo para isso. Vou lhe contar uma história: o meu role model de jornalismo se chama Renata Lo Prete. Ela foi minha primeira professora mulher de jornalismo na faculdade e ela é meu role model porque ela é uma pessoa EXTREMAMENTE generosa, educada, linda, inteligente, mega bem casada, tem dois babies incríveis e, além de tudo isso, ela é uma hiper ultra mega jornalista, ganhou o prêmio ESSO e tudo. Mas enfim, um dia a rENATA Lo Prete estava fazendo depilação quando ouviu as mulheres no salão comentando que o Guilherme de Pádua tinha matado a Daniella Perez. Só para você entender, a Daniella Perez era tipo a Alinne Moraes da época eo Guilherme de Pádua era tipo o Thiago Lacerda. Enfim, o cara era par romântico da menina na novela e matou a garota porque ele era doente. O caso é que isso virou manchete em tudo quanto é jornal. Inclusive na folha, onde a Renata Lo Prete trabalhava. Sabe o que ela fez? Saiu com as pernas meia depiladas e voltou para o jornal. Enfim, se você preza pela sua depilação, sua hidratação e as suas unhas feitas, talvez esta não seja a menor carreira pra você. As minhas sobrancelhas estão parecendo a da Malu Mader, porque eu não consigo marcar horário no salão.
Tati says: Nossa...
Ivy says: E finalmente, a última pergunta e a menos importante: você gosta de dinheiro? Porque jornalismo é uma carreira que NÃO dá dinheiro. Em resumo, é no vanity, no sex and no money.
Tati says: E se é tão ruim assim, por que você ainda é jornalista?
Ivy says: Veja bem, eu não disse em nenhum momento que é ruim. Muito pelo contrário, para mim não poderia haver profissão melhor. Mas a realidade dela na prática é isso mesmo. Sinto muito se estou te jogando um balde de água fria, mas é bem assim que a banda toca mesmo.
Tati says: mAS VOCÊ GOSTA DE SER JORNALISTA?
Ivy says: Então, tirando a parte do no vanity, no sex and no money, eu amo completamente. Eu costumo dizer que jornalismo é a maneira mais glamourosa de ser pobre porque a gente vive situações que a maioria das pessoas comuns não vivem- nem nunca viverão. Exemplo: eu, que fui ginasta, sempre quis conhecer a nadia Comaneci, como toda ginasta. e eu conheci, as outras ginastas da minha turma não conheceram entendeu? Tipo, eu já peguei no inventário do Santos Dummont, andei no gramado do Pacaembu, entrevistei o Dave Ghrol, qe é um mega cara do rock, aliás, eu entrevistei um monte de gente do rock, do cinema, da TV. Eu vi de perto um monte de coisas, conheci histórias reais bonitas e tristes... eu não consigo me sentir tão viva fazendo outra coisa do que reportagem. Mas eu já aviso logo: o esquema é bem punk rock.
Tati says: Mas tem outra coisas que eu possa fazer além de reportagem não tem?
Ivy says: Tem, mas eu só me atrevo a falar da reportagem. O, dá uma olhada nos posts que eu escrevi no meu blog sobre jornalismo:
Ivy says: http://deliriosinsanosdeivyfarias.blogspot.com/2008/09/ser-reprter-parte-ii.html
Ivy says: http://deliriosinsanosdeivyfarias.blogspot.com/2008/09/no-meio-da-pauta-estagiria-vem-falar.html
Ivy says: http://deliriosinsanosdeivyfarias.blogspot.com/2008/07/ser-reprter.html
Ivy says: http://deliriosinsanosdeivyfarias.blogspot.com/2008/06/god-save-blondes.html
Ivy says: http://deliriosinsanosdeivyfarias.blogspot.com/2008/06/como-pude-me-esquecer-delas.html
Ivy says: Lê ai, pensa ai, depois você me fala, se quiser vir conhecer a redação fala pro seu irmão te ligar que eu te trago e ai você forma a sua própria opinião ta?
Ivy says: Desculpe a sinceridade, mas é assim que eu penso.
Tati says: Não Ivy, brigadão viu? Vou ler depois a gente se fala.



Resumo do diálogo entre a indecisa estudante de ensino médio que quer fazer jornalismo e eu.

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