segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

2008

Eu li Pollyanna com dez anos, estava na quarta série. Hoje vejo que este é um livro para a vida adulta, não para crianças. Exceto se a criança é como eu, já que desde cedo fui adulta e tinha que dividir os problemas- e procurar uma solução- com a minha mãe solteira. Desde aquele ano de 1991 que faço o Jogo do Contente, “brincadeira" pratica por Pollyanna que consiste basicamente no seguinte: poderia ser pior.

Estava lendo o blog da Bia em que ela faz uma retrospectiva e parei para pensar no meu ano. Como já sofri muito na vida e considero o ápice de tudo o ano de 2003, quando sai, desempregada, da faculdade (nem frila arrumava), meu ex me deu um pé na bunda (depois vi que valeu a pena, mas na época doeu), minhas “amigas“ me espezinhavam por eu estar desempregada e minha mãe foi morar fora me deixando um belo pepino: um irmão pequeno e uma família louca e mau caráter para cuidar. Depois disso tudo fui morar nos Estados Unidos e decidi que ali eu seria feliz- fui, apesar das adversidades. 2004 foi um ano difícil, porém, melhor que 2003. 2005 foi melhor que 2004 e muito melhor que 2003. Assim eu ia vendo o passar da minha vida: eu ia ficando, cada vez mais longe, do ano horroroso de 2003.

2006 e 2007 foram marcados por alguns percalços e nenhum grande evento maravilhoso, mas não teve nada de tão ruim também. E 2008... bem, 2008 não foi como 2003. Durante os 365 dias do ano, dei uma de Pollyanna, tentando dizer que não foi tão ruim assim. Mas 2008 foi ruim, muito ruim. Foi um ano difícil demais e graças a Deus está acabando. Não sei ainda se é bom ou ruim jogar este jogo idiota, porque ele te desvia muito da realidade.

Hoje estou revendo mentalmente tudo o que passou. O balanço do ano mostra que 2008 foi péssimo. Acho que tão ruim quanto 2003, só que eu não estava preparada para tanta dor e provações que eu passei como estou hoje. Realmente, estou ainda mais forte, mas desejando que em 2009 eu seja fraca e tenha uma vida no mínimo fácil, de não ter que matar um leão por dia. Cansei de ser forte, cansei de fazer jogo do contente.

Quando fui morar nos Estados Unidos, achei que toda a dor do passado tinha ficado para trás: achava que dali para frente eu só seria feliz. Hoje eu vejo que me enganei, porque em 2008 levei uma bela rasteira de pessoas que confiava cegamente. Na verdade, acho que 2008 foi um ano para romper com o passado, não só para mim, como para todo o mundo. Afinal, a Nuvem Nove fechou e a Polaroid parou de produzir filmes. Sinal de que o futuro agora é presente e não há nostalgia que pare o capitalismo selvagem.

As lições que eu levo deste ano? Não confiar em ninguém, saber que seus amigos são aqueles que ficam com você nos momentos difíceis e que a vida muda a cada instante, por isso, não adianta muito se planejar ou achar como as coisas vão ser.
Anyway, 2008 é finito. Acabou. Para sempre.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Overbooking



Jesus Cristo foi a primeira vítima do overbooking: José e Maria andaram de estrabaria em estrebaria e, como não acharam vaga, sobrou pro menino nascer no estábulo. Engraçado, naquele ano nem existia o Natal e um quarto já era difícil...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Errata?

Não sei se o post anterior merece uma errata, mas li ontem na Revista Fantástico que a “mulher“ do Maníaco do Parque não é mulher dele coisa nenhuma. Ela afirmou apenas que trocou cartas e o visitou na prisão, mas não passou disso. Porém, o texto é encerrado com uma frase, no mínimo, estranha: “Ele é muito bonito, um deus grego". Cruzes!

Não ajudou não

- O que vai ser da minha vida? Eu tenho 28 anos, to sem namorado. Até eu arrumar um namorado, namorar, morar junto, casar, ter filho, eu vou ter quantos?
- Querida, calma! Pense o seguinte: se até o maníaco do parque casou, você também casa.
- Ai, Ivy, desculpa, mas este exemplo não ajudou.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Na Marginal

Quem mora em São Paulo sabe do que estou falando. Quem mora no Brasil também deve saber, porque vira e mexe a TV mostra em rede nacional o quão paradas as Marginais de São Paulo podem ficar. O fato é que duas grandes avenidas, às margens dos rios, como os nomes sugerem, são as rotas diárias de milhares de paulistanos. Tal e qual o Tietê, o rio, a Marginal Tietê liga a Zona Oeste à Zona Norte, passando pelo Centro e pela Zona Leste, enquanto a a Pinheiros, a Marginal, tal e qual o rio Pinheiros, liga a Zona Oeste à Zona Sul. E por causa de tantas ligações, as Marginais estão sempre entupidas pelos caminhões, os maiores vilões do trânsito da metrópole.

Não chamo a Marginal de caos porque eu acredito que o caos seria movimentado e a marginal vive parada. Mas para Roberto, a marginal realmente virou um caos dia destes. Era uma quinta feira pela manhã e o meu colega iria trabalhar, como mil(milhões? Milhares?) de paulistanos, pela Marginal, naturalmente.

Quando o relógio marca 7 horas da manhã num dia de semana, normalmente a marginal está parada. E estava. Infelizmente o que não parou foi o intestino de Roberto, que resolveu funcionar naquela hora, naquele lugar, parado, longe de qualquer banheiro. E de qualquer possibilidade, porque a marginal não tem nem moita. Sua barriga se mexia incontrolávelmente, ele não fazia idéia que o sinal da natureza poderia se dar em local tão inapropriado, de forma tão abrupta, tão necessária e tão urgente.

Enquanto estava, parado, na terceira faixa, ele pensava em uma solução para sair dali. Sem solução, porque estava tudo parado, Roberto começou a se lembrar de tudo que estava relacionado ao ato de obrar. Lembrou se daquela piada infame que circulava nos emails de desocupados, que dizia que o fiofó queria ser o novo chefe do corpo humano. E o rim, o fígado, o estômago, o coração, enfim, todos os órgãos mais populares riram dele dizendo que como um “órgão” tão sujo e feio poderia ser o chefe do corpo. O fiofó parou de funcionar, quase criando uma crise geral no corpo humano. E lembrava da moral da história: “qualquer cuzão pode ser chefe, até o seu”. Ele riu, mas aquilo não parava suas fezes que estavam a caminho.
Mas o fez se distrair e lembrou se ainda da piada da freira que fazia palavras cruzadas no ônibus, quando foi interrompida por um cidadão de rua. “Feio e fedido!”, disse a freira, referindo se ao mendigo, que não deixou barato: “Se for com duas letras, é c*****”. E riu mais ainda.

E foi lembrando se de todos aqueles comerciais de perfumes para banheiro, desde os para por na privada ou os que tem um botão para neutralizar o desagradável odor, a maioria protagonizados por crianças sem dentes e mulheres atuando como mães perfeitas. Ah, como aquele banheiro lhe pareceu mágico, quase um pedaço do paraíso. E pensou que daquele dia em diante, se conseguisse chegar a um banheiro com as cuecas intactas, iria sim, dar mais valor ao banheiro nosso de cada dia.

E todos estes pensamentos não pararam seu intestino, que deu o ar de sua (des) graça ali no carro mesmo, sem água, sem papel higiênico, neutralizador de odores, nada. E apesar de seu carro não ter aquelas películas pretas, pelo menos ele ainda estava protegido pela privacidade do seu carro. Afinal, quem iria advinhar que ele estava ali, em plena Marginal, parada, todo cagado? Um advogado de terno e gravata estava acima de qualquer suspeita.

Sem ter mais o que fazer, entrou no primeiro retorno e voltou para casa, todo cagado, uma hora e meia depois. E no banho, tentando se consolar que já fizera isso antes- quando era um bebê- Roberto passou a procurar uma solução para o que aconteceu com ele não acontecesse com mais ninguém. Como não há como prever o organismo, ele refletiu que o melhor seria instalar banheiros na Marginal. Isso mesmo, banheiros, como aqueles químicos, que ficam em shows, manifestações populares, espalhados pela margem do rio.

De início, achou sua própria idéia maluca, mas por não ter encontrado outra solução, passou a planejá-la. Que mal haveria ter banheiros instalados na Marginal? A avenida vivia parada mesmo, era só o motorista descer do carro, trancar, usar e voltar, que estaria na mesma posição. Passou a articular: mas seria um banheiro para homens e outro para mulheres? Depois de uma rápida pesquisa por todos os estabelecimentos da cidade, achou que o mais sensato era ter um espaço reservado para cada sexo.

Tudo planejado, como executar? O certo seria a prefeitura, que custearia. Mas sua visão de marketing logo lhe deu uma brilhante idéia para convencer o prefeito: aquelas mesmas empresas que fabricam perfumes para latrinas e banheiros poderiam patrocinar a idéia. Sem contar, claro, que a popularidade do cara iria para as alturas.

De posse de toda sua influência e poder, marcou um horário com o dignissimo chefe da cidade. E foi. Naturalmente que o prefeito riu da cara dele e perguntou de onde Roberto tinha tirado idéia tão estapafúrdia, que respondeu que foi sugestão de um amigo do amigo que passou por uma situação em que literalmente se cagou nas calças. O prefeito, que já havia feito coisas tão estapafúrdias quanto àquela idéia, pensou que vereador algum votaria a favor daquilo e resolveu dar a cara para bater. Afinal, ele sempre foi um desconhecido da população, apesar de ser uma figura pública, sua vida era quase íntima, tal a falta de interesse do povo.

Um mês depois o projeto de lei estava na pauta da Câmara. Claro que foi ridicularizado, todos riram, os jornais fizeram a festa por ter mais uma notícia bizarra, mas, por incrível que possa parecer, a Marginal fez muita gente se cagar nas calças e o projeto foi aprovado. Roberto, feliz, convenceu um amigo de infância, dono de uma agência de publicidade na própria Marginal Pinheiros a apoiar a idéia e jogar pesado para conseguir propagandas e afins. Como brasileiro se deixar compra até merda empanada, os W.C. das Marginais chegaram na cidade com as portas com anúncios de um fabricante de papel higiênico. Em uma semana, devido ao sucesso, diversas moças, daquelas bem bonitas que ficam demonstrando produtos no mercado, estavam na porta dos reservados devidamente uniformizadas, com panfletos e aquele sorriso simpático no rosto: “Gostaria de experimentar nosso perfume para banheiro?”.

Roberto, do alto do seu escritório na Marginal Pinheiros, sorria com o sucesso daquela idéia, que no fundo foi uma grande cagada.

Tudo Sobre Minha Bolsa

Há três dias que venho pensando na primeira linha deste texto. Não, não é delírio de quase escritora frustrada, tentando achar as melhores palavras para prender a atenção do leitor: há três dias que venho refletindo sobre a minha primeira bolsa e até agora não consegui me lembrar do modelo exato dela.

Dizem que o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Nunca esquece mesmo. Deveria ser assim com a primeira bolsa, mas droga, não é! E eu, que sou totalmente devota à esta maravilha do mundo feminino, estou decepcionada comigo mesma por não lembrar como começou da minha primeira companheira querida.

Consigo me lembrar apenas que era uma manhã chuvosa e não fazia muito frio. Eu estava indo para escola com a minha mãe, que me ensinou como carregar uma bolsa. Se você está pensando que é só pôr no ombro, ledo engano: de acordo com mamis, a bolsa tem que ficar com o fim do zíper, quando têm, virado para frente, assim nenhum ladrão consegue abri-la no ônibus pelas suas costas. Lembro que a minha primeira bolsa tinha zíper, mas o mesmo ficaria virado para trás. “Esta bolsa já não serve para quem anda em São Paulo e de ônibus como é o seu caso. A menos que você use do lado esquerdo!” Foi assim que começou a minha mania de carregar a bolsa do lado esquerdo! Nossa, como só me dei conta disso agora?

E à medida que esta página vai sendo preenchida com este monte de letrinhas, mais cresce a minha angústia de recordar todos estes detalhes menos a dita cuja! E este túnel do tempo me fez pensar: como e por quê eu passei a usar bolsas? Como eu fazia até então.

Só sei que na minha era pré-bolsas, eu usava as minhas adoradas e hoje totalmente abandonadas mochilas. Era incrível como nelas cabia absolutamente tudo, todos os livros, todos os cadernos, o estojo, o lanche e ainda por cima a blusa de frio. Eu me lembro que a manhã chuvosa da minha primeira bolsa foi no colegial, logo eu deveria ter entre 15 e 17 anos. Mas por que usar bolsa? O que me fez desistir das tão práticas mochilas para me aventurar com as bolsas?

Não sei. Provavelmente devo ter ganhado uma bolsa ou a minha tia deve ter insistido para eu usar uma! Mas não consigo me recordar de mais nada, mas consigo ter certeza de que a partir daquele dia, nunca mais retornei para as mochilas, a menos quando eu tinha que viajar. Mas mesmo assim, eu sempre levava as bolsas.

Sempre fui e até hoje sou estudante. Logo, uma mochila sempre é mais prática. E mesmo assim eu prefiro espremer tudo ou levar os livros nos braços, me atrapalhando toda para pegar ônibus, caindo aqui e ali, a simplesmente meter as minhas tranqueiras diárias numa mochila. E sabe o que é o mais engraçado? Mesmo quando eu sou obrigada a usar uma mochila, como no caso da ginástica, eu levo uma bolsa a tiracolo.
Um giro na sala de aula me fez ver que eu não era a única: todas as moças da sala traziam seu material escolar numa pasta ou numa mochila, mas a bolsa estava sempre ao lado.

Esta história toda de bolsas começou com uma amiga minha, a Miriam Dias, que faz bolsas. Ela me contou que sempre amou bolsas e hoje tem mais de 50(!) em casa. Sai perguntando para as minhas amigas quem não gosta de bolsa ou quantas bolsas em média cada uma tem. O minimo são cinco. Grandes, pequenas, baratas, caras, para usar de dia ou de noite. Não interessa, todo mundo tem pelo menos cinco modelos diferentes no armário.

Esta é uma outra dúvida minha: qual o lugar para guardar bolsas? Num armário como eu guardo? Ou num cabideiro próprio? Este “acessório”, se é que podemos chamar a bolsa de acessório porque na maioria das vezes ela é tudo, não tem lugar definido como as jóias, que tem os porta jóias. Ou a gaveta de calcinhas e a de sutiãs. A gente cuida bem delas, claro, mas muitas vezes joga do lado ou enche de tanta tralha que fica pesada e é um alívio se livrar dela no fim do dia.

E será que tem gente que consegue viver sem bolsa? Sair de casa sem bolsa? Viajar e não levar pelo menos duas? Quando eu mochilei pelos Estados Unidos e Europa eu levei duas: uma grandona tipo maleta de ginástica e uma pequena que cabia dentro da grande. Tudo bem, não estava com o meu estoque completo para cada ocasião que aparecesse, mas estava bem.

E tudo isso me fez chegar à seguinte conclusão: nós devemos valorizar mais as bolsas porque elas são como o sutiã: uma peça que só nós mulheres podemos usar e que é feita única e exclusivamente para gente. Você pode até estar se perguntando do vestido, da calcinha, da saia, mas é diferente: diferente porque desde crianças nós usamos calcinhas, saias e vestidos (já viu alguma mãe que dispensasse brincar com uma boneca de verdade como a gente era?). Mas o sutiã e a bolsa a gente só usa quando cresce e a necessidade aparece. A do sutiã é meio óbvia, mas a partir de quando a gente sente a necessidade de usar bolsa?

E olhando na rua eu vi que toda mulher usa bolsa. TODA. As ricas, as pobres, as nem tão ricas e as nem tão pobres. E tem tanta necessidade que bolsa se vende até no camelô. Tem até camelô só para vender bolsas! Tem loja especializada só em bolsas! Tem uma perto da minha casa que se chama TPM: “Tudo para Mulher”. E o detalhe que a loja só vende bolsas. A conclusão que se chega que a bolsa é o nosso tudo, com ela não precisamos de mais nada.

domingo, 14 de dezembro de 2008

A letra B

Antes de sair do Brasil, deixe um ex para trás. Não sei como ou nem por quê mas a história voltou a ganhar força quando eu morava na França. Na volta para casa, achei melhor deixar tudo lá mesmo: se não deu certo naquela época, por que daria de novo? E deixei de lado. Qual não foi a minha surpresa quando pus os meus pés em terras brasilis e comecei a receber e-mails, e-mails e mais e-mails. Amigos me contavam que ele me procurava e estava começando a levar a busca cada vez mais a sério (tipo, bater na faculdade ou dar plantão na porta da minha casa). Antes de decidir o que fazer, resolvi fazer o "teste da amiga" (na época que eu lia Capricho, a revista publicou uma matéria que dizia o seguinte: antes de voltar para o seu ex, pergunte para sua amiga, porque só elas lembram o que você sofreu-ou não- e vão te abrir os olhos). Foi o que fiz.

Como a melhor amiga em questão morava na França, recebi um e-mail dois dias depois em que dizia as minhas possíveis opções e que se resumia basicamente a isso:

a) Seja fina e ignore o cara. Para sempre.
b) Pague para ver.
c) Solte os cachorros, xinga mesmo, não tenha vergonha e manda ele sumir do mapa.

Depois de um mês optando pela letra a) sem que ele desistisse, eu resolvi marcar a letra b). E claro, quebrei a minha linda carinha: o cara era mesmo um canalha e não me trouxe nada além de dor. Depois de dois meses chorando, eu resolvi fazer o que a minha amiga tinha dito no primeiro e-mail: solte os cachorros, xingue à vontade e vá viver a sua vida. Foi o que fiz e nunca me senti tão bem na vida depois que enviei uma carta de quatro páginas que tinha o seguinte título “A Amiga que eu sou para você“ onde confrontava o traste, como ele passou a ser chamado desde então, com tudo o que tínhamos vivido em quatro longos anos. E lavei minha alma, claro.

Como disse, o traste só me trouxe dor e mágoa. Mas no começo. Aos poucos eu fui me dando conta de que aquele tipo de relação era o que eu NÃO QUERIA mais para mim. E nesta de me livrar do amor que eu sentia por ele, acabei descobrindo o melhor presente, a única coisa que serviu da passagem dele pela minha vida: que eu amava mais a mim mesma. Bem mais. E, ao me dar conta disso, passei a enxergar com outros olhos o comportamento dos caras e, descolada, a ver o que valia a pena ou não marcar a letra b). Nestas, fui peneirando cada vez mais.

Depois que um traste passa por sua vida e machuca você o máximo que ele pode, você acaba indo apenas nos caras certos. Os certos podem até te machucar um dia, porque todos nós machucamos uns aos outros em determinados momentos da vida. Mas a probalidade dele ser um cara que vai te enganar, maltratar é muito pequena porque você não vai deixar mais. A minha mãe sempre disse que as pessoas fazem com a gente aquilo que a gente deixa- e é verdade. Os trastes só maltratam a gente porque a gente deixa. Exemplo? No primeiro sinal que eu tive de que um paquera em potencial estava me tirando, disse: “Você tá achando que eu sou o quê? Me respeita rapaz, porque eu já passei da época de sair com trastes como você". O resultado: como ele era mesmo um traste, caiu fora. Mas mesmo que ele não fosse (e homem adora testar a gente para ver nossos limites), iria ficar pianinho e nunca mais (REPITO: NUNCA MAIS) vai falar isso. Digo porque o outro paquera nunca mais falou isso, mesmo.

Conto tudo isso porque uma amiga querida está no período crítico de quem marcou a letra b): está sofrendo e muito. E ela me disse: “Não me arrependo de ter marcado a letra b) porque pelo menos eu não vou ficar imaginando o que teria acontecido. Pelo menos agora eu sei que ele não presta, mas eu fiz a minha parte, abri meu coração e tentei o máximo que pude". Faço dela as minhas palavras e mesmo depois de ter sofrido horrores, não me arrependo de ter assinalado a b). Porque foi só assim que eu aprendi a me valorizar e a me respeitar. Isso pode parecer clichê, mas não é. Como disse a Kelly Clarkson, “thank to you now I get what I want“. Thank you so much, Traste.

Dedico este post para Anali, Cinderela Cosmopolita, e Grazi, que marcaram a letra b) e hoje riem dos trastes de suas vidas.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Tempos Modernos



Eu nunca tive tanta certeza de que "this is the end of the world as we know as it" quanto hoje. Noveleira assumida, nunca imaginei que fosse ver um diálogo deste tipo em uma trama. Pior: em uma trama numa emissora evangélica. Ou melhor: numa emissora SUPER evangélica:

Cena: Carolina não quer saber de perdão.

Cenário: Casa de Carolina e Arlete.

Contexto: Depois de chegar de viagem, a mocinha descobre que a melhor amiga deu um beijo no namorado dela durante sua ausência.

Personagens: Carolina (protagonista, interpretada por Juliana Silveira) e Arlete (mãe da protagonista, interpretada por Jussara Freire).

Arlete (aka, mãe da moça): Filha, perdoa ele, sabe como é, ele homem e foi só um beijo, eles nem chegaram a transar.

Carolina (aka, mocinha): Ah mãe, dá licença vai? Este tipo de desculpa não cola! Ele é homem e eu sou mulher, e daí? Usar isso como desculpa, que ele é homem e homem é assim mesmo é machismo. Por que eles podem trair e a gente não? E pior, trair com a desculpa de que eles são homens? E a gente, não pode trair por quê? E mãe, não interessa se foi só um beijo, foi traição sim. Traição é beijo, é um olhar mais apaixonado. Os dois não têm perdão mesmo não.

Pára tudo: este é o discurso da mocinha! Da mocinha! Ok, as mocinhas da teledramaturgia usam cabelo curto, trabalham, são moderninhas, pagam o motel e dão para quem querem, até mesmo quando não estão apaixonadas (chega de exclusividade para os mocinhos!). Que o mundo mudou eu já sabia. E, até que enfim, as novelas, sempre tão conservadoras em sua forma, estão se dando conta disso. Realmente, this is the end of the world as we know it.

Chamas da Vida, de Cristianne Fridman, com colaboração de Paula Richard, Renata Dias Gomes, Camilo Pelegrini e Nélio Abbade, é a novela das 22h da Rede Record de Televisão, a mesma do bispo. Do bispo!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

As melhores respostas

Depois de uma conversa com o taxista sobre o episódio da atendente fake da TIM, vou começar a colecionar as melhores respostas para estes golpistas que duvidam da nossa inteligência.

O taxista sofreu uma tentativa de golpe parecida, meliantes ligaram dizendo quetinham sequestrado a mulher dele. A resposta do cara? Segue:

"Mano, é o seguinte: a situação aqui em Taubaté tá preta. Vai ligar prum cara na rua ao invés de ficar incomodando seus colegas, firmeza?!"

E a resposta do bandido:

"Desculpe aí mano. As coisas tão ruins por aí? Que acontece, pegando rebelião?!"

E o taxista:

"Tá quase, tenho que desligar firmeza?!"

O bandido, achando se tratar de um colega do crime:

"Valeu mano, força aí!"

Mas é muita cara de pau mesmo!

Exagerado

Na imobiliária:

- Você sabe, a Vila Leopoldina está valorizando muito.
- Pois é, a minha mãe trabalhou na Mofarrej anos atrás e não se conforma com isso. Sabe o que ela me falou: "O que, a Leopoldina um bairro chique?! Tá bonito pelo menos?"
- Dizem que a Vila Leopoldina será a nova Vila Nova Conceição.
- Vila Nova Conceição?! O Cleide, eu já ouvi que seria a nova Moema.
- É, Vila Nova Conceição é mesmo exagerado mesmo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Traje a Rigor

"O CQC é um Pânico de terno e gravata."

De alguém do trampo, após matéria exibida sobre nosso querido local de trabalho.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Coisas que eu queria entender

Eu sei que a internet é a nova tecnologia, mas quando falamos de tecnologia, o futuro não exclui o passado. Por que certos sites insistem em não por o telefone? Por que os wbmasters da vida não poe endereço, telefone e cep logo? Em caso de imprensa, por que não poem o email e telefone do responsável? Para que estas frescuras todas, fazer você perder tempo procurando? Aff!

domingo, 7 de dezembro de 2008

A Ilha

Mesmo quando morei em NYC não me senti tão ilhada como me sinto hoje em São Paulo. Talvez porque lá era tudo novidade, então não tinha tempo para me sentir deslocada- ou sozinha. O tempo que lá eu tinha era para descobrir, curtir ou dormir, não necessariamente nesta ordem. Sabia que lá minha vida tinha uma hora para acabar, que eu não iria morar ali para sempre.

Hoje me vejo em São Paulo por tempo indeterminado. parece até que vou morrer aqui. Mas esta sensação me dá tristeza: fazia sentido eu me sentir uma estranha em NYC, já aqui... eu nasci aqui, estudei aqui, conheço um monte de gente aqui. Mas continuo me sentindo estranha.

Um exemplo: tenho respeito pelas regras. Se dizem que é às 9h, para mim é às 9h. Se dizem que vão ligar, é porque vão ligar. Mas pareço ser a única que pensa assim porque eu marco às 9h e as pessoas chegam 10h, mesmo quando não tem trânsito. O que acontece é o simples desprezo que as pessoas tem pelas regras.

Em NYC, meu telefone celular tinha dez números na agenda. Aqui tem quase 300. E tanto aqui, como lá, as pessoas também não me ligam. Parece que não sou importante para ninguém. A verdade é que as pessoas estão ocupadas com a própria vida e esquecem de se preocupar com os demais, como se não vivessem em sociedade. Como diz um amigo meu, as pessoas priorizam elas mesmas e 30% de seu círculo social. O resto, bem, o resto é resto.

E é assim que tenho me sentindo ultimamente, um resto. Dizem que os amigos é a família que você faz. Como não tive família, tive que me apegar a isso. Mas hoje vejo que não é bem assim: os amigos nem sempre estão dispostos a ser família, e vice-versa.

Ontem, uma amiga chorou muito em seu aniversário: nem seus próprios pais foram, ninguém telefonou. Foram apenas duas amigas (eu e mais uma). Ela gritava: "Que droga, minha vida se resume a isso? Nós quatro e um bolo pequeno?". Segundo ela, a mulher da doceria olhou com cara de pena porque ela teve que comprar o próprio bolo- ninguém foi capaz de comprar pra ela. Agora a vida se resume a isso: se você compra o próprio bolo, é um idiota, perdedor. Se tem quem compre, sorte a sua. A vida se resume a isso.

Minha outra amiga teve nenén. Ninguém ligou para saber se estava bem. Eu perguntei: "Deu tudo certo, o plano cobriu tudo?". ela: "Não, mas eu me virei. Ganhei meu dia por você ter perguntado." Sinceramente, não precisa ser advinho para saber que as pessoas precisam de ajuda quando alguém nasce- ou morre. Falei isso para uma amiga que disse que eu não tinha avisado que passava por dificuldades. Ela perguntou porque eu não disse nada. Falei: "Querida, pelo momento que eu to passando você não se tocou disso?"

No fundo, as pessoas perderam o senso. Como elas têm tudo, não sabe o que significa não ter. Por isso, nem se preocupam com quem não tem. Santa Catarina? Aff, só para se aparecer. Mesmo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

911

Há cerca de um mês, passei a receber um telefonema que dizia mais ou menos assim:

"Bom dia senhora, aqui é Fransciuellen e sou da operadora TIM. Queria passar uns dados sobre sua conta, mas preciso da confirmação do seu CPF."

Hã,hã, claro, Francisuellen. Vou passar mesmo os meus dados para uma menina com forte sotaque carioca, ligando de um número de celular que não existe (eu tentei ligar de volta). Eu liguei para TIM também, que me informou não ter nenhum call center no Rio de Janeiro e que não costuma ligar pros seus clientes com este tipo de roteiro.

A ligação se repetiu um, dois, três, vários dias. Eu xingava, dizia que chamei a polícia, fazia um auê. A mulher dizia que eu estava abalada e louca, que ela era da TIM sim e precisava do número do meu CPF. Ficava irritada e, quanto mais eu me enervava, mais eles ligavam, inclusive em horários impróprios, como às 8h11 da manhã todo santo dia.

Isso foi durante um mês. Até que tive a brilhante idéia de atender e responder assim:

"Olha, posso te ajudar em alguma coisa? Sou filha da Ivy, ela sofreu um acidente e está internada em estado grave na UTI."

A resposta?

"Por favor, quando ela acordar, peça para ligar pra a TIM no 0800 tal e tal."

Cara de pau da moça. Inteligência a minha: funcionou e eles pararam de me ligar.

Não, não adiantou. Hoje, eis que a Suellen, operadora da TIM liga com a mesma história querendo o número do meu CPF. Mas já tinha aprendido a lição:

"Suellen, sou Mariana, a filha dela. Minha mãe (no caso eu) faleceu semana passada e esta linha será desativada em breve."

Nunca imaginei que a cara de pau dos bandidos fosse tão grande. Sem me dizer "I´m sorry for your lost" ou qualquer coisa do gênero, a bandida, tentando se passar por uma verdadeira operadora da TIM disse:

"A senhora deve ir a uma loja TIM com o atestado de óbito da sua mãe, para cancelar a linha."

Eu aguento?!