terça-feira, 31 de março de 2009

Onde mora o coração



Não sou eu que escrevo os textos, os textos chegam até mim do jeito mais inesperado possível. Este que agora "sai" está na minha cabeça há semanas. A maior dificuldade era o título. Pensei em "O Portão", "A procura da felicidade" até que cheguei a este que está no topo, tirado de um filme com a Natalie Portman e a Ashley Judd. Nele, a personagem da Natalie é Novalee, uma menina que é abandonada grávida aos sete meses pela mãe e o namorado e acaba parindo no Wall Mart.

Enfim, este nariz de cera era só para dizer que a minha nova teoria, novamente baseada em uma experiência pessoal, é que a felicidade é um portão que as pessoas vivem a procurar. Mas, na maioria das vezes, todo mundo passa batido por ela, mesmo quando vivemos procurando.

Eu nasci na Lapa, mas fui concebida e batizada na Vila Leopoldina. A vida me levou para Osasco aos 8 anos e, desde aquela época, eu sonho com o dia em que iria ter a minha casa própria e que ela seja recheada de paz, coisa que nunca tive em casa. E foi por isso que viajei o mundo inteiro, para procurar esta paz que eu nunca tive, para entender o que era um lar.

O primeiro que encontrei foi no Queens. Lembro que quando cheguei em Nova York, tudo o que eu queria era não morar com brasileiros. Achei uma república de franceses, achava que iria viver como no Albergue Espanhol. E com todos os fatores que a maioria das pessoas- e inclusive eu- dava importância como ser cercada de pessoas cultas e viajadas não deu em nada. Os franceses eram uns cretinos e eu consegui sofrer lá o tanto quanto sofri em Osasco.

Do nada, fui parar no meio da colônia de brasileiros em Astoria. Lá, pessoas simples, em especial uma manicure e um taxista me acolheram. Eu não queria morar com brasileiros, queria ter uma experiência cosmopolita, afinal, estava em Nova York! Ao invês disso, tive uma das melhores experiências da vida: uma família. Ali, nós, três brasileiros de origens tão distintas, formamos um verdadeiro lar, cheio de paz. Até hoje, morro de saudades daquela rotina: chegar do trabalho, fazer janta e assistir à Senhora do Destino, importada diariamente pela Globo Internacional.

De volta ao Brasil, quatro anos depois da minha primeira experiência de paz em casa, me vi de novo perdida na vida. Solta no mundo, sem ter para onde ir. Do nada, fui parar em um lugar que nada tinha a ver comigo. E aí que eu sofri mais que em Osasco: eu sabia que a vida poderia ser diferente, sabia que era possível viver em paz dentro de casa.

Foi então que passei a procurar um lugar para ficar em paz. Mas achava que nunca mais teria a sorte de viver em família como vivi naqueles dias frios de Nova York, que na minha memória ficaram marcados pelo calor que meus amigos me deram.

Quando visitei minha madrinha no final do ano passado, ela me levou para dar um passeio no bairro. Nunca me imaginei morando na Vila Leopoldina novamente, mas a vida dá voltas e voltei aonde tudo começou, right back where it started from. Passamos na frente de um portão amarelo e feio. A madrinha disse: "Quer ver esta casa?" e falou o preço do aluguel, bem convidativo. Achei o portão muito feio e passei direto.

Aí a situação piorou e não tive outro jeito a não ser procurar com mais afinco um novo lugar para morar. Desta vez fui para internet e, para minha surpresa, a casa que passei sem sequer dar uma chance, estava lá. Paguei para ver. E vi. Passado o portão feio, um corredor esquisito. Depois, era tudo bem bonitinho. A casa era pequena, mas cabiam todas as minhas coisas. Estava bagunçada, mas nada que eu e Alê Bahia e eu não déssemos um jeito.

Além de ter ficado arrumadinha, a casa me trouxe outras surpresas. Dos três outros vizinhos que estavam no quintal junto comigo, dois revelaram-se incrivelmente incríveis. E nós nos demos tão bem, mas tão bem que hoje o meu sonho não é ter minha casa própria e sim três, uma do lado da outra, para que nós continuemos vivendo juntos para sempre. Este sonho, claro, não é só meu: nós três queremos continuar perto uns dos outros.

Enquanto em São Paulo ninguém sabe o nome do vizinho, nossa vila é a versão real do Friends. Além de compartilhar todas as dores e delícias, dividimos também as contas e a comida. Somos uma família- e moramos juntos há apenas um mês. Hoje, nossa vida é fazer churrasco e beber cerveja dando risada. E agradecer a Deus por tanta paz e afeto que finalmente encontramos dentro de casa.

Quando lembro que passei direto pelo portão pela primeira vez que vi, penso como fui besta. E vejo o quanto a gente julga mal as pessoas e as coisas pela aparência. Em como usamos critérios sem sentido para fazer nossas escolhas. E do quanto andamos desatentos pela vida. Parei para me perguntar: quantas vezes eu passei batido pela felicidade?

Voltando ao portão, além de ser feio ele também é duro e emperra. Muitas vezes a felicidade, além de se mostrar fora dos padrões que queremos, é dura e está emperrada, a gente tem que fazer força para abrir. Tem que lutar para entrar, passar por um corredor estreito e escuro para achar um cantinho quentinho e seguro que parece que foi feito para gente.

Falei desta metáfora com uma amiga. O portão pode ser um cara que não seja seu tipo mas acaba sendo um excelente namorado. Ou é um cara com alguma limitação, que é totalmente diferente daquilo que você sempre procurou, mas te faz feliz. Ou pode ser um emprego que você não dava nada e te leva para um lugar nunca esperado, muito melhor.

As regras da vida somos nós que fazemos. Mas temos que ter sempre em mente que regra usar, quando ela deve ser flexibilizada e, por fim, descartada. Os nossos preconceitos são justificados como um mecanismo de proteção: muitas vezes, eles nos afastam do que há de melhor. Cabe a cada um saber julgar o que é bom para si, sem se preocupar com os valores que a sociedade e nós mesmos nos impomos. E isso, só quem sabe dizer é mesmo o nosso coração, músculo involuntário que, quando consultado, é capaz de dizer onde está o endereço desta tal felicidade.

P.S.: Dedico este post para Lidiani e Willian, minha família mais querida.
P.S.2: Dedico ainda este post aos meus vizinhos, que me deram um novo fôlego para viver. Em especial ao Fernando, irmão número oito e Henrique, o nove.
P.S.3: Esta foto foi tirada no Wet and Wild, primeira viagem que fizemos juntos.

Profundidade

Entre amigas, a seguinte conversa:

- Mas é porque, no fundo, ele gosta de você.
- Eu não quero que ele goste de mim no fundo, quero que ele goste no raso mesmo. O fundo não me interessa nem um pouco porque eu não sou mergulhadora e nem cientista para ir a fundo em qualquer coisa.
- Verdade, o negócio é o amor na profundidade de um pires.
- Isso mesmo.

Sigthseeing

Chegou um menino de Brasília para trabalhar aqui. Como ele não conhece nada e nem ninguém aqui, disse que iria levá-lo para fazer um tour por São Paulo. Procurei e não achei nenhuma empresa de sightseeing. Por isso resolvi eu mesma criar um roteiro para levar o menino. Os principais pontos seguem abaixo, mas eu aceito sugestões:

1) Minhocão. O tour poderia começar pelo lindo Elevado Costa e Silva, mostrar a beleza daqueles prédios em volta, o trânsito que se acumula na região. O passeio incluiria a vista por cima e por baixo (leia-se São João) da Minhoca gigante. Pensei em começar a explicação como "Esta obra é de autoria do doutor Paulo Salim Maluf e blablabla."

2) Marginal Tietê sentido zona leste`às 18h30 de uma sexta-feira qualquer, antes da chuva, para o rio feder bem. Não precisa nem de explicação né?

3) Borba Gato. Escolhi esta bela escultura que faz parte da história de São Paulo não pelo seu conteúdo (a vinda dos Bandeirantes e tals) mas porque está bem perto de outro ponto do tour...

4) Largo 13. Como o nome mesmo diz, é 13. Não gente, 13 não é o número do azar, nem do Zagallo, nem do PT (ai Deus, não façam associações precipitadas) mas é que na gíria policial significa bizarro, demente...

5) Que sanduíche do Mercadão que nada, o negócio é comer um Big Mac no Center Norte, shopping mais paulistano de todos.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Melhor do Ano

"Jornalismo é uma excelente profissão desde que abandonada a tempo.°
Ernest Hemingway

sábado, 28 de março de 2009

Matemática



Eu sempre odiei matemática. Desde a primeira série, cursada na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Di Cavalcante, minha afinidade era com as letras, não com os números. Eu pensava que se tinha sopa de letrinhas e era uma delícia (ah Galinha Azul, quantas saudades) e não tinha a de números era porque as letras eram mais legais.

Apesar da ojeriza aos números, tem algo na matemática e nas ciências exatas em geral que me fascina: eu amo teorias. E sempre estou inventando uma. Tal e qual Isaac Newton que sentiu a maçã cair em suas cabeças, eu tenho idéias de teorias mirabolantes em verdadeiros estalos, totalmente inesperados.

Pois bem, a teoria que apresento a seguir surgiu depois de uma conversa com uma pessoa muito amada, que estava prestes a se casar. Ela me contou que quando entrou na faculdade de engenharia, conheceu dois rapazes interessantes. Namorou um deles por quatro anos. Ela queria se casar, ele não. Separaram-se e pouco tempo depois ela se viu enamorada com o outro moço que conheceu no primeiro dia de aula.

Sem calcular nada, os dois se apaixonaram. E se casaram. E conseguem ser ao lado um do outro as pessoas mais felizes que já vi na vida. Ela teve uma história difícil, ele também. Os dois que se conheceram calouros levaram um curso inteiro para se amar. As alianças foram trocadas com o diploma já na parede.

Ela, engenheira prática e racional, não se lamentou de ter escolhido o outro pretendente no começo da faculdade ao invés do marido. Disse isso quando comentei a curiosidade da história, ela poderia ter ficado casada desde o primeiro minuto dos estudos. Afinal, não era ele o amor da vida dela? Por que ter perdido tanto tempo?

Foi então que ela explicou que não perdeu e sim ganhou tempo. Que se tivesse começado a namorar o atual marido naquela época, o relacionamento estaria fadado ao fracasso porque ela não estava preparada para amar e ser amada como hoje é. Não estava preparada porque nunca tinha tido um relacionamento sério.

A partir daí passei a desenvolver a teoria do The Zero: nós, mulheres, estamos sempre procurando o The One, o grande amor de nossas vidas. Mas nem sempre estamos preparadas para eles. Conheci o meu The One aos 17 anos. Ele tinha 20. Ou seja, éramos duas crianças tentando amar um ao outro, mas não tínhamos força ou preparo para isso. Nos perdemos um do outro para sempre pelo simples fato de não estarmos prontos um para o outro, de não estarmos pronto para o amor. Não falou amor, carinho e respeito, isso a gente tinha para uma vida inteira: nós não tínhamos era experiência para saber lidar com aquele sentimento tão forte e tão poderoso.

O amor é a mesma coisa que um emprego. Se me chamarem hoje para substiuir a Fátima Bernardes no comando do Jornal Nacional é CLARO que não vai dar certo. E quem não quer sentar ao lado daquele gato do Willian Bonner no dream job de todo jornalista? Claro que eu também quero, mas não tenho preparo para isso. Aqui cabe um parênteses: preparo não é sinônimo de competência. A gente pode até ser competente e talentoso, mas sem a experiência e o preparo não somos muita coisa.

Assim é com o amor: não podemos encontrar o The One antes passar pelo The Zero. Temos que amar, ser amados, aprender, quebrar a cara. Aquele ditado de "enquanto não encontra o certo aprenda com os errados" resume bem esta minha teoria do The Zero. Todos nós temos o direito de sonhar em ocupar uma vaga na bancada do Jornal Nacional porque sonhar não custa nada, mas realizar o sonho depende do trabalho e do esforço de cada um de nós, além da sorte, claro. Quantos empregos a Fátima Bernardes não teve que passar, quanto ela não teve que ralar para chegar onde está? Idem é o amor, temos que batalhar por ele em um, dois, três e quantos mais forem necessários.

Não quero dizer com tudo isso que o amor é um jogo de tentativa e erro. Como diz uma música do Maroon Five, "it is compromising that moves us along". O amor precisa de compromisso e dedicação tanto quanto um emprego. Você trabalha no jornal de bairro e quer trabalhar na Globo? Vai ter que ralar- e muito. E com o amor é do mesmo jeito, temos que passar por muitas fases até chegar ao verdadeiro.

Para nós, mulheres educadas a base de contos de fadas, isso fica mais difícil porque a gente quer o The One para ontem. Isso é meio óbvio porque nas histórias das princesas, nunca ninguém falou quantos namorados a Branca de Neve teve antes de encontrar o seu príncipe. E a gente sempre achou que ela teve só um. Hoje eu acho que não só ela, como a Cinderela, a Bela e todas as outras tiveram é que beijar muitos sapos antes, isso sim. O amor não vem de graça, no pain, no gain.

Por isso que modelei a teoria do The Zero: para que a gente passe a procurar o número zero ao invés do número 1. Até eu que sempre passei raspando em matemática sei que o zero vem antes do um...

P.S.: A foto deste post é do filme Good Luck Chuck. Nele, o personagem central, Chuck, é um The Zero profissional: depois que ficam com ele, todas as mulheres encontram o The One de suas vidas- tem uma cena em que a mulher está dando para ele e olhando revista de vestido de noiva...

Ser Repórter, parte IV



No Pacembu, esperando a chegada de Gordon Brown, discutindo com um diplomata que não queria me deixar cobrir a visita do primeiro-ministro britânico:

- But you are not to going to tape. You wll not able to hear anything he says. You are not to going to ask any question. You can see the images after. Why you want to go inside so badly?
- Because this is what I do. It is to be there that the society pays me for. To report what I see, what I feel, what I hear.


And I did this:

Gordon Brown diz que ele, Obama e Lula querem ajudar o povo a superar crise atual

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O primeiro-ministro britânico Gordon Brown afirmou hoje (26) que está determinado a ajudar as pessoas a manterem seus empregos, suas casas e sua segurança. “Eu conversei com o presidente [dos Estados Unidos, Barack] Obama e com o presidente Lula e estamos determinados a ajudar as pessoas”, disse Brown, durante uma visita ao Museu do Futebol, em São Paulo.

Brown afirmou que está confiante em que os países que participarão do G20 “estão dispostos a trabalharem juntos. A prioridade é uma agenda global. Lula tem uma agenda definida, mas ele quer trabalhar com o restante do mundo”, disse Brown.

Ao ser questionado quais serão as conseqüências, se a reunião do G20 (dia 2 de abril, em Londres) não der certo, Brown respondeu que “não tem como não dar certo, quando as 20 maiores economias do mundo se reúnem querendo um mesmo objetivo”.

Segundo a diretoria do Museu do Futebol, Brown tomou conhecimento da existência do espaço e fez questão de visitá-lo. Acompanhado pelo ex-jogador Sócrates, o primeiro-ministro britânico ficou fascinado com o espaço e o estádio do Pacaembu. “Que estádio incrível que vocês têm”, disse.

O diretor do museu, Leonel Kaz, entregou uma camiseta da seleção brasileira, com o número 10 e o nome de Gordon Brown. No tecido também estava escrito “Museu do Futebol”.

O primeiro-ministro ficou contente ao ver a foto do brasileiro, de origem inglesa, Charles Miller, engenheiro que trouxe o futebol para o Brasil. Kaz explicou que a foto foi tirada no mesmo dia em que a princesa Isabel autorizou a primeira partida de futebol no país, em 1878.

Brown questionou se as regras do futebol brasileiro são as mesmas do futebol inglês. Kaz explicou que as regras são todas as mesmas, estabelecidas pela Fifa.

Foto:Valter Campanato/ABr

terça-feira, 10 de março de 2009

Dia 10



Hoje, dia 10, é dia de pagamento. Tem também o dia 5, mas o 10 é mais famoso, né? Tudo isso para contar a seguinte história:

- Nossa, já é dia 10 e estou sem dinheiro.
- Seu dinheiro é do tipo que fala? Que fala tchau? (risos)
- Não, ele é do tipo mal educado mesmo, vai embora sem se despedir. Quando vou procurá-lo no banco, pronto, ele já foi.
- Nossa, é mal educado mesmo.
- O pior nem é isso, é que ele, além de mal educado, é ingrato: não manda notícias, nem um cartão postal sequer. E olha que eu morro de saudades dele.
- Este é cruel mesmo. Meu filho, fiquei com dó de você. Tome aqui estas moedas.
- Nossa, moedas...
- Que que tem?
- Até nisso as mulheres são mais legais que os homens. Veja as moedas, por exemplo: estão sempre por perto, quando você precisa. Servem de migalhas, vivem jogadas...
- Mais respeito heim?
- Não leve a mal, por favor. Como iria dizendo, as moedas são mais educadas que o dinheiro, elas sempre ficam por ai, nunca vão embora, quando vão, é você que as manda e assim se despedem.
- Não tinha pensado nisso.
- Pode reparar que sempre tem uma moeda amiga que te salva na hora que você precisa.
- Estas moedas...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Muuuu...

- Por que vocês têm tanto prazer em chamar as outras mulheres de vaca?
- Não temos não.
- Tem sim! Vocês enchem a boca pra falar que a fulana é uma vaca.
- E o que o senhor me sugere então?
- Eu não to sugerindo nada. Vocês, mulheres, têm prazer em chamar as outras de vaca, falam com a boca cheia de prazer. Quando chamam as outras de galinha, o tom não é o mesmo.
- Meu senhor, não sei porque o senhor acha isso e não tenho como explicar porque as mulheres têm prazer em chamar as outras de vacas.
- Você é mulher, você deveria saber.
- Sim, eu sou mulher, mas além de não ser, também não ando com vacas.
- Você anda com quem então?
- Como eu moro na cidade, ando com gente. Agora talvez estas aí que o senhor se refere sejam camponesas, né?
- Elas são da cidade como você.
- Elas podem até ser da cidade, mas não são como eu.

domingo, 8 de março de 2009

Já que não dá para fugir da data III



Faltando cinco minutos para o aniversário da minha amiga chegar e o Dia Internacional da Mulher acabar, vou tentar dar uma de José de Alencar e em cinco minutos filosofar.

Me lembro de quanto era criança, devia ter uns seis, sete anos e a minha mãe me levou flores na casa da vó Lourdes, a senhora que cuidava de mim enquanto ela trabalhava para me sustentar e estudava Direito para depois advogar. Era 8 de março e ela me trouxe rosas amarelas, dizendo que aquele era o meu dia e a gente deveria comemorar com as rosas preferidas dela, que ser mulher era uma dádiva e estes blablablas todos.

Mais tarde, no shopping Iguatemi, auge da adolescência em Salvador, não ganhei rosa da promotora de vendas porque eu não era mulher. Era o que então? Era menina! E, daquele dia em diante, vi que eu queria ser uma mulher. Hoje, com 27, ainda quero dar um jeito de ser menina, enquanto a idade já quer me "maturizar".

O que entendi ao longo destes poucos 27 anos que o legal mesmo é ser do sexo feminino, gênero este que compreende a beleza e o encanto das meninas e a sensualidade e o charme da mulher, tudo isso intercalado em fases regidas por hormônios, sob o mistério desta nossa condição que nem nós sabemos explicar, da nossa cabeça que todo mundo tenta entender e que os homens não se cansam de teorizar.

Para mim, ser mulher é ter opção. Enquanto para os homens cabe o papel do macho e do provedor, podemos nos dar o luxo de sermos mocinhas como a Regina Duarte ou mulher guerreira como a Maria do Carmo Ferreira da Silva, a nossa senhora do destino, podendo passar por tantas coisas mais. Hoje nossos papéis vão de protagonistas a coadjuvantes, pondendo ser a vilã ou a santinha. A vida moderna trouxe novos roteiros para nossa novela real e agora cada uma pode ser quem se é.

A maioria de nós, entretanto, não se satisfaz com um papel só e tenta viver dois, três ou quantos personagens puder. Queremos- e somos- independentes, lutamos de igual para igual no mercado de trabalho, mas não deixamos de cuidar da casa, dos filhos, da beleza sem esquecer da revisão do carro e do conserto da máquina de lavar.

Por isso, o que queria deixar de mensagem para estas mulheres que hoje me lêem é o seguinte: o palco da vida nos permite ser quem nós quisermos, só não vamos ser homens, por favor! A minha amiga disse que não sabia se ligava para o pai perguntando de um barulho do carro para parecer independente. Na minha sincera opinião, a gente não precisa ficar restrita ao forno e ao fogão, mas não podemos excluir o sexo masculino de nossas vidas. Somos sim, auto-suficientes quando reconhecemos que precisamos de alguém, nem que este alguém seja do sexo oposto.

Muitas de nós encararam a modernidade como uma masculinização e não é bem assim. Porque, na minha opinião, o mais legal de ser mulher (entre tantas coisas, naturalmente) é poder ser mulher perante a um homem. Seja deixar que ele puxe a cadeira do restaurante, troque o pneu do seu carro, instale a torneira, traga flores e faça elogios. E que, acima de tudo, nos ame, nos respeite e nos dê muito, mas muito carinho porque sim, nós merecemos!

terça-feira, 3 de março de 2009

Mééééééé



Uni, o inesquecível unicórnio do desenho °A Caverna do Dragão°, concedeu esta entrevista à repórter Ivy Farias Santos, aluna do 1 JO C, onde esclareceu temas polêmicos como a sua sexualidade e o seu caráter.

Ivy- Uni, você, de unicórnio mesmo, só tem chifres. Onde estão suas asas?
Uni- * Eu sou um filhote de unicórnio, por isso não tenho asas. Os unicórnios adquirem asas lá pela idade adulta, com 10.000, 15.000 anos.

Ivy- E quantos anos você tem?
Uni- Sou considerado bebê, só tenho mil anos.

Ivy- Mas e o seu chifre? Qual a idade certa para nascer um chifre?
Uni- Depende da raça (risos). Os humanos, por exemplo, adquirem quando começam um relacionamento amoroso (risos). Nós, unicórnios, já nascemos com chifre, mas ele cresce aos poucos.

Ivy- Quanto maior o chifre maior o status?
Uni- Sim, um chifre grande significa ser velho e evoluído.

Ivy- Seu chifre parece grande.
Uni- Ele não é grande, só que é firme.

Ivy- Como você faz para deixar seu chifre sempre ereto?
Uni- Eu como capim e bebo muita água.

Ivy- Mudando de assunto... e a sua relação com Bob (outro personagem do desenho)?
Uni- Somos apenas bons amigos.

Ivy- Apenas bons amigos?
Uni- Entendi o que você quis dizer (bravo). Eu não sou gay! Não posso ser gay porque sou um unicórnio. Unicórnios são assexuados.

Ivy- E você é do mal?
Uni- Isso é... (silêncio). Isso é uma calúnia, só o que posso dizer. Eu sou do bem, nunca prejudiquei ninguém: os meninos só não voltaram para casa por incompatibilidade dimensionais. Pergunte para o Mestre dos Magos para você ver. Só para ter uma idéia, o Vingador (Vingador é o inimigo dos garotos perdidos) me odeia. E não quero falar mais nada, acabou a entrevista.

* Traduzido do Méééééé para o português.

* Esta entrevista tem 10 anos.