quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Quantos funerais você atendeu este ano, Ivy? A pergunta do meu irmão me deixou passada quando estava próxima de atender ao quinto, em abril. Nenhum, graças a Deus, era meu amigo. Era amigo do meu pai. Pai da minha amiga. Amigo da minha amiga. Alguém da igreja. Eram quatro, estávamos em março. Chegou dezembro e a chuva cai. Resolvi desenterrar este blog enquanto espero a noite passar para enterrar o meu amigo. MEU AMIGO. Não é amigo de ninguém. Não vou representando ninguém. Lá vou eu, prestar minha última homenagem para o MEU AMIGO. Amigo de faculdade. Trocávamos cartas e aspirações literárias. Gostávamos de rir da vida. Eu, para variar, era a única mina. Nós éramos os trutas. Galera louca, do skate. Crescemos juntos. Cada um em seu caminho, mas juntos. Separados, mas juntos. Não posso dizer que a morte nos separou pois a vida já tinha feito isso há tempos, quando um AVC o colocou em uma UTI. Sinto pelo talento que ele não usou, pelo tempo que ele não viveu. É normal ir a funerais de outros mas terrível ir aos seus. DO SEU AMIGO. O outro amigo morreu quando estava na Europa. Até hoje não superei. Encontrei o pai dele na Câmara dos Deputados e fingi que não conheci. Não era medo, era tristeza. Não era vazio e sim saudades. Promessas que (ainda) não cumpri. O ano que vem entrego o luto. Agora é minha vez. Não tenho desculpas e estou tentando dar desculpas para mim mesma. De não ir, pois ele é um menino e menino não morre. Meninos vivem. Every me and every you. Ever me and ever you. Thank You Lord. I´ve been friends of Osmar. See you in heaven, truta.