terça-feira, 24 de maio de 2011

Please


São Paulo, Brasil

Para Elaine, com o pedido de muito mais amor neste mundo!

sábado, 21 de maio de 2011

O Brasil mostrando a sua cara



O autor é o mesmo. Os atores são os mesmos. A trilha sonora e o encerramento das cenais finais são os mesmos. Mas o Brasil... quanta diferença! Hoje o telespectador pode ver dois países diferentes na TV: de um lado, Vale Tudo (1988) e, do outro, Insensato Coração (2011), ambas de autoria de Gilberto Braga, conhecido como retratista da realidade brasileira corrente.

Se em Vale Tudo, exibida pelo canal Viva na TV a cabo, a jovem protagonista de Glória Pires, Maria de Fátima, sonhava com a Europa, em Insensato Coração a igualmente mocinha Marina interpretada por Paola Oliveira troca Milão pelo Rio de Janeiro em busca de um promissor mercado para o seu escritório de design.

Com Antonio Fagundes a mudança foi ainda mais brusca nestes 22 anos: de funcionário ele se tornou um self made man, homem que fez a própria sorte como empresário. Os diálogos em inglês e em francês dos vilões de Vale Tudo, sempre regados a whisky e foie gras, foram substituídos pelo cozido e a cerveja em um bar na Lapa durante um encontro romântico dos mocinhos.

Fica claro as diferentes realidades econômicas e sociais dos brasileiros. As mudanças são evidentes: ao invés de começar a contar a história em outros países, recurso tão recorrente da dramaturgia brasileira, Gilberto Braga viaja para Florianópolis no começo da segunda década dos anos 2000.

No Brasil de 88, os personagens fumam, soltam o verbo e falam os mais abusados impropérios, como “que horror é descer no Galeão e ver a Ilha do Governador”. Agora, na era do politicamente correto, até na ficção está a campanha pela prática de esportes e uma vida saudável.

Fica até divertido imaginar como se comportariam as criaturas de Gilberto Braga nestes diferentes cenários. Seria possível visualizar a ex-participante de um reality show como a Natalie Lamour de Deborah Secco dando entrevista para a engajada repórter vivida por Lídia Brond na revista Tomorrow? Aliás, fica praticamente impossível pensar em um perfil de uma figura destas em uma publicação alto nível como a dirigida pelo jovem cheio de idéias de Marcos Palmeira, o redator Mario Sergio.

O mais interessante, entretanto, é ver nitidamente como a economia brasileira cresceu e se fortificou até mesmo na telenovela. Em Vale Tudo, a mocinha desempregada interpretada por Regina Duarte tem que se virar vendendo sanduíche na praia para sobreviver. Viajar para os Estados Unidos era coisa de muito rico, como Odete Roittman, dona de uma companhia aérea.

Em Vale Tudo, as tramas são baseadas na ascensão social dos personagens- alguns por vias éticas, outros nem tanto. Os conflitos, ao contrário da maioria das novelas, não são de natureza puramente amorosa e sim moral. Hoje, com o país em franca expansão econômica, ninguém mais quer ver a luta de um filhinho de papai tentando se encaixar na empresa da família: agora que o pão é farto na mesa, o brasileiro quer ver mesmo quem fica com quem.

Seja às oito ou às nove, Gilberto Braga continua sendo expert em responder a uma velha questão: afinal, que país é este?

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Driving on the Memory Lane

Como é (ou não) conhecimento de todos, daqui a exatos 30 dias eu faço 30 anos. Quando se tem 30 anos e não é presidente de multinacional, doutora em Harvard ou na Sourbonne, tem um marido, uma penca de filhos (vai, pelo menos um) você realmente começa a ser sabatinada com perguntas do tipo: "Não casou por quê?" ou "Você não apresenta o Jornal Nacional, deve ser um horror sua vida, não?". E para que ninguém me encha o saco com esta história de 30 anos eu mesma vou começar a encher o meu próprio saco publicamente neste espaço com esta história de ter 30 anos nos próximos 30 dias.

CENA 1. Int. Noite. Telefone toca e AMIGO VIZIONARIO está do outro lado da linha.

AMIGO VIZIONARIO: Oi, você me ligou?

IVY: Liguei sim, para pedir dinheiro, você tem para me dar?

AMIGO VIZIONARIO: Não, não tenho, mas como anda a vida por sinal?

IVY: Tá bem, aliás, eu voltei a escrever no meu blog.

AMIGO VIZIONARIO: Vou voltar a ler o seu blog, então.

IVY: Ah, falando nisso, adorei o seu post Thirty Tomorrow.

AMIGO VIZIONARIO: Pois é, 30 anos.

IVY: Ah, não fica assim, daqui a um mês será a minha vez de fazer 30 e eu nem tô ligando. E olha, vou te falar uma coisa: você não tem o menor direito de ficar reclamando da vida porque você tem 30 anos e é homem, pior sou eu que até hoje fui enquadrada na categoria de sei lá o que e, a partir do mês que vem, vou estar na categoria das femmes de 30.

AMIGO VIZIONARIO: Nossa, é mesmo, em um mês você será balzaciana, dizem que esta é a melhor idade da mulher, que ela está mais exuberante e...

IVY (cortando): Ah, meu bem, qualé? Pra cima de moi com este papo? Você tem é que ficar se auto-elogiando, dando graças a Deus pelo fato de não terem escrito nenhum livro estúpido com um título destes, que provavelmente você vai ganhar de aniversário e, pior, muito pior, vão te cobrar que leiam enquanto eu prefiro ler coisas mais importntes, como as tirinhas dos Peanuts.

AMIGO VIZIONARIO: Se você quer pensar assim então...

IVY: E eu tenho outra alternativa?

O assunto muda para as novas diretrizes políticas do Brasil, emprego e comida. Fade out.

Etiqueta sentimental online



Eu li uma vez na Capricho que não tinha coisa pior no mundo que uma garota poderia fazer no quesito paquera online do que ficar entrando e saindo do MSN várias vezes para chamar a atenção do gajo. Assim, não teria como ele não ver que você estava online e ele seria obrigado a falar com você, nem que fosse para perguntar se tinha algum problema com a sua conexão.

(Foi aí que eu constatei duas coisas, uma boa e uma ruim: a boa era que eu não era a única no mundo a fazer isso e a ruim é que provavelmente as pessoas que fazem isso no mundo são adolescentes e de nada adiantou você viver três décadas já que continuo com um pensamento juvenil no que diz respeito aos homens).


Tudo bem, passa o tempo e, um dia, você se encontra do outro lado da tela, desta vez como uma pessoa que está escrevendo no seu blog e vê que o único homem que você foi capaz de amar no mundo- e ainda ama- está entrando e saindo do MSN a cada doze minutos (aproximadamente).

Questão da OAB-04/2011. Diante destas circunstâncias e analisando o conteúdo e forma da publicação citada você conclui que:

a) Ele está agindo do mesmo jeito que você para chamar a sua atenção (logo tem um raciocínio de garoto de 20 anos);
b) A conexão dele realmente tem um problema;
c) Ele está agindo do mesmo jeito que você para chamar a atenção de outra (mesmo que sejam 2h06 da manhã e as pessoas normais, coisa que você definitivamente não é, dormem à noite então ele só pode estar tentando chamar a sua atenção).
d) Ele está agindo do mesmo jeito que você para chamar a sua atenção e portanto vai falar com ele, perguntando qual o servidor que ele usa, já que você constatou que a conexão dele realmente tem problemas e você, que estava pensando em mudar de servidor, não quer contratar um fornecedor como este de jeito nenhum!
e) NDA.

Imagem não é nada

Cena 1. Int. Noite. Sala da casa da AMIGA INTELECTUAL 1. IVY, AMIGA INTELECTUAL 1 e AMIGA INTELECTUAL 2 estão conversando sobre assuntos intelectuais e a TV está ligada. AMIGA INTELECTUAL 1 começa a trocar de canal. IVY vê Luciana Gimenez na telinha.

IVY: Nossa, ela voltou?

AMIGA INTELECTUAL 2: Voltou de onde? Ela tinha saído?

IVY: Ela tava de licença-maternidade.

AMIGA INTELECTUAL 1: Olha, o Bolsonaro!

Um constrangimento absurdo toma conta da sala. Silêncio. Todas olham para TV visivelmente constrangidas. AMIGA INTELECTUAL 1 quebra o gelo:

AMIGA INTELECTUAL 1 (sem graça, mas com voz no tom de que TEM QUE DIZER) : Até que este Bolsonaro é gatinho...

IVY: Tirada as circunstâncias até que ele daria um bom caldo...

AMIGA INTELECTUAL 1: Eu mesma não conhecia o rosto dele, só lia as coisas pela internet, né? Não sabia que ele era assim.

AMIGA INTELECTUAL 2: Eu também não.

IVY: Nem eu.

AMIGA INTELECTUAL 1: Ouvi dizer que estes homens do Exército hoje estão, vamos assim dizer, bem mais gostosos...

AMIGA INTELECTUAL 2 e IVY (em coro): O que, ele ainda por cima tem farda?!!

Grandes risadas sem-graça tomam conta da sala afinal, quem diria, três intelectuais ao invés de discutirem as questões do país, ficam falando que a figura mais polêmica do Twitter é um gato! E ainda tentam imaginar com a farda! Que absurdo!

Sem farda...



E com farda...



IVY (pensando): Se as intelectuais pensam assim, como será que as nãos intelectuais pensam? Será que elas também acham que o Bolsonaro daria um bom caldo? E mais: será que elas também tem um pouco de vergonha de achar isso?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Bonde do Tigrão

Cena 1. Nancy (França). Dia. Int. Duas amigas conversam dentro do carro.

AMIGA BRASILEIRA QUE MORA NA FRANÇA: Ivy, você vai querer me visitar no trampo amanhã?

IVY: Vou, como eu faço para ir?

AMIGA BRASILEIRA QUE MORA NA FRANÇA: Pega o bonde lá perto de casa e desce no ponto final.

IVY: Bonde? Como assim bonde, menina? Tá doida?

AMIGA BRASILEIRA QUE MORA NA FRANÇA: Ivy, a doida aqui é você. Você pegou o bonde ontem e ele não estava andando que eu vi.

IVY: Ah? Ontem? Não, ontem eu peguei o tram pra ir pra sua casa.

AMIGA BRASILERA QUE MORA NA FRANÇA: Ivy, tram é bonde, bonde é tram. Você não fez a tradução simultânea porque, na sua cabeça, bonde são aqueles dos contos do Machado de Assis. Como no Brasil acabaram os bondes, você não viu a evolução deles e por isso não reconheceu o tram como bonde.

IVY (meia zonza): Ah?

AMIGA BRASILEIRA QUE MORA NA FRANÇA: Ivy, o Santos Dummont não inventou o 14 Bis?

IVY (com cara de quem não entendeu): Sim.

AMIGA BRASILEIRA QUE MORA NA FRANÇA (procurando um papel para desenhar): Então, mas você não veio de 14 Bis pra cá, certo? E o 14 Bis não deixa de aer avião, assim como o Airbus. O mesmo aconteceu com o bonde, ele evoluiu e ficou deste jeito que é hoje. Mas o tram é mesmo um bonde, acredite em mim!!!

IVY: Tá bom.

Cena Dois. Nancy (França). Ext. Dia. IVY está andando na rua para pegar o tram, que ela ainda não acredita ser o bonde. Olha no ponto e vê uns ferrinhos no asfalto.



IVY(pensando): Seriam trilhos?

IVY pensa mais um pouco e escuta uma campainha soando ao longe. Olha pro alto e vê os dois ferrinhos no alto do tram.



IVY (pensando): Meu Deus, é mesmo um bonde!!!!!


IVY (ainda pensando): Eles eram assim...



Lisboa, Portugal

IVY (continua pensando): E ficaram assim! Como foi que eu não percebi antes?




Genebra, Suíça


IVY fica pensando que é muito triste não ter mais bondes no Brasil e que sua AMIGA BRASILEIRA QUE MORA NA FRANÇA poderia ter lhe poupado um pouco e não contar que o bonde do Machado de Assis agora é o tram. Como ela vai imaginar os contos Machadianos agora? Delírios?

PSC: Não tirei fotos dos bondes franceses porque fiquei muito chocada com a informação. Mas os bondes franceses são iguaizinhos aos da Suíça que aparece nas fotos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Há vagas



Tenho visto, com uma certa frequência, muitas pessoas que já passaram dos 60 e não pararam de lutar. Aqueles amigos de 68 ainda estão por aí, com a corda toda, lutando pelo que acham certo.

Do outro lado vejo um bando de jovens assistindo à novela do SBT dizerem que o Brasil bom era o daquela época, porque os jovens tinham uma causa para lutar. Como assim, tinham? Quem disse que hoje não tem mais?

Semana passada um grupo de velhinhos que participaram da Resistência Francesa foi às ruas para falar com os jovens, dizendo que a guerra, ao contrário do que se pensava, não tinha sido ganha. Havia muita batalha a travar e, por batalha, eles consideravam, entre outros o aquecimento global. Quer dizer, os velhinhos que combateram Hitler estão mais preocupados com o aquecimento global do que os jovens.

Fiquei pensando nisso tudo e cheguei à conclusão que há sim vagas para todo aquele que quer lutar. Lutas, infelizmente, não faltam e nunca acabam. Há os maus tratos e testes em animais, preço alto da passagem, mais ética na política, melhor atendimento médico e, a minha favorita de todas, o amor.

Sim, para mim o amor é uma luta e eu luto diariamente por aqueles e por aquilo que eu amo. Olhando pro mundo hoje, sinto falta daqueles que lutam por seu amor, seja amor à vida, ao namorado, o próximo. Qualquer briguinha e pumba, já se desiste da potencial cara metade. Amor é uma luta sim, luto para amar e continuar sendo amada.

Nos ideais românticos, nos livros, filmes e séries de TV o amor é tido como uma coisa espontânea e é mesmo. Ele pode até nascer espontâneamente mas para sobreviver precisa de luta diária, contínua, constante. E o que acho mais legal do amor que ele serve para todo mundo, em todos os casos é útil.

Recebi estes dias um e-mail do meu tio, que é pastor, falando que o amor é uma coisa tão simples de ser seguida e que as pessoas complicam (se ele não sabe por quê, como eu vou saber?). Achei que ele tinha razão afinal o amor que ele citou, o cristão, pode ser usado em judeus, mulçumanos, brancos, negros sem qualquer contra-indicação. Simplesmente é amar e ponto. Quando temos amor abundante nos nossos corações, a paciência, a tolerância, a alegria, tudo é consequência. Vale a pena esperar pelo amado porque você sabe que o amor é bom, pronto. O amor é uma luta que vale a pena. Ele dá gosto em tudo. Lutar por amor é muito mais interessante do que receber de bandeja.

E o amor tem gosto para tudo, dá gosto em tudo. Paulo que me desculpe, mas quando ele diz que o "amor tudo suporta" para mim é aquele amor que dá suporte a tudo, aquele que cabe tudo, até o que aos nossos olhos parece impossível, mas para o nosso coração não já que no amor tudo é possível.

No amor é possível se amarrar em árvores para que a floresta não seja derrubada, acordar cedo e atravessar o Brasil para realizar um pedido de uma pessoa Amada, é trabalhar com vontade de fazer um mundo melhor. No amor tudo somos, tudo podemos, tudo cremos, até no desarmamento e no fim da mão de obra com condição análoga à escravidão.

No amor há uma causa para tudo e todos. Basta se alistar.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Killer Queen



Lisboa, Portugal.


Cena 1. Loja de Sapatos. Int. Dia.

IVY: Moço, vocês tem sapato nude?

VENDEDOR: Temos sim. Tem este aqui de couro.

IVY: Couro?! Ai, algum animal sofreu para virar este sapato?

VENDEDOR: Você come carne?

IVY: Como.

VENDEDOR: Então não vem com esta.

IVY: Quanto custa?

VENDEDOR informa o preço, IVY experimenta o sapato e o assunto fica pensado: "Que triste- e gostoso- é comer carne e este sapato é tão cool!". Fade out.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A polícia mata




Genève, Suisse.
A polícia mata em todos idiomas, em todos os lugares. Minha singela e humilde contribuição às Mães de Maio e sua luta para que seus filhos e os crimes de 2006 não sejam esquecidos.