segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Encanto?



"Eu não quero um príncipe encantado que venha montado em um cavalo branco com uma lança para me resgatar das agruras desse mundo. Quero um homem de coragem que venha montado na disposição e que chegue desarmado para me resgatar de mim mesma"

O ano mal começou, mas já temos uma aspas sensacional que dificilmente será tirada do pódio das melhores. A autora não poderia ser ninguém menos do que a Bia Amorim, a Bibi de Bicicleta (viu como é fácil dar o devido crédito?). A frase da Bia ficou na minha cabeça o tempo todo, junto com uma matéria que eu li na Marie Claire que dizia basicamente o seguinte: desencane do príncipe encantado e viva feliz com os sapos que se tem.

Na teoria, isso é tudo muito fácil, mas quem disse que a gente consegue desencanar da história de achar o tal do príncipe? Entre uma pauta e outra, descobri algo revelador e extremamente bombástico: devemos desencanar do príncipe encantado porque ele simplesmente não existe. "Jura, Ivy, fala sério que só agora você descobriu isso?" vocês devem estar se perguntando. Pois é, só agora (antes tarde do que nunca) é que eu me dei conta porquê eles não existem: eles simplesmente não fazem idéia do que é ser um príncipe.

Sim, isso mesmo! Enquanto nós crescemos lendo e ouvindo as histórias que terminavam sempre com "felizes para sempre" e decoramos todas as peripécias que os príncipes faziam, os meninos estavam lá brincando de Comandos em ação, ou jogando bola ou assistindo o He-Man, que vamos e convenhamos, não tinha o menor jeito com as mulheres. O fato é que se nós sonhamos com mocinhos lindos que nos salvem da bruxa malvada, eles não têm a menor consciência do que seja uma bruxa e de como nos salvar dela.

Escalar torres? Usar espada? Matar dragões? Dar um belo beijo na princesa? Os moleques nunca tiveram a menor noção de que isso existia. Então, como hoje podemos cobrar isso deles? Ou pior, procurar isso na vida real?

Claro que há uma diferença bem básica entre um príncipe encantado e um gentleman: enquanto o príncipe é encantado, o gentleman é educado e é isso o que a gente tem que procurar, tipo o rapazinho da Folha, que dá lugar pras meninas sentarem, abre a porta do carro e faz todos as coisas do gênero (pelo menos eu acho que faz). Estas qualidades, aliás, são bem mais palpáveis do que quebrar um feitiço com um beijo né?

E vamos falar a verdade também? A gente procura um príncipe encantado, mas nós não somos nenhumas princesas- eu pelo menos não sou, até porque acho a vida de princesa um saco. Pelo que me consta, não existe uma história com uma princesa destrambelhada, que não sabe bordar, odeia serviços domésticos e ainda seja boazinha com as irmãs malas e que nunca conviveu com anoezinhos, como é o meu caso. Então, se não somos assim tão encantadas, para que mesmo que queremos um príncipe? Bia, to contigo e não abro: quero um homem desarmado de traumas e conversas furadas tipo "eu não sou bom o suficiente" ou "eu não consigo me envolver". Só me arrisco a acrescentar algumas coisas neste pedido (sim, são exigências): que o cara seja hetero e que saiba desbloquear o DVD, porque aff, ninguém merece deixar de ver os DVDs importados só porque o aparelho não roda.

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