domingo, 25 de outubro de 2009

Nice Guys


"Girls flirt with the bad boys, but they go home to the good ones."
Dr. Jean Grey, in X-Men 2

Para toda regra, uma exceção. Acho que aprendi esta lição numa aula de química na escola, mas, como escola não presta para nada mesmo, eu não entendi o que ela queria dizer, até hoje. Todos nós crescemos ouvindo estas regras e, infelizmente, acreditamos em muitas delas. Depois de um ano cobrindo o Lula, decorei todos os discursos dele: da vida de metalúrgico na Vilares, do bandeijão da fábrica e, uma que ele conta menos do que estas, mas sempre conta, sobre o seu nascimento. "Eu já nasci na adversidade, meu pai abandonou a minha mãe grávida, nós passamos fome enquanto ele sustentava outra família".

Tal e qual o Lula eu também nasci da Silva e com esta mesma adversidade. E foi em casa que aprendi uma coisa desde cedo, repitida exaustivamente ao longo dos anos: de que homem não presta (nada o que uma mãe solteira amargurada é capaz de fazer). Eu cresci com isso como lei, antes fosse regra, assim, quem sabe eu poderia acreditar nas exceções. Mas não, eu cresci achando que homem não presta e, vamos encarar a verdade, na maioria das vezes eles não prestam para nada mesmo além de trocar a lâmpada, arrumar o chuveiro e trocar o pneu.

Entretanto, sempre existem exceções. Um conhecido meu me contou que o seu primo namorava uma menina gorda. Depois de um mês de namoro, ela anunciou que ele seria papai. Ele ficou meio que feliz, meio que triste, mas aceitou. No mês seguinte, a tal namorada gorda passou mal e foi parar no hospital- ou melhor, na maternidade, onde deu à luz a uma menina. Em resumo: a menina estava grávida de sete meses quando começou a namorar o tal cara, a filha não era dele. Este meu conhecido falou pro primo: "Fulano, foge dai enquanto é tempo". Se você parar para pensar, o cara não só não tinha obrigação nenhuma com a tal namorada gorda, que depois descobriu que era apenas grávida, nem com a filha dela. Muito pelo contrário, ela mentiu para ele. O cara, porém, não fugiu naquele dia. Nem no dia seguinte. Nem no outro. E quando elas saíram da maternidade, ele as esperava com uma casa arrumada de última hora.

Eu tenho uma teoria de que os nice guys realmente existem, mas estão destinados para estas moças que tanto apanharam da vida e realmente merecem ser feliz com alguém decente. Eu sempre acreditei na regra e tinha esperança nas exceções- infelizmente, nunca conheci nenhum pessoalmente, só de ouvir falar. Até hoje. Um homem muito querido, parte desta minha família que se forma dia a dia, é um destes nice guys.

Ele não é só um cara legal porque hoje, depois dos 30, tem uma visão de homem sério e correto- ele já nasceu assim. O que caras com 25, 30 anos seriam incapazes de fazer por uma menina dona de uma história triste ele foi capaz de fazer aos 17. Ele, claro, é capaz de assumir filho dos outros e ajudar hospital de crianças com câncer. Ele trata com respeito não só mulheres e sim com seres humanos e não humanos também. Ele tem um coração extremamente bom. He is a really, really nice guy.

Olhando para ele hoje, que falava de com naturalidade das exceções em que vivera, vi que realmente ainda existe esperança para nós, solteiras que vivemos em metrópoles cujos homens heteros são mera obra de ficção. E foi então que entendi porque só as que sofreram tanta desgraça na vida acabam sendo as sortudas a levar estes nice guys para casa: porque depois de tanto tempo sofrendo, elas aprendem a não ligar para diploma, conta bancária e valor do IPVA do carro do bofe. Elas passam a simplesmente verificar o mais importante em qualquer relação: se o cara presta ou não.

Os nice guys estão espalhados por aí, mas ninguém presta atenção neles, simplesmente pelo fato de que eles são tão legais, mas tão legais que não perdem tempo se exibindo como pavões num ritual patético de acasalamento. Eles têm mais no que pensar, no que fazer. Eles são os caras que nos levam para casa, que nos amam no matter what, no matter when, no matter nothing.



Para meu primo querido, the nicest guy ever.

Um comentário:

Martha Lange disse...

Meu DEUS!!! que história linda!!!! até me deu esperança!