O ônibus descia a Brigadeiro com uma velocidade de fazer inveja ao Nelson Piquet. A mulher entra, se agarra em qualquer ferro para não voar, e deixa cair a blusa no chão. O homem, que está logo atrás, observa a cena e pergunta:
- Esta blusa é sua?
Diante da resposta afirmativa, ele sai andando. E a mulher tem que se levantar para pegar a própria blusa. Ele, que estava de pé, não fez nada, saiu andando, no mínimo se achando o máximo por ter avisado. Cavelheirismo? Ah, o que é isso? Ah, aquele comportamento que os atores praticam na novela das seis? Não, nunca vi em São Paulo. Pois é, cavalheirismo vai entrar na lista dos novos seres imaginários, juntos com os duendes, homem hétero e dinheiro de horas extras.
Depois de ver isso é que chego à conclusão que qualquer um que se diferir deste comportamente "padrão" é gay. Isso mesmo, gay. Nunca vou me esquecer de um amigo meu, que toda vez que vem na minha casa e tem louça na pia, ele lava. Ele repara se minhas unhas estão feitas. diz que o vestido ficou bom em mim e estou bonita. Minha prima jura que ele é gay. A outra diz: "Não, ele é só educado e a gente não está acostumada com gente educada."
Um amigo de uma amiga minha tem a fama de gay. E não é. Tudo porque ele é educado com as pessoas e, vamos assim dizer, tem uns certos trejeitos. Mas nem por isso significa que ele é gay. Ou não? "Os homens estão tão grossos que quando vem um educado a gente vai logo achando que é gay."
Nós, sem querer, nos acostumamos com homens grossos, que não nos trazem mais flores, nem abrem a porta do carro, nem fazem nada. Aí vem um, que sabe que mulher se liga nestas coisas, e vira O comedor. Tenho um amigo que usa bermuda e tênis, mas é um gentleman. Lembro que um dia, na faculdade, quis tomar água e a da minha garrafa tinha acabado. Como o papo estava bom, fiquei na minha. Ele viu, pegou minha garrafa, se levantou, encheu e trouxe de volta. Assim, sem eu falar nada. Quiçá pedir! Coincidências à parte, toda semana me ligava uma menina afim dele, pedindo ajuda, blablabla.
Mulher gosta de ser cuidada, mas não gosta de pedir para ser cuidada. Ela quer que o homem cuide dela, pronto, acabou, sem mais delongas, cobranças, brigas. Mas homem não faz isso. Nem imagina que a gente quer isso ou aquilo, ou aquilo outro. Quando chega um que se antecipa, é disputado a tapas. Ou é taxado de gay. Fazer o quê?
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário