domingo, 8 de março de 2009

Já que não dá para fugir da data III



Faltando cinco minutos para o aniversário da minha amiga chegar e o Dia Internacional da Mulher acabar, vou tentar dar uma de José de Alencar e em cinco minutos filosofar.

Me lembro de quanto era criança, devia ter uns seis, sete anos e a minha mãe me levou flores na casa da vó Lourdes, a senhora que cuidava de mim enquanto ela trabalhava para me sustentar e estudava Direito para depois advogar. Era 8 de março e ela me trouxe rosas amarelas, dizendo que aquele era o meu dia e a gente deveria comemorar com as rosas preferidas dela, que ser mulher era uma dádiva e estes blablablas todos.

Mais tarde, no shopping Iguatemi, auge da adolescência em Salvador, não ganhei rosa da promotora de vendas porque eu não era mulher. Era o que então? Era menina! E, daquele dia em diante, vi que eu queria ser uma mulher. Hoje, com 27, ainda quero dar um jeito de ser menina, enquanto a idade já quer me "maturizar".

O que entendi ao longo destes poucos 27 anos que o legal mesmo é ser do sexo feminino, gênero este que compreende a beleza e o encanto das meninas e a sensualidade e o charme da mulher, tudo isso intercalado em fases regidas por hormônios, sob o mistério desta nossa condição que nem nós sabemos explicar, da nossa cabeça que todo mundo tenta entender e que os homens não se cansam de teorizar.

Para mim, ser mulher é ter opção. Enquanto para os homens cabe o papel do macho e do provedor, podemos nos dar o luxo de sermos mocinhas como a Regina Duarte ou mulher guerreira como a Maria do Carmo Ferreira da Silva, a nossa senhora do destino, podendo passar por tantas coisas mais. Hoje nossos papéis vão de protagonistas a coadjuvantes, pondendo ser a vilã ou a santinha. A vida moderna trouxe novos roteiros para nossa novela real e agora cada uma pode ser quem se é.

A maioria de nós, entretanto, não se satisfaz com um papel só e tenta viver dois, três ou quantos personagens puder. Queremos- e somos- independentes, lutamos de igual para igual no mercado de trabalho, mas não deixamos de cuidar da casa, dos filhos, da beleza sem esquecer da revisão do carro e do conserto da máquina de lavar.

Por isso, o que queria deixar de mensagem para estas mulheres que hoje me lêem é o seguinte: o palco da vida nos permite ser quem nós quisermos, só não vamos ser homens, por favor! A minha amiga disse que não sabia se ligava para o pai perguntando de um barulho do carro para parecer independente. Na minha sincera opinião, a gente não precisa ficar restrita ao forno e ao fogão, mas não podemos excluir o sexo masculino de nossas vidas. Somos sim, auto-suficientes quando reconhecemos que precisamos de alguém, nem que este alguém seja do sexo oposto.

Muitas de nós encararam a modernidade como uma masculinização e não é bem assim. Porque, na minha opinião, o mais legal de ser mulher (entre tantas coisas, naturalmente) é poder ser mulher perante a um homem. Seja deixar que ele puxe a cadeira do restaurante, troque o pneu do seu carro, instale a torneira, traga flores e faça elogios. E que, acima de tudo, nos ame, nos respeite e nos dê muito, mas muito carinho porque sim, nós merecemos!

2 comentários:

Vizionario disse...

Concordo em número, grau, e principalmente gênero...

Acho que as mulheres confundiram conquistas de direitos com masculinização.

Acabaram no mercado de trabalho, o que é muito positivo, se tornaram independetes, mais positivo ainda.

Mas começaram a morrer do coração (doença cuja incidência em homens sempre foi enormemente maior do que em mulheres), e deixaram o homem sem seu espaço clássico de homem. E não explicaram como é que fazemos agora que vcs mulheres são tão independentes.

Ok, já dizia Freud que ninguém sabe o que se passa na cabeça de uma mulher.

Mas vcs poderiam dar dicas de vez em sempre, lançar um manual, e nunca, nunca repetir a cena:

H - Nossa, como vc tá bonita hoje!

M - Pq? Nos outros dias estou feia???

Bibi disse...

Ai, que texto lindo! Direto e franco! Agora ser Nossa Senhora do Destino!? Tô fora! Susaninha é única!
Sabe que eu estava mesmo pensando nessa coisa de ser feminina? Nã há como fugir da maturidade, mas sabe que foi ela que me deu essa coisa de ser mais menininha? Aprendi a gostar de maquiagem, de renda e de laço... A gostar de ser protegida, mas não tolida. A mostrar fragilidade e não falta de força. A delicadeza é nossa prerrogativa!