sábado, 28 de março de 2009
Matemática
Eu sempre odiei matemática. Desde a primeira série, cursada na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Di Cavalcante, minha afinidade era com as letras, não com os números. Eu pensava que se tinha sopa de letrinhas e era uma delícia (ah Galinha Azul, quantas saudades) e não tinha a de números era porque as letras eram mais legais.
Apesar da ojeriza aos números, tem algo na matemática e nas ciências exatas em geral que me fascina: eu amo teorias. E sempre estou inventando uma. Tal e qual Isaac Newton que sentiu a maçã cair em suas cabeças, eu tenho idéias de teorias mirabolantes em verdadeiros estalos, totalmente inesperados.
Pois bem, a teoria que apresento a seguir surgiu depois de uma conversa com uma pessoa muito amada, que estava prestes a se casar. Ela me contou que quando entrou na faculdade de engenharia, conheceu dois rapazes interessantes. Namorou um deles por quatro anos. Ela queria se casar, ele não. Separaram-se e pouco tempo depois ela se viu enamorada com o outro moço que conheceu no primeiro dia de aula.
Sem calcular nada, os dois se apaixonaram. E se casaram. E conseguem ser ao lado um do outro as pessoas mais felizes que já vi na vida. Ela teve uma história difícil, ele também. Os dois que se conheceram calouros levaram um curso inteiro para se amar. As alianças foram trocadas com o diploma já na parede.
Ela, engenheira prática e racional, não se lamentou de ter escolhido o outro pretendente no começo da faculdade ao invés do marido. Disse isso quando comentei a curiosidade da história, ela poderia ter ficado casada desde o primeiro minuto dos estudos. Afinal, não era ele o amor da vida dela? Por que ter perdido tanto tempo?
Foi então que ela explicou que não perdeu e sim ganhou tempo. Que se tivesse começado a namorar o atual marido naquela época, o relacionamento estaria fadado ao fracasso porque ela não estava preparada para amar e ser amada como hoje é. Não estava preparada porque nunca tinha tido um relacionamento sério.
A partir daí passei a desenvolver a teoria do The Zero: nós, mulheres, estamos sempre procurando o The One, o grande amor de nossas vidas. Mas nem sempre estamos preparadas para eles. Conheci o meu The One aos 17 anos. Ele tinha 20. Ou seja, éramos duas crianças tentando amar um ao outro, mas não tínhamos força ou preparo para isso. Nos perdemos um do outro para sempre pelo simples fato de não estarmos prontos um para o outro, de não estarmos pronto para o amor. Não falou amor, carinho e respeito, isso a gente tinha para uma vida inteira: nós não tínhamos era experiência para saber lidar com aquele sentimento tão forte e tão poderoso.
O amor é a mesma coisa que um emprego. Se me chamarem hoje para substiuir a Fátima Bernardes no comando do Jornal Nacional é CLARO que não vai dar certo. E quem não quer sentar ao lado daquele gato do Willian Bonner no dream job de todo jornalista? Claro que eu também quero, mas não tenho preparo para isso. Aqui cabe um parênteses: preparo não é sinônimo de competência. A gente pode até ser competente e talentoso, mas sem a experiência e o preparo não somos muita coisa.
Assim é com o amor: não podemos encontrar o The One antes passar pelo The Zero. Temos que amar, ser amados, aprender, quebrar a cara. Aquele ditado de "enquanto não encontra o certo aprenda com os errados" resume bem esta minha teoria do The Zero. Todos nós temos o direito de sonhar em ocupar uma vaga na bancada do Jornal Nacional porque sonhar não custa nada, mas realizar o sonho depende do trabalho e do esforço de cada um de nós, além da sorte, claro. Quantos empregos a Fátima Bernardes não teve que passar, quanto ela não teve que ralar para chegar onde está? Idem é o amor, temos que batalhar por ele em um, dois, três e quantos mais forem necessários.
Não quero dizer com tudo isso que o amor é um jogo de tentativa e erro. Como diz uma música do Maroon Five, "it is compromising that moves us along". O amor precisa de compromisso e dedicação tanto quanto um emprego. Você trabalha no jornal de bairro e quer trabalhar na Globo? Vai ter que ralar- e muito. E com o amor é do mesmo jeito, temos que passar por muitas fases até chegar ao verdadeiro.
Para nós, mulheres educadas a base de contos de fadas, isso fica mais difícil porque a gente quer o The One para ontem. Isso é meio óbvio porque nas histórias das princesas, nunca ninguém falou quantos namorados a Branca de Neve teve antes de encontrar o seu príncipe. E a gente sempre achou que ela teve só um. Hoje eu acho que não só ela, como a Cinderela, a Bela e todas as outras tiveram é que beijar muitos sapos antes, isso sim. O amor não vem de graça, no pain, no gain.
Por isso que modelei a teoria do The Zero: para que a gente passe a procurar o número zero ao invés do número 1. Até eu que sempre passei raspando em matemática sei que o zero vem antes do um...
P.S.: A foto deste post é do filme Good Luck Chuck. Nele, o personagem central, Chuck, é um The Zero profissional: depois que ficam com ele, todas as mulheres encontram o The One de suas vidas- tem uma cena em que a mulher está dando para ele e olhando revista de vestido de noiva...
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4 comentários:
Serendíptica: Descoberta ao acaso.
Como a lei de Newton, as suas teorias ou descoberta de um/uma "The One".
Kiss.
Garota! Esse texto é perfeito! Perfeito na intenção. Perfeito na escrita (golaço!). Perfeito para a minha vida! Tô até com vontade de republicar no Bibi de tão perfeito que está! Surpreendente, Ivy! Parabéns!
E não é que a Fátima conseguiu a bancada e o The One? Garota de sorte! Devia ser fera nos números!
Ai, que bom que passei aqui hoje! Feliz, feliz de te saber tão boa escritora!
Ivy, AMEI seu texto! Muito bacana e muito bem escrito! Parabéns!
Ana
Olá Ivy, tudo bem?? Vc não me conhece, mas vim aqui conferir sua teoria a pedido da Bibi, pq ela disse que completaria um pouco o que eu estava querendo dizer no meu último post, e te digo, um pouco não, mas completou tudo, achei lindo seu texto, te juro que fiquei sorrindo igual um boba diante da tela do pc!rsrsrs Parabéns!!! E seu quiser conferir meu desabafo fica aí minha página: anaraquelsp.fotoblog.uol.com.br Bjoooooooo
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