segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Tudo Sobre Minha Bolsa

Há três dias que venho pensando na primeira linha deste texto. Não, não é delírio de quase escritora frustrada, tentando achar as melhores palavras para prender a atenção do leitor: há três dias que venho refletindo sobre a minha primeira bolsa e até agora não consegui me lembrar do modelo exato dela.

Dizem que o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Nunca esquece mesmo. Deveria ser assim com a primeira bolsa, mas droga, não é! E eu, que sou totalmente devota à esta maravilha do mundo feminino, estou decepcionada comigo mesma por não lembrar como começou da minha primeira companheira querida.

Consigo me lembrar apenas que era uma manhã chuvosa e não fazia muito frio. Eu estava indo para escola com a minha mãe, que me ensinou como carregar uma bolsa. Se você está pensando que é só pôr no ombro, ledo engano: de acordo com mamis, a bolsa tem que ficar com o fim do zíper, quando têm, virado para frente, assim nenhum ladrão consegue abri-la no ônibus pelas suas costas. Lembro que a minha primeira bolsa tinha zíper, mas o mesmo ficaria virado para trás. “Esta bolsa já não serve para quem anda em São Paulo e de ônibus como é o seu caso. A menos que você use do lado esquerdo!” Foi assim que começou a minha mania de carregar a bolsa do lado esquerdo! Nossa, como só me dei conta disso agora?

E à medida que esta página vai sendo preenchida com este monte de letrinhas, mais cresce a minha angústia de recordar todos estes detalhes menos a dita cuja! E este túnel do tempo me fez pensar: como e por quê eu passei a usar bolsas? Como eu fazia até então.

Só sei que na minha era pré-bolsas, eu usava as minhas adoradas e hoje totalmente abandonadas mochilas. Era incrível como nelas cabia absolutamente tudo, todos os livros, todos os cadernos, o estojo, o lanche e ainda por cima a blusa de frio. Eu me lembro que a manhã chuvosa da minha primeira bolsa foi no colegial, logo eu deveria ter entre 15 e 17 anos. Mas por que usar bolsa? O que me fez desistir das tão práticas mochilas para me aventurar com as bolsas?

Não sei. Provavelmente devo ter ganhado uma bolsa ou a minha tia deve ter insistido para eu usar uma! Mas não consigo me recordar de mais nada, mas consigo ter certeza de que a partir daquele dia, nunca mais retornei para as mochilas, a menos quando eu tinha que viajar. Mas mesmo assim, eu sempre levava as bolsas.

Sempre fui e até hoje sou estudante. Logo, uma mochila sempre é mais prática. E mesmo assim eu prefiro espremer tudo ou levar os livros nos braços, me atrapalhando toda para pegar ônibus, caindo aqui e ali, a simplesmente meter as minhas tranqueiras diárias numa mochila. E sabe o que é o mais engraçado? Mesmo quando eu sou obrigada a usar uma mochila, como no caso da ginástica, eu levo uma bolsa a tiracolo.
Um giro na sala de aula me fez ver que eu não era a única: todas as moças da sala traziam seu material escolar numa pasta ou numa mochila, mas a bolsa estava sempre ao lado.

Esta história toda de bolsas começou com uma amiga minha, a Miriam Dias, que faz bolsas. Ela me contou que sempre amou bolsas e hoje tem mais de 50(!) em casa. Sai perguntando para as minhas amigas quem não gosta de bolsa ou quantas bolsas em média cada uma tem. O minimo são cinco. Grandes, pequenas, baratas, caras, para usar de dia ou de noite. Não interessa, todo mundo tem pelo menos cinco modelos diferentes no armário.

Esta é uma outra dúvida minha: qual o lugar para guardar bolsas? Num armário como eu guardo? Ou num cabideiro próprio? Este “acessório”, se é que podemos chamar a bolsa de acessório porque na maioria das vezes ela é tudo, não tem lugar definido como as jóias, que tem os porta jóias. Ou a gaveta de calcinhas e a de sutiãs. A gente cuida bem delas, claro, mas muitas vezes joga do lado ou enche de tanta tralha que fica pesada e é um alívio se livrar dela no fim do dia.

E será que tem gente que consegue viver sem bolsa? Sair de casa sem bolsa? Viajar e não levar pelo menos duas? Quando eu mochilei pelos Estados Unidos e Europa eu levei duas: uma grandona tipo maleta de ginástica e uma pequena que cabia dentro da grande. Tudo bem, não estava com o meu estoque completo para cada ocasião que aparecesse, mas estava bem.

E tudo isso me fez chegar à seguinte conclusão: nós devemos valorizar mais as bolsas porque elas são como o sutiã: uma peça que só nós mulheres podemos usar e que é feita única e exclusivamente para gente. Você pode até estar se perguntando do vestido, da calcinha, da saia, mas é diferente: diferente porque desde crianças nós usamos calcinhas, saias e vestidos (já viu alguma mãe que dispensasse brincar com uma boneca de verdade como a gente era?). Mas o sutiã e a bolsa a gente só usa quando cresce e a necessidade aparece. A do sutiã é meio óbvia, mas a partir de quando a gente sente a necessidade de usar bolsa?

E olhando na rua eu vi que toda mulher usa bolsa. TODA. As ricas, as pobres, as nem tão ricas e as nem tão pobres. E tem tanta necessidade que bolsa se vende até no camelô. Tem até camelô só para vender bolsas! Tem loja especializada só em bolsas! Tem uma perto da minha casa que se chama TPM: “Tudo para Mulher”. E o detalhe que a loja só vende bolsas. A conclusão que se chega que a bolsa é o nosso tudo, com ela não precisamos de mais nada.

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