domingo, 14 de dezembro de 2008

A letra B

Antes de sair do Brasil, deixe um ex para trás. Não sei como ou nem por quê mas a história voltou a ganhar força quando eu morava na França. Na volta para casa, achei melhor deixar tudo lá mesmo: se não deu certo naquela época, por que daria de novo? E deixei de lado. Qual não foi a minha surpresa quando pus os meus pés em terras brasilis e comecei a receber e-mails, e-mails e mais e-mails. Amigos me contavam que ele me procurava e estava começando a levar a busca cada vez mais a sério (tipo, bater na faculdade ou dar plantão na porta da minha casa). Antes de decidir o que fazer, resolvi fazer o "teste da amiga" (na época que eu lia Capricho, a revista publicou uma matéria que dizia o seguinte: antes de voltar para o seu ex, pergunte para sua amiga, porque só elas lembram o que você sofreu-ou não- e vão te abrir os olhos). Foi o que fiz.

Como a melhor amiga em questão morava na França, recebi um e-mail dois dias depois em que dizia as minhas possíveis opções e que se resumia basicamente a isso:

a) Seja fina e ignore o cara. Para sempre.
b) Pague para ver.
c) Solte os cachorros, xinga mesmo, não tenha vergonha e manda ele sumir do mapa.

Depois de um mês optando pela letra a) sem que ele desistisse, eu resolvi marcar a letra b). E claro, quebrei a minha linda carinha: o cara era mesmo um canalha e não me trouxe nada além de dor. Depois de dois meses chorando, eu resolvi fazer o que a minha amiga tinha dito no primeiro e-mail: solte os cachorros, xingue à vontade e vá viver a sua vida. Foi o que fiz e nunca me senti tão bem na vida depois que enviei uma carta de quatro páginas que tinha o seguinte título “A Amiga que eu sou para você“ onde confrontava o traste, como ele passou a ser chamado desde então, com tudo o que tínhamos vivido em quatro longos anos. E lavei minha alma, claro.

Como disse, o traste só me trouxe dor e mágoa. Mas no começo. Aos poucos eu fui me dando conta de que aquele tipo de relação era o que eu NÃO QUERIA mais para mim. E nesta de me livrar do amor que eu sentia por ele, acabei descobrindo o melhor presente, a única coisa que serviu da passagem dele pela minha vida: que eu amava mais a mim mesma. Bem mais. E, ao me dar conta disso, passei a enxergar com outros olhos o comportamento dos caras e, descolada, a ver o que valia a pena ou não marcar a letra b). Nestas, fui peneirando cada vez mais.

Depois que um traste passa por sua vida e machuca você o máximo que ele pode, você acaba indo apenas nos caras certos. Os certos podem até te machucar um dia, porque todos nós machucamos uns aos outros em determinados momentos da vida. Mas a probalidade dele ser um cara que vai te enganar, maltratar é muito pequena porque você não vai deixar mais. A minha mãe sempre disse que as pessoas fazem com a gente aquilo que a gente deixa- e é verdade. Os trastes só maltratam a gente porque a gente deixa. Exemplo? No primeiro sinal que eu tive de que um paquera em potencial estava me tirando, disse: “Você tá achando que eu sou o quê? Me respeita rapaz, porque eu já passei da época de sair com trastes como você". O resultado: como ele era mesmo um traste, caiu fora. Mas mesmo que ele não fosse (e homem adora testar a gente para ver nossos limites), iria ficar pianinho e nunca mais (REPITO: NUNCA MAIS) vai falar isso. Digo porque o outro paquera nunca mais falou isso, mesmo.

Conto tudo isso porque uma amiga querida está no período crítico de quem marcou a letra b): está sofrendo e muito. E ela me disse: “Não me arrependo de ter marcado a letra b) porque pelo menos eu não vou ficar imaginando o que teria acontecido. Pelo menos agora eu sei que ele não presta, mas eu fiz a minha parte, abri meu coração e tentei o máximo que pude". Faço dela as minhas palavras e mesmo depois de ter sofrido horrores, não me arrependo de ter assinalado a b). Porque foi só assim que eu aprendi a me valorizar e a me respeitar. Isso pode parecer clichê, mas não é. Como disse a Kelly Clarkson, “thank to you now I get what I want“. Thank you so much, Traste.

Dedico este post para Anali, Cinderela Cosmopolita, e Grazi, que marcaram a letra b) e hoje riem dos trastes de suas vidas.

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