sábado, 8 de março de 2008

E ja que nao da para fugir da data...

Basta você dar uma olhada a seu redor. Ou melhor: abra o jornal e você verá que há curso para qualquer coisa. Tem desde curso de etiqueta a como fazer caipirinha. Eu já achei umas coisas muito bizarras como “aprenda a seduzir o seu marido como uma prostituta em dez lições” ou aquela velha do aprenda inglês sozinho. O fato é que esta nossa sociedade não dá valor para os auto-didatas (sei porque sou uma e as pessoas me olham com desconfiança) e quando a gente precisa aprender um coisa (qualquer coisa), procuramos uma escola (qualquer escola). Estas escolas ensinam de tudo, menos uma coisa muito básica: ser mulher.

Quem tem uma mãe para ser usada como referência, o que não é o meu caso, acaba não tendo muita dificuldade no começo. Em tese, nós vamos seguir o jeito de nossas mães, ir no mesmo médico que o dela, ter os mesmos gostos e ter os mesmos modos de vida. O fato é que ser mulher não é fácil, aprender a ser uma delas é mais ainda.

Os mais machistas devem estar se perguntando: o que esta idiota está falando? Para ser mulher, basta nascer como uma vagina. Pois é, não é não. Ser mulher significa ter uma postura adulta diante das coisas. Significa saber se vestir, descobrir o que dá certo (ou não) em você. E encontrar o seu estilo, segui-lo. Esta é uma das partes mais fáceis se comparadas com o resto. Um bom cartão de crédito e a orientação de uma amiga perua resolvem o problema.

Ai vem o segundo problema para se resolver: as contas feitas no cartão. Sim, porque uma vez que você decide ser mulher, não se pode mais usar aquela velha desculpa de filhinha e pedir ajuda para o papai. Não, nós temos que ser responsáveis e pagar nossas próprias faturas (a parte mais difícil).

E, quando aprendemos a pagar a fatura, aprendemos também a ser responsáveis com todas as outras as contas e a essência de ser mulher: resolver as coisas. A lâmpada queimou? Você terá que resolver, ou ela continuará queimada. Você não sabe como conectar o DVD? Ou você aprende, ou ficará vendo TV e o filme ficará esquecido ali( foram-se os R$ 8 que você pagou, adiantado, na locadora). O básico de ser mulher é saber se virar, resolver as coisas sem ficar choramingando. Claro que os homens continuam servindo para trocar a lâmpada (talvez eles sirvam só para isso). Mas é você que terá que dar um jeito de convencer seu namorado, sue primo ou seu amigo a resolver isso para você. No fim, foi a mulher que resolveu tudo: ela comprou a lâmpada, marcou um jantar em casa e aproveitou que o namorado estava ali, de bobeira, para “pedir” o favor.

A partir do momento que a gente aprende a se virar, também temos que aprender outra coisa: ser profissional. Ser profissional e não sair gritando por ai nem chorar no banheiro. E aprender a absorver as coisas e ver que tudo aquilo não é nada pessoal. Eh aprender a dar conta do recado, porque mulher que é mulher não chega pro chefe sem o serviço pronto, aprender a não deixar isso te afetar a partir dali e… aprender a engolir sapos. Muitos sapos. Tantos sapos que sua garganta vai parecer uma lagoa.

Depois que se aprende tudo isso, tem que aprender a lidar com os homens nesta nova fase da sua vida. Sim, porque antes você era só uma menina e respeitada como tal. Agora… pode ir se acostumando com cantadas de homens de 40, 50 anos…(mais aqueles tiozões, que já não são tanta exceção). E, claro, a agir como mulher: agora o jogo é de verdade, não da para ficar passando bilhetinho, é a selva dos relacionamentos, Sex and the City (sem aquele glamour todo). Aprender a ser interessante do seu jeito, a ser uma mulher de 26 e não mais uma menina de 26 com aquelas palhaçadas e coisas do gênero é muito, mas muito difícil mesmo. Porque ser menina é mais fácil, até porque você só se relaciona com meninos. Com 20 e poucos anos, você está na fase de namorar um homem de verdade, que já entende ou quer algo mais da vida do que ficar em casa sábado à noite assistindo TV e comendo pipoca.

E ai, quando você aprende tudo isso, tem que começar a colocar tudo em prática. E sim, é pra lá de complicado ir no mercado depois da academia, fazer as unhas depois do trabalho, arrumar a casa durante o fim de semana e todas as coisas do gênero. As mais feministas devem estar reclamando que estou seguindo os padrões do INMETRO. Não estou não: estou apenas sendo uma mulher normal, do ano 2008. Claro que eu queria ter uma vida mais simples e não ter a obrigação de ser linda-inteligente-divertida-alegre-gostosa-culta-poderosa-alta executiva com MBA e cinco línguas e, ainda por cima, boa de cama. Mas a vida, hoje, é assim. Se, talvez, eu fosse uma jornalista há 30, 40 anos atrás(ou melhor, 50, 60) e estivesse escrevendo este mesmo texto na minha máquina de escrever, provalvelmente a lista de coisas para aprender seria mais, vamos assim dizer, doméstica. Mas ainda assim existiria uma lista cheia de coisas para aprender. E a cobrança por executar todas elas de maneira impecável. Porque ser mulher é isso: dar conta do recado, ou melhor, de vários recados. E sempre da melhor forma possível.
E, para ser mulher, é preciso aprender a controlar tudo isso. Mesmo que você se descontrole depois.

P.S.: Amigas me lembram que temos também que saber trocar pneu, cozinhar divinamente comida marroquina, entender toda a crise asiática, escolher sempre os lugares da moda, estar de olho na semana de moda de Nova York, programar o celular, fazer uma lista imperdível de músicas no iPod, ter lido o último livro da Candance Bushnel e saber quem foi eliminado do Big Brother para conversar no salão. Desculpe, me mas esta última eu pulo sem dó nem piedade.

Um comentário:

Karina disse...

"Não se nasce mulher, torna-se" Li no nick do MSN de uma amiga... ;-)