quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

X-mas?



Isso é o mais perto que eu consigo chegar do Natal..

Chegou dezembro, é Natal, e daí?


Como sobreviver à data se você não tem a menor vocação para cantar Noite Feliz

Toda vez que leio algum gibi da Turma da Mônica, penso que o Maurício de Souza se inspirou em mim para criar o Do Contra: tal e qual o personagem, eu sempre gostei de ser diferente, mesmo que isso implicasse em ser do contra, como no desenho.

Ajudou também o fato de eu ter nascido numa família totalmente Do Contra: minha mãe, aquariana típica, nunca ligou muito para festas e o meu pai, apesar de geminiano, também não estava nem aí com datas. Tudo isso somado ao medo que eu tinha do Papai Noel (isso mesmo, aquela barba branca era aterrorizante) acabou fazendo com que eu fosse uma pessoa com aversão ao Natal.

Não, não tenho nada contra a comemoração, mas não vejo a menor graça no Natal. Também não vejo sentido algum em enfeitar a casa com bolas vermelhas, guirlandas e temas gelados como bonecos de neve sendo que no Brasil faz um calor desgraçado nesta época. Em resumo, acho o Natal muito fora dos nossos padrões, uma imitação barata e desnecessária de países do hemisfério norte. Por que não temos um Natal original, nos nossos moldes? Como é que em um país tropical o Papai Noel usa roupas próprias para tempestades de neve? E a criatividade do brasileiro, cadê? Amigo secreto então, nem se fale, eu acho o ó!

Outra coisa que detesto é como as cidades ficam cheias, os shoppings lotados, todo mundo disposto a comprar, comprar e comprar. Poucas pessoas pensam no Natal como uma data para reflexão e compaixão. Não vejo quase ninguém preocupado em ajudar ao próximo ou a reverenciar o aniversário de Cristo, que é o real motivo da festa.

Sem contar, claro, a hipocrisia do povo, que fica sem se ver durante um ano e no Natal todo mundo é lindo e maravilhoso. E os comentários maldosos nas festas de família? "Você reparou na roupa do fulano? E que presente mais pobrezinho seu tio te deu heim?! Nossa, como a sicrana engordou!" são as frases mais comuns nesta época do ano.

Estes argumentos de que Natal é uma data comercial são para lá de batidos, naturalmente. Mas para mim ainda faz todo o sentido. Se parar para pensar, milhares de pessoas no mundo todo não comemoram o Natal. Mulçumanos, espíritas, judeus, pagãos: ninguém está nem aí para o Natal. Uma vez, um colega judeu me contou que na data eles vão a um restaurante chinês no dia 25. E acabam encontrando outras famílias judias, fazendo uma confraternização para cristão nenhum botar defeito. Sai de forma espontânea e natural, sem nenhum intuito ou comentário malígno por trás.

Por estas e outras, não comemoro o Natal. E como acabo sendo convidada pelos meus amigos, não me envolvo nas fofocas e ainda aproveito o que acho a única coisa boa da festa: a ceia. E só!

Ivy Farias, 27 anos, é jornalista e confessa: o melhor de odiar o Natal é não ter que comprar presente, pegar filas e nem escrever cartões nesta época do ano.

Esta crônica foi publicada no ano passado no portal IG. As opiniões continuam as mesmas.

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