Quando comecei a escrever este blog, decidi que ele se chamaria Delírios Insanos de Ivy Farias porque seria o espaço para eu escrever tudo o que me desse na telha. Se eu quisesse falar de lojinhas mil, colocar receita de bolo e escrever todas as besteiras que se passam na minha cabeça, tava valendo. Hoje decidi postar um classificado:
Procura-se a professora Terezinha, que costumava ensinar na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Di Cavalcante e deu aula para a primeira série A no ano de 1988.
Eu sempre fui do contra. Na infância, a atitude era interpretada como rebeldia. Ou arrogância, às vezes com alguma razão. Por isso, a professora Terezinha me classificou como insuportável na primeira reunião de pais e mestres quando se encontrou com a minha mãe. O que ela não esperava que a minha mãe era igualmente do contra e deu carta branca para ela me endireitar, nem que para isso fosse necessário dar uns petelecos (não era mais época do joelho no milho, mas ainda não tínhamos chegado na era do politicamente correto). Com 21 anos de magistério, a professora Terezinha entendia mais de criança que a minha mãe, que era mãe apenas há sete anos.
A professora Terezinha era alta, muito alta, pelo menos era assim que me parecia quando eu tinha sete anos. E era muito brava. Ela realmente me deu uns petelecos, mas, no fim, eu aprendi a gostar dela, tanto que obriguei a minha mãe a dar um blazer de presente para ela no dia 15 de outubro (e depois trocar, porque ficou pequeno nela).
A professora Terezinha foi responsável não apenas pela melhora do meu comportamento e das minhas notas: ela me ensinou a gostar de aprender. E foi assim que eu comecei a gostar de estudar. Foi ela também que me alfabetizou e me apresentou ao maravilhoso mundo dos hiatos, ditongos, tritongos. Me ensinou a separar as sílabas e que as palavras eram classificadas em paroxítonas, oxítonas e proparoxítonas. Tal e qual a Emília, cai de amores pela língua portuguesa. O que eu nunca imaginei é que um dia, aquele ensinamento todo se tornaria importante para que eu ganhasse o meu pão. E muito menos que um dia, assembléia, idéia não seriam mais acentuadas. E que o trema iria cair mais que manga madura. E tantas coisas mais iriam mudar depois da tal Reforma Ortográfica, que mais parece uma reconstrução do que reforma.
A partir de amanhã, eu terei que escrever de acordo com esta nova reforma. Que, é bom dizer, não entra muito bem na minha cabeça. Como é que eu vou escrever não pára sem acento? E microorganismos? Na minha casa, eu faço reforma para ficar mais bonita. Esta aí só serviu para deixar a minha língua portuguesa feia. Horrorosa, eu ouso dizer.
Mas como manda quem pode e quem tem juízo obedece, eu preciso obedecer estas novas regras. Fico desesperada só em pensar no hífen que foi abolido em um monte de palavras. A professora Terezinha me ensinou a ler e a escrever. Ela me ensinou uma vez, vai conseguir ensinar de novo.
Tia Terezinha, se a senhora estiver lendo este blog, por favor, me procure. Não tenho nenhuma foto sua, mas se te ajudar a lembrar saiba que esta, um dia, fui eu:
segunda-feira, 4 de maio de 2009
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2 comentários:
Take a look:
http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/081008/mainardi.shtml
Beijo.
adorei vc um bj!
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