quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sobre sexo e indústria

O meu primo me escreveu um e-mail hoje comentando o meu post anterior. Achei tão bom que pedi licença para publicá-lo aqui. Acho que a democracia não é apenas o "regime corrente" de nosso país e sim a possibilidade do diálogo, da dialética em todos os meios, inclusive este.

Tenho medo de que as pessoas que lêem o que escrevo me achem a sábia da montanha, senhora de todas as verdades. Lembro que quando eu tinha meus 13, 14 anos e lia a Capricho me sentia ofendida pela linha editorial da revista, que parecia ser a dona da verdade e gostava de julgar as adolescentes com dogmas do tipo "você só pode perder a virgindade com o seu namorado, depois de dois anos de namoro e que ele seja muito especial". O cara que tirou a minha virgindade é um perfeito idiota e acho que nem se ele não fosse teria doído menos (nossa, e como dói!).

Mas enfim, voltando à putaria, eu não sou dona da verdade e por isso abri minhas linhas tortas da loucura para este ser genial que tenho a honra de ser prima, não por consanguinidade, mas por afeto e confluências de opinião. Acho que a única coisa que a gente discorda é sobre política, mas bem, nada é perfeito. Ladies and gentlemen, I give you Nilton Nunes, a.k.a my guru:

Subject: Comentario!
Date: Wed, 24 Jun 2009 11:17:26 -0300

Fala Ivy, beleza? Como foi o restante do aniversario?



Estava lendo sobre o seu ultimo post sobre o sexy time. Excelente. Mas tenho um comentário, e escrevi isto, acho que nem cabe lá, mas também quero saber se você acha que ficou bom e não ficou ofensivo, rsrs.



Beijo.



Nilton Thomaz Nunes

www.ntnunes.com.br

www.turmadamamadeira.com.br





Bom, vamos lá vamos aos fatos.



Gosto de sacanagem, gosto de mulher pelada. Como todo homem, gosto de um belo pornô.



Dêem uma olhada nesse ótimo exemplo (até aproximadamente 5minutos) de como o homem 100% HT funciona: http://www.youtube.com/watch?v=8O8rFULbkhI. Se não for assim, ou não é 100% ou está te jogando um xaveco furadissimo.



Então não sejamos hipócritas mesmo. Sexo vende. Sexo vende muito, e saibam que quase tudo que temos hoje se deve à busca do sexo, como o visto no Sexytime e muito pior. Vou começar com o exemplo mais simples pra depois chegar nos dias de hoje.



Faz parte da “historia popular” do mundo que a profissão mais antiga que existe é a prostituta. A segunda “profissão” seria o ladrão, que rouba para pagar a prostituta. Fiquem sabendo também, que hoje compramos em segurança livros raros na Amazon ou na Barnes & Noble, com nossos cartões Greenpeace Visa Card porque, nos primórdios da internet, para se vender conteúdo pornô, os sites pornográficos precisavam de um meio seguro para que os masturbadores de plantão pudessem executar suas tarefas sem se preocupar com contas obscuras no final do mês. O vale de San Fernando, nos EUA, o maior produtor pornô do mundo, gera aproximadamente 12 bilhões de dólares por ano, uma quantia astronomicamente superior ao que produz o cinema nacional, por exemplo. E observe que grande parte do cinema nacional sustenta-se sobre uma base de erotismo para tentar, assim, conseguir alavancar sua audiência. O Google suprime temas relacionados a sexo na lista das palavras mais procuradas simplesmente por estarem facilmente nas primeiras posições – nas todas 10 primeiras no mínimo.



Quanto ao pornô voltado para o publico feminino, as poucas tentativas foram fracasso de publico. Pois bem, homens pensam em sexo 24 horas por dia, e uma pequena parte da programação televisiva, na madrugada, passa filmes eróticos (não pornográficos). As pessoas que se sentem ofendias ou acham que “o homem por cima” significa a dominação da mulher, realmente se esqueceram que sexo é entrega e não julgamentos. Por isso cada dia que passa, mais e mais pessoas são infelizes, escondendo, por trás de sua ofensa, sua frustração em relação ao sexo. Sexo é bom, vende e relaxa.



Realmente não sei se é pior ver duas pessoas transando na tela ou quatro peruas (me perdoe Ivy, mas eu acho legal a série, não se preocupe) gastando rios de dinheiro por um sapato. Particularmente creio que é muito mais um tapa na cara uma pessoa torrar USD 2.000,00 numa bolsa, do que ver uma pessoa simulando um leve sexo oral.



Sugiro a vocês que encarem sob uma outra ótica a programação televisiva adulta. Explico-me. No comentário anterior, nossa amiga descreveu que se sentiu constrangida (ou possibilitada de constrangimento) por acordar e a televisão estar passando filme erótico. Que mal há nisso? Sexo é pecado? Gostar de sexo lhe transforma em uma vagabunda? Sexo é sujo? Não, claro que não, nada disso. Por isso observem de uma outra visão. Se você fosse um cidadão mulçumano de certos costumes ancestrais, que em visita ao Brasil, soubesse, ao conversar com um brasileiro que as mulheres aqui se casam sem terem feito infibulação ( http://images.google.com.br/images?q=infibula%C3%A7%C3%A3o&oe=utf-8&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a&um=1&ie=UTF-8&sa=N&hl=pt-BR&tab=wi ) com certeza ficaria chocado, e diria, ao chegar nos cafundós do Irã (pasmem, não acontece apenas em tribos isoladas da África): “Que vergonha seria, imagine só, se ao acordar em meu plantão, estivesse na minha sala uma mulher não clitoridectomizada! Imagine se alguém entrasse!). Enquanto isso, em um país extremamente desenvolvido como a Holanda, o sexo é abordado com algo natural, e não como algo a ser julgado e escondido – o resultado disso é uma população bem informada em relação à DSTs, com baixo nível de natalidade e baixo grau de queixas em relação à vida sexual, seja ela de qualquer preferência.



Portanto, nossa ojeriza às cenas de sexo, não se deve ao fato de ser um desrespeito ou algo a se envergonhar. Mas sim de saber que pode ser diferente ou que alguém pode ser melhor que nós. A baixaria é algo diferente, que se aproveita da curiosidade humana relacionada a sexo, sangue e morte para vender, saciando outros desejos conscientes ou não. Se você tem a sorte de ter raciocínio e um mínimo de vontade, basta mudar de canal ou ler um livro (porque não algo extremamente sensual como Drummond?). Volto a dizer, como sempre digo para minha grande amiga Ivy: deixem de julgar, aprendam e desfrutem, porque excessivamente grave, é a vida, como diria Vinicius.

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