segunda-feira, 30 de junho de 2008

O Cara

Existem pessoas que entram na sua vida às 23h40 e às 23h44 já estão nela para sempre, passam a fazer todo o sentido. São pessoas que você conversa sei lá, dois, três minutos e têm uma conexão incrível. A pessoa te entende, você entende a pessoa. As afinidades são infinitas e você fica se perguntando como viveu até às 23h40 sem ela. Você fala, fala, fala e as falas nunca se acabam. Você quer falar mais e mais: quer ser compreendido, quer compreender a pessoa e quer prolongar ao máximo a sensação de estar conversando olhando pro espelho: sim, porque a pessoa te entende tantoooo que parece que você está dialogando com você mesmo.

Esta pessoa faz você ver o sentido das coisas. Faz você se dar conta de tudo e mais um pouco. Esta pessoa te tira traumas e medos, explica seus anseios e pensa por você. Resolve todos os seus problemas com uma palavra e resume sua vida em uma frase. Aí você olha e pensa: este cara é O cara! Ele é tudo de bom! Vocês se amam completamente, ele pode ser o amor da sua vida. Exceto por um detalhe: ele é gay.

Aí ele vem e te fala isso e, antes de você ficar desconcertada porque ele não pode mais ser O SEU Cara, ele te diz:

- Eu sou O Cara porque eu não te como.

E a partir daí tudo faz sentido: por ele não te comer, ele é O Cara. Porque se ele te comesse, fuderia tudo. Você iria querer mais, iria querer ligar, iria entrar em todas as nóias. Ficaria desesperada, se redobraria inteira de ciúmes. Em resumo, o sexo estraga tudo, inclusive o amor. Ai você vê que ele é realmente O Cara. E que pode muito bem ser O SEU Cara. Mas ele nunca vai ser O Cara de outro. Porque o sexo estraga tudo. Sempre.

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