Eu li Pollyanna com dez anos, estava na quarta série. Hoje vejo que este é um livro para a vida adulta, não para crianças. Exceto se a criança é como eu, já que desde cedo fui adulta e tinha que dividir os problemas- e procurar uma solução- com a minha mãe solteira. Desde aquele ano de 1991 que faço o Jogo do Contente, “brincadeira" pratica por Pollyanna que consiste basicamente no seguinte: poderia ser pior.
Estava lendo o blog da Bia em que ela faz uma retrospectiva e parei para pensar no meu ano. Como já sofri muito na vida e considero o ápice de tudo o ano de 2003, quando sai, desempregada, da faculdade (nem frila arrumava), meu ex me deu um pé na bunda (depois vi que valeu a pena, mas na época doeu), minhas “amigas“ me espezinhavam por eu estar desempregada e minha mãe foi morar fora me deixando um belo pepino: um irmão pequeno e uma família louca e mau caráter para cuidar. Depois disso tudo fui morar nos Estados Unidos e decidi que ali eu seria feliz- fui, apesar das adversidades. 2004 foi um ano difícil, porém, melhor que 2003. 2005 foi melhor que 2004 e muito melhor que 2003. Assim eu ia vendo o passar da minha vida: eu ia ficando, cada vez mais longe, do ano horroroso de 2003.
2006 e 2007 foram marcados por alguns percalços e nenhum grande evento maravilhoso, mas não teve nada de tão ruim também. E 2008... bem, 2008 não foi como 2003. Durante os 365 dias do ano, dei uma de Pollyanna, tentando dizer que não foi tão ruim assim. Mas 2008 foi ruim, muito ruim. Foi um ano difícil demais e graças a Deus está acabando. Não sei ainda se é bom ou ruim jogar este jogo idiota, porque ele te desvia muito da realidade.
Hoje estou revendo mentalmente tudo o que passou. O balanço do ano mostra que 2008 foi péssimo. Acho que tão ruim quanto 2003, só que eu não estava preparada para tanta dor e provações que eu passei como estou hoje. Realmente, estou ainda mais forte, mas desejando que em 2009 eu seja fraca e tenha uma vida no mínimo fácil, de não ter que matar um leão por dia. Cansei de ser forte, cansei de fazer jogo do contente.
Quando fui morar nos Estados Unidos, achei que toda a dor do passado tinha ficado para trás: achava que dali para frente eu só seria feliz. Hoje eu vejo que me enganei, porque em 2008 levei uma bela rasteira de pessoas que confiava cegamente. Na verdade, acho que 2008 foi um ano para romper com o passado, não só para mim, como para todo o mundo. Afinal, a Nuvem Nove fechou e a Polaroid parou de produzir filmes. Sinal de que o futuro agora é presente e não há nostalgia que pare o capitalismo selvagem.
As lições que eu levo deste ano? Não confiar em ninguém, saber que seus amigos são aqueles que ficam com você nos momentos difíceis e que a vida muda a cada instante, por isso, não adianta muito se planejar ou achar como as coisas vão ser.
Anyway, 2008 é finito. Acabou. Para sempre.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Overbooking
Jesus Cristo foi a primeira vítima do overbooking: José e Maria andaram de estrabaria em estrebaria e, como não acharam vaga, sobrou pro menino nascer no estábulo. Engraçado, naquele ano nem existia o Natal e um quarto já era difícil...
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terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Errata?
Não sei se o post anterior merece uma errata, mas li ontem na Revista Fantástico que a “mulher“ do Maníaco do Parque não é mulher dele coisa nenhuma. Ela afirmou apenas que trocou cartas e o visitou na prisão, mas não passou disso. Porém, o texto é encerrado com uma frase, no mínimo, estranha: “Ele é muito bonito, um deus grego". Cruzes!
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Não ajudou não
- O que vai ser da minha vida? Eu tenho 28 anos, to sem namorado. Até eu arrumar um namorado, namorar, morar junto, casar, ter filho, eu vou ter quantos?
- Querida, calma! Pense o seguinte: se até o maníaco do parque casou, você também casa.
- Ai, Ivy, desculpa, mas este exemplo não ajudou.
- Querida, calma! Pense o seguinte: se até o maníaco do parque casou, você também casa.
- Ai, Ivy, desculpa, mas este exemplo não ajudou.
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Na Marginal
Quem mora em São Paulo sabe do que estou falando. Quem mora no Brasil também deve saber, porque vira e mexe a TV mostra em rede nacional o quão paradas as Marginais de São Paulo podem ficar. O fato é que duas grandes avenidas, às margens dos rios, como os nomes sugerem, são as rotas diárias de milhares de paulistanos. Tal e qual o Tietê, o rio, a Marginal Tietê liga a Zona Oeste à Zona Norte, passando pelo Centro e pela Zona Leste, enquanto a a Pinheiros, a Marginal, tal e qual o rio Pinheiros, liga a Zona Oeste à Zona Sul. E por causa de tantas ligações, as Marginais estão sempre entupidas pelos caminhões, os maiores vilões do trânsito da metrópole.
Não chamo a Marginal de caos porque eu acredito que o caos seria movimentado e a marginal vive parada. Mas para Roberto, a marginal realmente virou um caos dia destes. Era uma quinta feira pela manhã e o meu colega iria trabalhar, como mil(milhões? Milhares?) de paulistanos, pela Marginal, naturalmente.
Quando o relógio marca 7 horas da manhã num dia de semana, normalmente a marginal está parada. E estava. Infelizmente o que não parou foi o intestino de Roberto, que resolveu funcionar naquela hora, naquele lugar, parado, longe de qualquer banheiro. E de qualquer possibilidade, porque a marginal não tem nem moita. Sua barriga se mexia incontrolávelmente, ele não fazia idéia que o sinal da natureza poderia se dar em local tão inapropriado, de forma tão abrupta, tão necessária e tão urgente.
Enquanto estava, parado, na terceira faixa, ele pensava em uma solução para sair dali. Sem solução, porque estava tudo parado, Roberto começou a se lembrar de tudo que estava relacionado ao ato de obrar. Lembrou se daquela piada infame que circulava nos emails de desocupados, que dizia que o fiofó queria ser o novo chefe do corpo humano. E o rim, o fígado, o estômago, o coração, enfim, todos os órgãos mais populares riram dele dizendo que como um “órgão” tão sujo e feio poderia ser o chefe do corpo. O fiofó parou de funcionar, quase criando uma crise geral no corpo humano. E lembrava da moral da história: “qualquer cuzão pode ser chefe, até o seu”. Ele riu, mas aquilo não parava suas fezes que estavam a caminho.
Mas o fez se distrair e lembrou se ainda da piada da freira que fazia palavras cruzadas no ônibus, quando foi interrompida por um cidadão de rua. “Feio e fedido!”, disse a freira, referindo se ao mendigo, que não deixou barato: “Se for com duas letras, é c*****”. E riu mais ainda.
E foi lembrando se de todos aqueles comerciais de perfumes para banheiro, desde os para por na privada ou os que tem um botão para neutralizar o desagradável odor, a maioria protagonizados por crianças sem dentes e mulheres atuando como mães perfeitas. Ah, como aquele banheiro lhe pareceu mágico, quase um pedaço do paraíso. E pensou que daquele dia em diante, se conseguisse chegar a um banheiro com as cuecas intactas, iria sim, dar mais valor ao banheiro nosso de cada dia.
E todos estes pensamentos não pararam seu intestino, que deu o ar de sua (des) graça ali no carro mesmo, sem água, sem papel higiênico, neutralizador de odores, nada. E apesar de seu carro não ter aquelas películas pretas, pelo menos ele ainda estava protegido pela privacidade do seu carro. Afinal, quem iria advinhar que ele estava ali, em plena Marginal, parada, todo cagado? Um advogado de terno e gravata estava acima de qualquer suspeita.
Sem ter mais o que fazer, entrou no primeiro retorno e voltou para casa, todo cagado, uma hora e meia depois. E no banho, tentando se consolar que já fizera isso antes- quando era um bebê- Roberto passou a procurar uma solução para o que aconteceu com ele não acontecesse com mais ninguém. Como não há como prever o organismo, ele refletiu que o melhor seria instalar banheiros na Marginal. Isso mesmo, banheiros, como aqueles químicos, que ficam em shows, manifestações populares, espalhados pela margem do rio.
De início, achou sua própria idéia maluca, mas por não ter encontrado outra solução, passou a planejá-la. Que mal haveria ter banheiros instalados na Marginal? A avenida vivia parada mesmo, era só o motorista descer do carro, trancar, usar e voltar, que estaria na mesma posição. Passou a articular: mas seria um banheiro para homens e outro para mulheres? Depois de uma rápida pesquisa por todos os estabelecimentos da cidade, achou que o mais sensato era ter um espaço reservado para cada sexo.
Tudo planejado, como executar? O certo seria a prefeitura, que custearia. Mas sua visão de marketing logo lhe deu uma brilhante idéia para convencer o prefeito: aquelas mesmas empresas que fabricam perfumes para latrinas e banheiros poderiam patrocinar a idéia. Sem contar, claro, que a popularidade do cara iria para as alturas.
De posse de toda sua influência e poder, marcou um horário com o dignissimo chefe da cidade. E foi. Naturalmente que o prefeito riu da cara dele e perguntou de onde Roberto tinha tirado idéia tão estapafúrdia, que respondeu que foi sugestão de um amigo do amigo que passou por uma situação em que literalmente se cagou nas calças. O prefeito, que já havia feito coisas tão estapafúrdias quanto àquela idéia, pensou que vereador algum votaria a favor daquilo e resolveu dar a cara para bater. Afinal, ele sempre foi um desconhecido da população, apesar de ser uma figura pública, sua vida era quase íntima, tal a falta de interesse do povo.
Um mês depois o projeto de lei estava na pauta da Câmara. Claro que foi ridicularizado, todos riram, os jornais fizeram a festa por ter mais uma notícia bizarra, mas, por incrível que possa parecer, a Marginal fez muita gente se cagar nas calças e o projeto foi aprovado. Roberto, feliz, convenceu um amigo de infância, dono de uma agência de publicidade na própria Marginal Pinheiros a apoiar a idéia e jogar pesado para conseguir propagandas e afins. Como brasileiro se deixar compra até merda empanada, os W.C. das Marginais chegaram na cidade com as portas com anúncios de um fabricante de papel higiênico. Em uma semana, devido ao sucesso, diversas moças, daquelas bem bonitas que ficam demonstrando produtos no mercado, estavam na porta dos reservados devidamente uniformizadas, com panfletos e aquele sorriso simpático no rosto: “Gostaria de experimentar nosso perfume para banheiro?”.
Roberto, do alto do seu escritório na Marginal Pinheiros, sorria com o sucesso daquela idéia, que no fundo foi uma grande cagada.
Não chamo a Marginal de caos porque eu acredito que o caos seria movimentado e a marginal vive parada. Mas para Roberto, a marginal realmente virou um caos dia destes. Era uma quinta feira pela manhã e o meu colega iria trabalhar, como mil(milhões? Milhares?) de paulistanos, pela Marginal, naturalmente.
Quando o relógio marca 7 horas da manhã num dia de semana, normalmente a marginal está parada. E estava. Infelizmente o que não parou foi o intestino de Roberto, que resolveu funcionar naquela hora, naquele lugar, parado, longe de qualquer banheiro. E de qualquer possibilidade, porque a marginal não tem nem moita. Sua barriga se mexia incontrolávelmente, ele não fazia idéia que o sinal da natureza poderia se dar em local tão inapropriado, de forma tão abrupta, tão necessária e tão urgente.
Enquanto estava, parado, na terceira faixa, ele pensava em uma solução para sair dali. Sem solução, porque estava tudo parado, Roberto começou a se lembrar de tudo que estava relacionado ao ato de obrar. Lembrou se daquela piada infame que circulava nos emails de desocupados, que dizia que o fiofó queria ser o novo chefe do corpo humano. E o rim, o fígado, o estômago, o coração, enfim, todos os órgãos mais populares riram dele dizendo que como um “órgão” tão sujo e feio poderia ser o chefe do corpo. O fiofó parou de funcionar, quase criando uma crise geral no corpo humano. E lembrava da moral da história: “qualquer cuzão pode ser chefe, até o seu”. Ele riu, mas aquilo não parava suas fezes que estavam a caminho.
Mas o fez se distrair e lembrou se ainda da piada da freira que fazia palavras cruzadas no ônibus, quando foi interrompida por um cidadão de rua. “Feio e fedido!”, disse a freira, referindo se ao mendigo, que não deixou barato: “Se for com duas letras, é c*****”. E riu mais ainda.
E foi lembrando se de todos aqueles comerciais de perfumes para banheiro, desde os para por na privada ou os que tem um botão para neutralizar o desagradável odor, a maioria protagonizados por crianças sem dentes e mulheres atuando como mães perfeitas. Ah, como aquele banheiro lhe pareceu mágico, quase um pedaço do paraíso. E pensou que daquele dia em diante, se conseguisse chegar a um banheiro com as cuecas intactas, iria sim, dar mais valor ao banheiro nosso de cada dia.
E todos estes pensamentos não pararam seu intestino, que deu o ar de sua (des) graça ali no carro mesmo, sem água, sem papel higiênico, neutralizador de odores, nada. E apesar de seu carro não ter aquelas películas pretas, pelo menos ele ainda estava protegido pela privacidade do seu carro. Afinal, quem iria advinhar que ele estava ali, em plena Marginal, parada, todo cagado? Um advogado de terno e gravata estava acima de qualquer suspeita.
Sem ter mais o que fazer, entrou no primeiro retorno e voltou para casa, todo cagado, uma hora e meia depois. E no banho, tentando se consolar que já fizera isso antes- quando era um bebê- Roberto passou a procurar uma solução para o que aconteceu com ele não acontecesse com mais ninguém. Como não há como prever o organismo, ele refletiu que o melhor seria instalar banheiros na Marginal. Isso mesmo, banheiros, como aqueles químicos, que ficam em shows, manifestações populares, espalhados pela margem do rio.
De início, achou sua própria idéia maluca, mas por não ter encontrado outra solução, passou a planejá-la. Que mal haveria ter banheiros instalados na Marginal? A avenida vivia parada mesmo, era só o motorista descer do carro, trancar, usar e voltar, que estaria na mesma posição. Passou a articular: mas seria um banheiro para homens e outro para mulheres? Depois de uma rápida pesquisa por todos os estabelecimentos da cidade, achou que o mais sensato era ter um espaço reservado para cada sexo.
Tudo planejado, como executar? O certo seria a prefeitura, que custearia. Mas sua visão de marketing logo lhe deu uma brilhante idéia para convencer o prefeito: aquelas mesmas empresas que fabricam perfumes para latrinas e banheiros poderiam patrocinar a idéia. Sem contar, claro, que a popularidade do cara iria para as alturas.
De posse de toda sua influência e poder, marcou um horário com o dignissimo chefe da cidade. E foi. Naturalmente que o prefeito riu da cara dele e perguntou de onde Roberto tinha tirado idéia tão estapafúrdia, que respondeu que foi sugestão de um amigo do amigo que passou por uma situação em que literalmente se cagou nas calças. O prefeito, que já havia feito coisas tão estapafúrdias quanto àquela idéia, pensou que vereador algum votaria a favor daquilo e resolveu dar a cara para bater. Afinal, ele sempre foi um desconhecido da população, apesar de ser uma figura pública, sua vida era quase íntima, tal a falta de interesse do povo.
Um mês depois o projeto de lei estava na pauta da Câmara. Claro que foi ridicularizado, todos riram, os jornais fizeram a festa por ter mais uma notícia bizarra, mas, por incrível que possa parecer, a Marginal fez muita gente se cagar nas calças e o projeto foi aprovado. Roberto, feliz, convenceu um amigo de infância, dono de uma agência de publicidade na própria Marginal Pinheiros a apoiar a idéia e jogar pesado para conseguir propagandas e afins. Como brasileiro se deixar compra até merda empanada, os W.C. das Marginais chegaram na cidade com as portas com anúncios de um fabricante de papel higiênico. Em uma semana, devido ao sucesso, diversas moças, daquelas bem bonitas que ficam demonstrando produtos no mercado, estavam na porta dos reservados devidamente uniformizadas, com panfletos e aquele sorriso simpático no rosto: “Gostaria de experimentar nosso perfume para banheiro?”.
Roberto, do alto do seu escritório na Marginal Pinheiros, sorria com o sucesso daquela idéia, que no fundo foi uma grande cagada.
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Tudo Sobre Minha Bolsa
Há três dias que venho pensando na primeira linha deste texto. Não, não é delírio de quase escritora frustrada, tentando achar as melhores palavras para prender a atenção do leitor: há três dias que venho refletindo sobre a minha primeira bolsa e até agora não consegui me lembrar do modelo exato dela.
Dizem que o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Nunca esquece mesmo. Deveria ser assim com a primeira bolsa, mas droga, não é! E eu, que sou totalmente devota à esta maravilha do mundo feminino, estou decepcionada comigo mesma por não lembrar como começou da minha primeira companheira querida.
Consigo me lembrar apenas que era uma manhã chuvosa e não fazia muito frio. Eu estava indo para escola com a minha mãe, que me ensinou como carregar uma bolsa. Se você está pensando que é só pôr no ombro, ledo engano: de acordo com mamis, a bolsa tem que ficar com o fim do zíper, quando têm, virado para frente, assim nenhum ladrão consegue abri-la no ônibus pelas suas costas. Lembro que a minha primeira bolsa tinha zíper, mas o mesmo ficaria virado para trás. “Esta bolsa já não serve para quem anda em São Paulo e de ônibus como é o seu caso. A menos que você use do lado esquerdo!” Foi assim que começou a minha mania de carregar a bolsa do lado esquerdo! Nossa, como só me dei conta disso agora?
E à medida que esta página vai sendo preenchida com este monte de letrinhas, mais cresce a minha angústia de recordar todos estes detalhes menos a dita cuja! E este túnel do tempo me fez pensar: como e por quê eu passei a usar bolsas? Como eu fazia até então.
Só sei que na minha era pré-bolsas, eu usava as minhas adoradas e hoje totalmente abandonadas mochilas. Era incrível como nelas cabia absolutamente tudo, todos os livros, todos os cadernos, o estojo, o lanche e ainda por cima a blusa de frio. Eu me lembro que a manhã chuvosa da minha primeira bolsa foi no colegial, logo eu deveria ter entre 15 e 17 anos. Mas por que usar bolsa? O que me fez desistir das tão práticas mochilas para me aventurar com as bolsas?
Não sei. Provavelmente devo ter ganhado uma bolsa ou a minha tia deve ter insistido para eu usar uma! Mas não consigo me recordar de mais nada, mas consigo ter certeza de que a partir daquele dia, nunca mais retornei para as mochilas, a menos quando eu tinha que viajar. Mas mesmo assim, eu sempre levava as bolsas.
Sempre fui e até hoje sou estudante. Logo, uma mochila sempre é mais prática. E mesmo assim eu prefiro espremer tudo ou levar os livros nos braços, me atrapalhando toda para pegar ônibus, caindo aqui e ali, a simplesmente meter as minhas tranqueiras diárias numa mochila. E sabe o que é o mais engraçado? Mesmo quando eu sou obrigada a usar uma mochila, como no caso da ginástica, eu levo uma bolsa a tiracolo.
Um giro na sala de aula me fez ver que eu não era a única: todas as moças da sala traziam seu material escolar numa pasta ou numa mochila, mas a bolsa estava sempre ao lado.
Esta história toda de bolsas começou com uma amiga minha, a Miriam Dias, que faz bolsas. Ela me contou que sempre amou bolsas e hoje tem mais de 50(!) em casa. Sai perguntando para as minhas amigas quem não gosta de bolsa ou quantas bolsas em média cada uma tem. O minimo são cinco. Grandes, pequenas, baratas, caras, para usar de dia ou de noite. Não interessa, todo mundo tem pelo menos cinco modelos diferentes no armário.
Esta é uma outra dúvida minha: qual o lugar para guardar bolsas? Num armário como eu guardo? Ou num cabideiro próprio? Este “acessório”, se é que podemos chamar a bolsa de acessório porque na maioria das vezes ela é tudo, não tem lugar definido como as jóias, que tem os porta jóias. Ou a gaveta de calcinhas e a de sutiãs. A gente cuida bem delas, claro, mas muitas vezes joga do lado ou enche de tanta tralha que fica pesada e é um alívio se livrar dela no fim do dia.
E será que tem gente que consegue viver sem bolsa? Sair de casa sem bolsa? Viajar e não levar pelo menos duas? Quando eu mochilei pelos Estados Unidos e Europa eu levei duas: uma grandona tipo maleta de ginástica e uma pequena que cabia dentro da grande. Tudo bem, não estava com o meu estoque completo para cada ocasião que aparecesse, mas estava bem.
E tudo isso me fez chegar à seguinte conclusão: nós devemos valorizar mais as bolsas porque elas são como o sutiã: uma peça que só nós mulheres podemos usar e que é feita única e exclusivamente para gente. Você pode até estar se perguntando do vestido, da calcinha, da saia, mas é diferente: diferente porque desde crianças nós usamos calcinhas, saias e vestidos (já viu alguma mãe que dispensasse brincar com uma boneca de verdade como a gente era?). Mas o sutiã e a bolsa a gente só usa quando cresce e a necessidade aparece. A do sutiã é meio óbvia, mas a partir de quando a gente sente a necessidade de usar bolsa?
E olhando na rua eu vi que toda mulher usa bolsa. TODA. As ricas, as pobres, as nem tão ricas e as nem tão pobres. E tem tanta necessidade que bolsa se vende até no camelô. Tem até camelô só para vender bolsas! Tem loja especializada só em bolsas! Tem uma perto da minha casa que se chama TPM: “Tudo para Mulher”. E o detalhe que a loja só vende bolsas. A conclusão que se chega que a bolsa é o nosso tudo, com ela não precisamos de mais nada.
Dizem que o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Nunca esquece mesmo. Deveria ser assim com a primeira bolsa, mas droga, não é! E eu, que sou totalmente devota à esta maravilha do mundo feminino, estou decepcionada comigo mesma por não lembrar como começou da minha primeira companheira querida.
Consigo me lembrar apenas que era uma manhã chuvosa e não fazia muito frio. Eu estava indo para escola com a minha mãe, que me ensinou como carregar uma bolsa. Se você está pensando que é só pôr no ombro, ledo engano: de acordo com mamis, a bolsa tem que ficar com o fim do zíper, quando têm, virado para frente, assim nenhum ladrão consegue abri-la no ônibus pelas suas costas. Lembro que a minha primeira bolsa tinha zíper, mas o mesmo ficaria virado para trás. “Esta bolsa já não serve para quem anda em São Paulo e de ônibus como é o seu caso. A menos que você use do lado esquerdo!” Foi assim que começou a minha mania de carregar a bolsa do lado esquerdo! Nossa, como só me dei conta disso agora?
E à medida que esta página vai sendo preenchida com este monte de letrinhas, mais cresce a minha angústia de recordar todos estes detalhes menos a dita cuja! E este túnel do tempo me fez pensar: como e por quê eu passei a usar bolsas? Como eu fazia até então.
Só sei que na minha era pré-bolsas, eu usava as minhas adoradas e hoje totalmente abandonadas mochilas. Era incrível como nelas cabia absolutamente tudo, todos os livros, todos os cadernos, o estojo, o lanche e ainda por cima a blusa de frio. Eu me lembro que a manhã chuvosa da minha primeira bolsa foi no colegial, logo eu deveria ter entre 15 e 17 anos. Mas por que usar bolsa? O que me fez desistir das tão práticas mochilas para me aventurar com as bolsas?
Não sei. Provavelmente devo ter ganhado uma bolsa ou a minha tia deve ter insistido para eu usar uma! Mas não consigo me recordar de mais nada, mas consigo ter certeza de que a partir daquele dia, nunca mais retornei para as mochilas, a menos quando eu tinha que viajar. Mas mesmo assim, eu sempre levava as bolsas.
Sempre fui e até hoje sou estudante. Logo, uma mochila sempre é mais prática. E mesmo assim eu prefiro espremer tudo ou levar os livros nos braços, me atrapalhando toda para pegar ônibus, caindo aqui e ali, a simplesmente meter as minhas tranqueiras diárias numa mochila. E sabe o que é o mais engraçado? Mesmo quando eu sou obrigada a usar uma mochila, como no caso da ginástica, eu levo uma bolsa a tiracolo.
Um giro na sala de aula me fez ver que eu não era a única: todas as moças da sala traziam seu material escolar numa pasta ou numa mochila, mas a bolsa estava sempre ao lado.
Esta história toda de bolsas começou com uma amiga minha, a Miriam Dias, que faz bolsas. Ela me contou que sempre amou bolsas e hoje tem mais de 50(!) em casa. Sai perguntando para as minhas amigas quem não gosta de bolsa ou quantas bolsas em média cada uma tem. O minimo são cinco. Grandes, pequenas, baratas, caras, para usar de dia ou de noite. Não interessa, todo mundo tem pelo menos cinco modelos diferentes no armário.
Esta é uma outra dúvida minha: qual o lugar para guardar bolsas? Num armário como eu guardo? Ou num cabideiro próprio? Este “acessório”, se é que podemos chamar a bolsa de acessório porque na maioria das vezes ela é tudo, não tem lugar definido como as jóias, que tem os porta jóias. Ou a gaveta de calcinhas e a de sutiãs. A gente cuida bem delas, claro, mas muitas vezes joga do lado ou enche de tanta tralha que fica pesada e é um alívio se livrar dela no fim do dia.
E será que tem gente que consegue viver sem bolsa? Sair de casa sem bolsa? Viajar e não levar pelo menos duas? Quando eu mochilei pelos Estados Unidos e Europa eu levei duas: uma grandona tipo maleta de ginástica e uma pequena que cabia dentro da grande. Tudo bem, não estava com o meu estoque completo para cada ocasião que aparecesse, mas estava bem.
E tudo isso me fez chegar à seguinte conclusão: nós devemos valorizar mais as bolsas porque elas são como o sutiã: uma peça que só nós mulheres podemos usar e que é feita única e exclusivamente para gente. Você pode até estar se perguntando do vestido, da calcinha, da saia, mas é diferente: diferente porque desde crianças nós usamos calcinhas, saias e vestidos (já viu alguma mãe que dispensasse brincar com uma boneca de verdade como a gente era?). Mas o sutiã e a bolsa a gente só usa quando cresce e a necessidade aparece. A do sutiã é meio óbvia, mas a partir de quando a gente sente a necessidade de usar bolsa?
E olhando na rua eu vi que toda mulher usa bolsa. TODA. As ricas, as pobres, as nem tão ricas e as nem tão pobres. E tem tanta necessidade que bolsa se vende até no camelô. Tem até camelô só para vender bolsas! Tem loja especializada só em bolsas! Tem uma perto da minha casa que se chama TPM: “Tudo para Mulher”. E o detalhe que a loja só vende bolsas. A conclusão que se chega que a bolsa é o nosso tudo, com ela não precisamos de mais nada.
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domingo, 14 de dezembro de 2008
A letra B
Antes de sair do Brasil, deixe um ex para trás. Não sei como ou nem por quê mas a história voltou a ganhar força quando eu morava na França. Na volta para casa, achei melhor deixar tudo lá mesmo: se não deu certo naquela época, por que daria de novo? E deixei de lado. Qual não foi a minha surpresa quando pus os meus pés em terras brasilis e comecei a receber e-mails, e-mails e mais e-mails. Amigos me contavam que ele me procurava e estava começando a levar a busca cada vez mais a sério (tipo, bater na faculdade ou dar plantão na porta da minha casa). Antes de decidir o que fazer, resolvi fazer o "teste da amiga" (na época que eu lia Capricho, a revista publicou uma matéria que dizia o seguinte: antes de voltar para o seu ex, pergunte para sua amiga, porque só elas lembram o que você sofreu-ou não- e vão te abrir os olhos). Foi o que fiz.
Como a melhor amiga em questão morava na França, recebi um e-mail dois dias depois em que dizia as minhas possíveis opções e que se resumia basicamente a isso:
a) Seja fina e ignore o cara. Para sempre.
b) Pague para ver.
c) Solte os cachorros, xinga mesmo, não tenha vergonha e manda ele sumir do mapa.
Depois de um mês optando pela letra a) sem que ele desistisse, eu resolvi marcar a letra b). E claro, quebrei a minha linda carinha: o cara era mesmo um canalha e não me trouxe nada além de dor. Depois de dois meses chorando, eu resolvi fazer o que a minha amiga tinha dito no primeiro e-mail: solte os cachorros, xingue à vontade e vá viver a sua vida. Foi o que fiz e nunca me senti tão bem na vida depois que enviei uma carta de quatro páginas que tinha o seguinte título “A Amiga que eu sou para você“ onde confrontava o traste, como ele passou a ser chamado desde então, com tudo o que tínhamos vivido em quatro longos anos. E lavei minha alma, claro.
Como disse, o traste só me trouxe dor e mágoa. Mas no começo. Aos poucos eu fui me dando conta de que aquele tipo de relação era o que eu NÃO QUERIA mais para mim. E nesta de me livrar do amor que eu sentia por ele, acabei descobrindo o melhor presente, a única coisa que serviu da passagem dele pela minha vida: que eu amava mais a mim mesma. Bem mais. E, ao me dar conta disso, passei a enxergar com outros olhos o comportamento dos caras e, descolada, a ver o que valia a pena ou não marcar a letra b). Nestas, fui peneirando cada vez mais.
Depois que um traste passa por sua vida e machuca você o máximo que ele pode, você acaba indo apenas nos caras certos. Os certos podem até te machucar um dia, porque todos nós machucamos uns aos outros em determinados momentos da vida. Mas a probalidade dele ser um cara que vai te enganar, maltratar é muito pequena porque você não vai deixar mais. A minha mãe sempre disse que as pessoas fazem com a gente aquilo que a gente deixa- e é verdade. Os trastes só maltratam a gente porque a gente deixa. Exemplo? No primeiro sinal que eu tive de que um paquera em potencial estava me tirando, disse: “Você tá achando que eu sou o quê? Me respeita rapaz, porque eu já passei da época de sair com trastes como você". O resultado: como ele era mesmo um traste, caiu fora. Mas mesmo que ele não fosse (e homem adora testar a gente para ver nossos limites), iria ficar pianinho e nunca mais (REPITO: NUNCA MAIS) vai falar isso. Digo porque o outro paquera nunca mais falou isso, mesmo.
Conto tudo isso porque uma amiga querida está no período crítico de quem marcou a letra b): está sofrendo e muito. E ela me disse: “Não me arrependo de ter marcado a letra b) porque pelo menos eu não vou ficar imaginando o que teria acontecido. Pelo menos agora eu sei que ele não presta, mas eu fiz a minha parte, abri meu coração e tentei o máximo que pude". Faço dela as minhas palavras e mesmo depois de ter sofrido horrores, não me arrependo de ter assinalado a b). Porque foi só assim que eu aprendi a me valorizar e a me respeitar. Isso pode parecer clichê, mas não é. Como disse a Kelly Clarkson, “thank to you now I get what I want“. Thank you so much, Traste.
Dedico este post para Anali, Cinderela Cosmopolita, e Grazi, que marcaram a letra b) e hoje riem dos trastes de suas vidas.
Como a melhor amiga em questão morava na França, recebi um e-mail dois dias depois em que dizia as minhas possíveis opções e que se resumia basicamente a isso:
a) Seja fina e ignore o cara. Para sempre.
b) Pague para ver.
c) Solte os cachorros, xinga mesmo, não tenha vergonha e manda ele sumir do mapa.
Depois de um mês optando pela letra a) sem que ele desistisse, eu resolvi marcar a letra b). E claro, quebrei a minha linda carinha: o cara era mesmo um canalha e não me trouxe nada além de dor. Depois de dois meses chorando, eu resolvi fazer o que a minha amiga tinha dito no primeiro e-mail: solte os cachorros, xingue à vontade e vá viver a sua vida. Foi o que fiz e nunca me senti tão bem na vida depois que enviei uma carta de quatro páginas que tinha o seguinte título “A Amiga que eu sou para você“ onde confrontava o traste, como ele passou a ser chamado desde então, com tudo o que tínhamos vivido em quatro longos anos. E lavei minha alma, claro.
Como disse, o traste só me trouxe dor e mágoa. Mas no começo. Aos poucos eu fui me dando conta de que aquele tipo de relação era o que eu NÃO QUERIA mais para mim. E nesta de me livrar do amor que eu sentia por ele, acabei descobrindo o melhor presente, a única coisa que serviu da passagem dele pela minha vida: que eu amava mais a mim mesma. Bem mais. E, ao me dar conta disso, passei a enxergar com outros olhos o comportamento dos caras e, descolada, a ver o que valia a pena ou não marcar a letra b). Nestas, fui peneirando cada vez mais.
Depois que um traste passa por sua vida e machuca você o máximo que ele pode, você acaba indo apenas nos caras certos. Os certos podem até te machucar um dia, porque todos nós machucamos uns aos outros em determinados momentos da vida. Mas a probalidade dele ser um cara que vai te enganar, maltratar é muito pequena porque você não vai deixar mais. A minha mãe sempre disse que as pessoas fazem com a gente aquilo que a gente deixa- e é verdade. Os trastes só maltratam a gente porque a gente deixa. Exemplo? No primeiro sinal que eu tive de que um paquera em potencial estava me tirando, disse: “Você tá achando que eu sou o quê? Me respeita rapaz, porque eu já passei da época de sair com trastes como você". O resultado: como ele era mesmo um traste, caiu fora. Mas mesmo que ele não fosse (e homem adora testar a gente para ver nossos limites), iria ficar pianinho e nunca mais (REPITO: NUNCA MAIS) vai falar isso. Digo porque o outro paquera nunca mais falou isso, mesmo.
Conto tudo isso porque uma amiga querida está no período crítico de quem marcou a letra b): está sofrendo e muito. E ela me disse: “Não me arrependo de ter marcado a letra b) porque pelo menos eu não vou ficar imaginando o que teria acontecido. Pelo menos agora eu sei que ele não presta, mas eu fiz a minha parte, abri meu coração e tentei o máximo que pude". Faço dela as minhas palavras e mesmo depois de ter sofrido horrores, não me arrependo de ter assinalado a b). Porque foi só assim que eu aprendi a me valorizar e a me respeitar. Isso pode parecer clichê, mas não é. Como disse a Kelly Clarkson, “thank to you now I get what I want“. Thank you so much, Traste.
Dedico este post para Anali, Cinderela Cosmopolita, e Grazi, que marcaram a letra b) e hoje riem dos trastes de suas vidas.
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Mon Coeur A Fait
sábado, 13 de dezembro de 2008
Tempos Modernos
Eu nunca tive tanta certeza de que "this is the end of the world as we know as it" quanto hoje. Noveleira assumida, nunca imaginei que fosse ver um diálogo deste tipo em uma trama. Pior: em uma trama numa emissora evangélica. Ou melhor: numa emissora SUPER evangélica:
Cena: Carolina não quer saber de perdão.
Cenário: Casa de Carolina e Arlete.
Contexto: Depois de chegar de viagem, a mocinha descobre que a melhor amiga deu um beijo no namorado dela durante sua ausência.
Personagens: Carolina (protagonista, interpretada por Juliana Silveira) e Arlete (mãe da protagonista, interpretada por Jussara Freire).
Arlete (aka, mãe da moça): Filha, perdoa ele, sabe como é, ele homem e foi só um beijo, eles nem chegaram a transar.
Carolina (aka, mocinha): Ah mãe, dá licença vai? Este tipo de desculpa não cola! Ele é homem e eu sou mulher, e daí? Usar isso como desculpa, que ele é homem e homem é assim mesmo é machismo. Por que eles podem trair e a gente não? E pior, trair com a desculpa de que eles são homens? E a gente, não pode trair por quê? E mãe, não interessa se foi só um beijo, foi traição sim. Traição é beijo, é um olhar mais apaixonado. Os dois não têm perdão mesmo não.
Pára tudo: este é o discurso da mocinha! Da mocinha! Ok, as mocinhas da teledramaturgia usam cabelo curto, trabalham, são moderninhas, pagam o motel e dão para quem querem, até mesmo quando não estão apaixonadas (chega de exclusividade para os mocinhos!). Que o mundo mudou eu já sabia. E, até que enfim, as novelas, sempre tão conservadoras em sua forma, estão se dando conta disso. Realmente, this is the end of the world as we know it.
Chamas da Vida, de Cristianne Fridman, com colaboração de Paula Richard, Renata Dias Gomes, Camilo Pelegrini e Nélio Abbade, é a novela das 22h da Rede Record de Televisão, a mesma do bispo. Do bispo!
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Delírios
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
As melhores respostas
Depois de uma conversa com o taxista sobre o episódio da atendente fake da TIM, vou começar a colecionar as melhores respostas para estes golpistas que duvidam da nossa inteligência.
O taxista sofreu uma tentativa de golpe parecida, meliantes ligaram dizendo quetinham sequestrado a mulher dele. A resposta do cara? Segue:
"Mano, é o seguinte: a situação aqui em Taubaté tá preta. Vai ligar prum cara na rua ao invés de ficar incomodando seus colegas, firmeza?!"
E a resposta do bandido:
"Desculpe aí mano. As coisas tão ruins por aí? Que acontece, pegando rebelião?!"
E o taxista:
"Tá quase, tenho que desligar firmeza?!"
O bandido, achando se tratar de um colega do crime:
"Valeu mano, força aí!"
Mas é muita cara de pau mesmo!
O taxista sofreu uma tentativa de golpe parecida, meliantes ligaram dizendo quetinham sequestrado a mulher dele. A resposta do cara? Segue:
"Mano, é o seguinte: a situação aqui em Taubaté tá preta. Vai ligar prum cara na rua ao invés de ficar incomodando seus colegas, firmeza?!"
E a resposta do bandido:
"Desculpe aí mano. As coisas tão ruins por aí? Que acontece, pegando rebelião?!"
E o taxista:
"Tá quase, tenho que desligar firmeza?!"
O bandido, achando se tratar de um colega do crime:
"Valeu mano, força aí!"
Mas é muita cara de pau mesmo!
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Delírios
Exagerado
Na imobiliária:
- Você sabe, a Vila Leopoldina está valorizando muito.
- Pois é, a minha mãe trabalhou na Mofarrej anos atrás e não se conforma com isso. Sabe o que ela me falou: "O que, a Leopoldina um bairro chique?! Tá bonito pelo menos?"
- Dizem que a Vila Leopoldina será a nova Vila Nova Conceição.
- Vila Nova Conceição?! O Cleide, eu já ouvi que seria a nova Moema.
- É, Vila Nova Conceição é mesmo exagerado mesmo.
- Você sabe, a Vila Leopoldina está valorizando muito.
- Pois é, a minha mãe trabalhou na Mofarrej anos atrás e não se conforma com isso. Sabe o que ela me falou: "O que, a Leopoldina um bairro chique?! Tá bonito pelo menos?"
- Dizem que a Vila Leopoldina será a nova Vila Nova Conceição.
- Vila Nova Conceição?! O Cleide, eu já ouvi que seria a nova Moema.
- É, Vila Nova Conceição é mesmo exagerado mesmo.
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Delírios Paulistanos
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Traje a Rigor
"O CQC é um Pânico de terno e gravata."
De alguém do trampo, após matéria exibida sobre nosso querido local de trabalho.
De alguém do trampo, após matéria exibida sobre nosso querido local de trabalho.
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Delírios
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Coisas que eu queria entender
Eu sei que a internet é a nova tecnologia, mas quando falamos de tecnologia, o futuro não exclui o passado. Por que certos sites insistem em não por o telefone? Por que os wbmasters da vida não poe endereço, telefone e cep logo? Em caso de imprensa, por que não poem o email e telefone do responsável? Para que estas frescuras todas, fazer você perder tempo procurando? Aff!
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Delírios
domingo, 7 de dezembro de 2008
A Ilha
Mesmo quando morei em NYC não me senti tão ilhada como me sinto hoje em São Paulo. Talvez porque lá era tudo novidade, então não tinha tempo para me sentir deslocada- ou sozinha. O tempo que lá eu tinha era para descobrir, curtir ou dormir, não necessariamente nesta ordem. Sabia que lá minha vida tinha uma hora para acabar, que eu não iria morar ali para sempre.
Hoje me vejo em São Paulo por tempo indeterminado. parece até que vou morrer aqui. Mas esta sensação me dá tristeza: fazia sentido eu me sentir uma estranha em NYC, já aqui... eu nasci aqui, estudei aqui, conheço um monte de gente aqui. Mas continuo me sentindo estranha.
Um exemplo: tenho respeito pelas regras. Se dizem que é às 9h, para mim é às 9h. Se dizem que vão ligar, é porque vão ligar. Mas pareço ser a única que pensa assim porque eu marco às 9h e as pessoas chegam 10h, mesmo quando não tem trânsito. O que acontece é o simples desprezo que as pessoas tem pelas regras.
Em NYC, meu telefone celular tinha dez números na agenda. Aqui tem quase 300. E tanto aqui, como lá, as pessoas também não me ligam. Parece que não sou importante para ninguém. A verdade é que as pessoas estão ocupadas com a própria vida e esquecem de se preocupar com os demais, como se não vivessem em sociedade. Como diz um amigo meu, as pessoas priorizam elas mesmas e 30% de seu círculo social. O resto, bem, o resto é resto.
E é assim que tenho me sentindo ultimamente, um resto. Dizem que os amigos é a família que você faz. Como não tive família, tive que me apegar a isso. Mas hoje vejo que não é bem assim: os amigos nem sempre estão dispostos a ser família, e vice-versa.
Ontem, uma amiga chorou muito em seu aniversário: nem seus próprios pais foram, ninguém telefonou. Foram apenas duas amigas (eu e mais uma). Ela gritava: "Que droga, minha vida se resume a isso? Nós quatro e um bolo pequeno?". Segundo ela, a mulher da doceria olhou com cara de pena porque ela teve que comprar o próprio bolo- ninguém foi capaz de comprar pra ela. Agora a vida se resume a isso: se você compra o próprio bolo, é um idiota, perdedor. Se tem quem compre, sorte a sua. A vida se resume a isso.
Minha outra amiga teve nenén. Ninguém ligou para saber se estava bem. Eu perguntei: "Deu tudo certo, o plano cobriu tudo?". ela: "Não, mas eu me virei. Ganhei meu dia por você ter perguntado." Sinceramente, não precisa ser advinho para saber que as pessoas precisam de ajuda quando alguém nasce- ou morre. Falei isso para uma amiga que disse que eu não tinha avisado que passava por dificuldades. Ela perguntou porque eu não disse nada. Falei: "Querida, pelo momento que eu to passando você não se tocou disso?"
No fundo, as pessoas perderam o senso. Como elas têm tudo, não sabe o que significa não ter. Por isso, nem se preocupam com quem não tem. Santa Catarina? Aff, só para se aparecer. Mesmo.
Hoje me vejo em São Paulo por tempo indeterminado. parece até que vou morrer aqui. Mas esta sensação me dá tristeza: fazia sentido eu me sentir uma estranha em NYC, já aqui... eu nasci aqui, estudei aqui, conheço um monte de gente aqui. Mas continuo me sentindo estranha.
Um exemplo: tenho respeito pelas regras. Se dizem que é às 9h, para mim é às 9h. Se dizem que vão ligar, é porque vão ligar. Mas pareço ser a única que pensa assim porque eu marco às 9h e as pessoas chegam 10h, mesmo quando não tem trânsito. O que acontece é o simples desprezo que as pessoas tem pelas regras.
Em NYC, meu telefone celular tinha dez números na agenda. Aqui tem quase 300. E tanto aqui, como lá, as pessoas também não me ligam. Parece que não sou importante para ninguém. A verdade é que as pessoas estão ocupadas com a própria vida e esquecem de se preocupar com os demais, como se não vivessem em sociedade. Como diz um amigo meu, as pessoas priorizam elas mesmas e 30% de seu círculo social. O resto, bem, o resto é resto.
E é assim que tenho me sentindo ultimamente, um resto. Dizem que os amigos é a família que você faz. Como não tive família, tive que me apegar a isso. Mas hoje vejo que não é bem assim: os amigos nem sempre estão dispostos a ser família, e vice-versa.
Ontem, uma amiga chorou muito em seu aniversário: nem seus próprios pais foram, ninguém telefonou. Foram apenas duas amigas (eu e mais uma). Ela gritava: "Que droga, minha vida se resume a isso? Nós quatro e um bolo pequeno?". Segundo ela, a mulher da doceria olhou com cara de pena porque ela teve que comprar o próprio bolo- ninguém foi capaz de comprar pra ela. Agora a vida se resume a isso: se você compra o próprio bolo, é um idiota, perdedor. Se tem quem compre, sorte a sua. A vida se resume a isso.
Minha outra amiga teve nenén. Ninguém ligou para saber se estava bem. Eu perguntei: "Deu tudo certo, o plano cobriu tudo?". ela: "Não, mas eu me virei. Ganhei meu dia por você ter perguntado." Sinceramente, não precisa ser advinho para saber que as pessoas precisam de ajuda quando alguém nasce- ou morre. Falei isso para uma amiga que disse que eu não tinha avisado que passava por dificuldades. Ela perguntou porque eu não disse nada. Falei: "Querida, pelo momento que eu to passando você não se tocou disso?"
No fundo, as pessoas perderam o senso. Como elas têm tudo, não sabe o que significa não ter. Por isso, nem se preocupam com quem não tem. Santa Catarina? Aff, só para se aparecer. Mesmo.
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Delírios
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
911
Há cerca de um mês, passei a receber um telefonema que dizia mais ou menos assim:
"Bom dia senhora, aqui é Fransciuellen e sou da operadora TIM. Queria passar uns dados sobre sua conta, mas preciso da confirmação do seu CPF."
Hã,hã, claro, Francisuellen. Vou passar mesmo os meus dados para uma menina com forte sotaque carioca, ligando de um número de celular que não existe (eu tentei ligar de volta). Eu liguei para TIM também, que me informou não ter nenhum call center no Rio de Janeiro e que não costuma ligar pros seus clientes com este tipo de roteiro.
A ligação se repetiu um, dois, três, vários dias. Eu xingava, dizia que chamei a polícia, fazia um auê. A mulher dizia que eu estava abalada e louca, que ela era da TIM sim e precisava do número do meu CPF. Ficava irritada e, quanto mais eu me enervava, mais eles ligavam, inclusive em horários impróprios, como às 8h11 da manhã todo santo dia.
Isso foi durante um mês. Até que tive a brilhante idéia de atender e responder assim:
"Olha, posso te ajudar em alguma coisa? Sou filha da Ivy, ela sofreu um acidente e está internada em estado grave na UTI."
A resposta?
"Por favor, quando ela acordar, peça para ligar pra a TIM no 0800 tal e tal."
Cara de pau da moça. Inteligência a minha: funcionou e eles pararam de me ligar.
Não, não adiantou. Hoje, eis que a Suellen, operadora da TIM liga com a mesma história querendo o número do meu CPF. Mas já tinha aprendido a lição:
"Suellen, sou Mariana, a filha dela. Minha mãe (no caso eu) faleceu semana passada e esta linha será desativada em breve."
Nunca imaginei que a cara de pau dos bandidos fosse tão grande. Sem me dizer "I´m sorry for your lost" ou qualquer coisa do gênero, a bandida, tentando se passar por uma verdadeira operadora da TIM disse:
"A senhora deve ir a uma loja TIM com o atestado de óbito da sua mãe, para cancelar a linha."
Eu aguento?!
"Bom dia senhora, aqui é Fransciuellen e sou da operadora TIM. Queria passar uns dados sobre sua conta, mas preciso da confirmação do seu CPF."
Hã,hã, claro, Francisuellen. Vou passar mesmo os meus dados para uma menina com forte sotaque carioca, ligando de um número de celular que não existe (eu tentei ligar de volta). Eu liguei para TIM também, que me informou não ter nenhum call center no Rio de Janeiro e que não costuma ligar pros seus clientes com este tipo de roteiro.
A ligação se repetiu um, dois, três, vários dias. Eu xingava, dizia que chamei a polícia, fazia um auê. A mulher dizia que eu estava abalada e louca, que ela era da TIM sim e precisava do número do meu CPF. Ficava irritada e, quanto mais eu me enervava, mais eles ligavam, inclusive em horários impróprios, como às 8h11 da manhã todo santo dia.
Isso foi durante um mês. Até que tive a brilhante idéia de atender e responder assim:
"Olha, posso te ajudar em alguma coisa? Sou filha da Ivy, ela sofreu um acidente e está internada em estado grave na UTI."
A resposta?
"Por favor, quando ela acordar, peça para ligar pra a TIM no 0800 tal e tal."
Cara de pau da moça. Inteligência a minha: funcionou e eles pararam de me ligar.
Não, não adiantou. Hoje, eis que a Suellen, operadora da TIM liga com a mesma história querendo o número do meu CPF. Mas já tinha aprendido a lição:
"Suellen, sou Mariana, a filha dela. Minha mãe (no caso eu) faleceu semana passada e esta linha será desativada em breve."
Nunca imaginei que a cara de pau dos bandidos fosse tão grande. Sem me dizer "I´m sorry for your lost" ou qualquer coisa do gênero, a bandida, tentando se passar por uma verdadeira operadora da TIM disse:
"A senhora deve ir a uma loja TIM com o atestado de óbito da sua mãe, para cancelar a linha."
Eu aguento?!
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Delírios
domingo, 30 de novembro de 2008
Sabedoria popular
No táxi:
- Há quanto tempo o senhor trabalha na praça?
- 20 anos.
- E o trânsito está melhor ou pior?
- A mesma coisa.
- Eu acho que está pior, mas meu pai acha que é a mesma coisa há 30 anos.
- Também acho.
- E o que o senhor acha que tem que ser feito para melhorar o trânsito em São Paulo?
- Tirar as pessoas daqui.
- Como assim tirar as pessoas daqui? E o rodoanel, metrô, o senhor acha que não funciona?
- Você já esteve fora do país?
- Já.
- Que países você foi?
- Alguns.
- Já foi para Inglaterra?
- Já.
- Já foi para Londres?
- Já.
- E o que tem em cada bairro?
- Uma estação de metrô.
- E por que tiveram que criar o pedágio urbano no centro?
- Nossa, eu nunca pensei por este ponto! E pensar que o Maluf queria levar a capital para Brotas...
- O Maluf pensa, mas não faz.
- Há quanto tempo o senhor trabalha na praça?
- 20 anos.
- E o trânsito está melhor ou pior?
- A mesma coisa.
- Eu acho que está pior, mas meu pai acha que é a mesma coisa há 30 anos.
- Também acho.
- E o que o senhor acha que tem que ser feito para melhorar o trânsito em São Paulo?
- Tirar as pessoas daqui.
- Como assim tirar as pessoas daqui? E o rodoanel, metrô, o senhor acha que não funciona?
- Você já esteve fora do país?
- Já.
- Que países você foi?
- Alguns.
- Já foi para Inglaterra?
- Já.
- Já foi para Londres?
- Já.
- E o que tem em cada bairro?
- Uma estação de metrô.
- E por que tiveram que criar o pedágio urbano no centro?
- Nossa, eu nunca pensei por este ponto! E pensar que o Maluf queria levar a capital para Brotas...
- O Maluf pensa, mas não faz.
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Delírios Paulistanos
Como medir o nível de álcool dos seus vizinhos Parte II
Quando seus vizinhos começam a cantar "Ela e Namorado dela, eu e minha Namorada" às 3h50 da manhã: além de álcool em excesso, os vizinhos tem péssimo gosto musical e é hora para mandar parar.
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Delírios
Nova rota
Quando eu morava em Paris, fui visitar uma amiga minha em um dos pontos mais extremos da cidade. Era um lugar longe, muito longe, que não me lembro qual era. E nem era bonito, tinha muitos prédios, todos comerciais. Fiquei surpresa por ter encontrado um bairro à la Berrini em plena Paris, famosa por construções antigas, ruas de paralelepípedo. E fiquei feliz por ter descoberto mais aquele canto na cidade Luz.
Hoje me lembrei daquele passeio graças ao convite do Regis, amigo querido da faculdade, que me chamou para ver A Reserva, peça excelente da Marta Goes, com elenco encabeçado por irene Ravache. O teatro fica na Avenida do Café. Não sei o bairro, só que fica perto do metrô Conceição. Em resumo: era longe.
Convidei o Olavo, que recusou o convite exatamente por conta da distância. Chegando lá, Regis zombou da minha cara e quando disse que meu + 1 tinha me dispensado por causa da longura, ele falou que esta a desculpa mais comum que ouvia. Longe em São Paulo é totalmente relativo. Eu levei 30 minutos para chegar no teatro. Estacionei na rua sem nenhum menino, flanelinha ou qualquer guaridão das ruas me abordando pedindo dinheiro. E lá descobri um pedaço da cidade que não conhecia, mas que tinha um quê daquele canto inesperado de Paris.
Na volta, fiquei pensando no que Irene Ravache falou: "Por favor, divulguem o teatro". Como o Cosipa não fica no miolo dos Jardins, era meio que rejeitado, apesar de ter uma acústica incrível. Da última vez que fui ao Borboun, que é do lado de casa, eu levei 45 minutos para chegar (com os faróis e as ruas sem saída) e para encontrar uma vaga no estacionamento numa odisséia estressante. Quando que na rua Augusta eu acharia uma vaga assim de boa? E para atravessar a cidade num dia de domingo foi tão relaxante que nem me dei conta que me tomou meia hora da minha existência para assistir uma peça que valeu muito a pena.
Em tempos de Google, não tem desculpa não se achar. Com um clique eu peguei o mapa e descobri onde era a avenida do Café. No carro fiquei me perguntando porque a avenida era do Café, sendo que os barões do café moraram mesmo na Paulista. Pensei nas pesoas que moram naquele bairro, que parece ser tão interior, se a vida na zona sul é muito diferente da zona oeste. Como diz Regininha, "seria muito chato se eu soubesse tudo porque não teria espaço para a sua grande imaginação".
Achei bacana a iniciativa da Cosipa, de fazer um teatro naquela região, que levou entretenimento para aquele público.
Fiquei me perguntando porque as pessoas são como o Olavo, que tem medo da distância. Ou melhor, por que as pessoas tem tanto medo do desconhecido? Por que o terror em descobrir sua própria cidade? Em descobrir um novo caminho, saber os cantos da própria casa. O que eu mais gosto na vida é poder conhecer os lugares, saber onde fica a avenida do Café, que é só ir pela Pedro Bueno que eu caio nela. Acaba sendo mais um jeito de sentir São Paulo, de viver na metrópole. Viver de verdade.
Hoje me lembrei daquele passeio graças ao convite do Regis, amigo querido da faculdade, que me chamou para ver A Reserva, peça excelente da Marta Goes, com elenco encabeçado por irene Ravache. O teatro fica na Avenida do Café. Não sei o bairro, só que fica perto do metrô Conceição. Em resumo: era longe.
Convidei o Olavo, que recusou o convite exatamente por conta da distância. Chegando lá, Regis zombou da minha cara e quando disse que meu + 1 tinha me dispensado por causa da longura, ele falou que esta a desculpa mais comum que ouvia. Longe em São Paulo é totalmente relativo. Eu levei 30 minutos para chegar no teatro. Estacionei na rua sem nenhum menino, flanelinha ou qualquer guaridão das ruas me abordando pedindo dinheiro. E lá descobri um pedaço da cidade que não conhecia, mas que tinha um quê daquele canto inesperado de Paris.
Na volta, fiquei pensando no que Irene Ravache falou: "Por favor, divulguem o teatro". Como o Cosipa não fica no miolo dos Jardins, era meio que rejeitado, apesar de ter uma acústica incrível. Da última vez que fui ao Borboun, que é do lado de casa, eu levei 45 minutos para chegar (com os faróis e as ruas sem saída) e para encontrar uma vaga no estacionamento numa odisséia estressante. Quando que na rua Augusta eu acharia uma vaga assim de boa? E para atravessar a cidade num dia de domingo foi tão relaxante que nem me dei conta que me tomou meia hora da minha existência para assistir uma peça que valeu muito a pena.
Em tempos de Google, não tem desculpa não se achar. Com um clique eu peguei o mapa e descobri onde era a avenida do Café. No carro fiquei me perguntando porque a avenida era do Café, sendo que os barões do café moraram mesmo na Paulista. Pensei nas pesoas que moram naquele bairro, que parece ser tão interior, se a vida na zona sul é muito diferente da zona oeste. Como diz Regininha, "seria muito chato se eu soubesse tudo porque não teria espaço para a sua grande imaginação".
Achei bacana a iniciativa da Cosipa, de fazer um teatro naquela região, que levou entretenimento para aquele público.
Fiquei me perguntando porque as pessoas são como o Olavo, que tem medo da distância. Ou melhor, por que as pessoas tem tanto medo do desconhecido? Por que o terror em descobrir sua própria cidade? Em descobrir um novo caminho, saber os cantos da própria casa. O que eu mais gosto na vida é poder conhecer os lugares, saber onde fica a avenida do Café, que é só ir pela Pedro Bueno que eu caio nela. Acaba sendo mais um jeito de sentir São Paulo, de viver na metrópole. Viver de verdade.
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Delírios Paulistanos
sábado, 29 de novembro de 2008
Como medir o nível de álcool dos seus vizinhos
De uma a duas garrafas de cerveja por pessoa: conversa simples.
De duas a quatro garrafas de cerveja por pessoa: conversa, vamos assim dizer, animada.
De quatro a seis garrafas de cerveja por pessoa: um violão aparece na conversa.
De seis a oito garrafas de cerveja por pessoa: o repertório é basicamente Raul Seixas.
De oito a dez garrafas de cerveja por pessoa: o repertório cantado, em coro, é Demônios da Garoa. "Moro em Jaçanã" mesmo estando em Perdizes.
Não há mais sangue, só álcool: "Eu não sou macaco mas eu gosto de banana/ Babalu banana que chegou!"
De duas a quatro garrafas de cerveja por pessoa: conversa, vamos assim dizer, animada.
De quatro a seis garrafas de cerveja por pessoa: um violão aparece na conversa.
De seis a oito garrafas de cerveja por pessoa: o repertório é basicamente Raul Seixas.
De oito a dez garrafas de cerveja por pessoa: o repertório cantado, em coro, é Demônios da Garoa. "Moro em Jaçanã" mesmo estando em Perdizes.
Não há mais sangue, só álcool: "Eu não sou macaco mas eu gosto de banana/ Babalu banana que chegou!"
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Delírios
O lado bom das coisas
No bar:
- O meu episódio favorito é aquele que a Phoebe quer ir no show do Sting.
- Qual é este?
- Aquele em que ela fala pro Ross conseguir os ingressos.
- Nossa, não vi este.
- Eu adoro este.
- O bom de não ser superfã é que sempre tem um episódio de Friends para assistir.
Lygia, I miss you so much!
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Delírios
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Seguindo a corrente do bem
É hora de ajudar.
Em Santa Catarina, muita gente perdeu tudo.
Se você puder ajudar,
deposite a sua doação
na conta da Defesa Civil de Santa Catarina:
Banco do Brasil
Agência 3583-3
Conta corrente 80000-7
Defesa Civil de Santa Catarina
Você também pode doar cobertores,
lençóis, fronhas, roupas em geral
e alimentos prontos, como biscoitos e enlatados.
Ligue (48) 4009 9886 ou 4009-9883 para mais informações.
Em Santa Catarina, muita gente perdeu tudo.
Se você puder ajudar,
deposite a sua doação
na conta da Defesa Civil de Santa Catarina:
Banco do Brasil
Agência 3583-3
Conta corrente 80000-7
Defesa Civil de Santa Catarina
Você também pode doar cobertores,
lençóis, fronhas, roupas em geral
e alimentos prontos, como biscoitos e enlatados.
Ligue (48) 4009 9886 ou 4009-9883 para mais informações.
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Mon Coeur A Fait
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Estranho no Ninho
Eu não sei como surgiram os gays. Que eu me lembre, eles sempre existiram, desde a Grécia antiga. Então, não sei como nem por que um dia eles foram parar dentro do armário. Não faz sentido ter que esconder uma coisa que sempre existiu! Os homossexuais existem desde que o mundo é mundo. E vão existir sempre.
Não me lembro bem, mas lembro que li no Museu do Sexo de Amsterdan que um capitão grego tinha dito que todo bom militar precisava de um ou dois meninos. Se naquela época eles andavam entre os demais, se eram considerados responsáveis pelo sucesso de um militar, como eles passaram a ser minoria? Não sei se eles eram maioria ou meio a meio, mas pelo menos deveriam ser respeitados naqueles tempos. E hoje não são.
Tanto não são que tem que se enrustir. Ficar no armário. Convivo com um gay enrustido e vejo o quanto ele é infeliz. E fico me perguntando por quê, sendo que hoje as coisas estão tão liberais. Como eu sou tola não? Que sociedade é esta que uma cantora de sucesso (que até agora ainda não acabou...) pede pra Deus livrá-la de ter um filho gay? O filho dela tinha que ser macho! Senhor...
Eu li uma entrevista do Bruno Chateaubriand dizendo que as pessoas da sociedade tratavam ele bem para parecer descoladas e politicamente corretas. Ter amigo gay é moda, é chique, é fashion. Ai vem a cantora e a modelo e dizem que amam os gays, que convivem com os gays e tals, só não querem que os filhos sejam. Eu não amo os gays, eu amo gente de bem. Eu não vou amar um gay se ele for mal caráter e fofoqueiro. Mas vou amar se ele for leal e honesto. Tenho muitos amigos assim, que, por um acaso são heterossexuais. E também homossexuais.
Ok, ok... elas amam os gays só porque eles são gays. Mas que tipo de gays elas amam? Eu não entendi como os gays entraram no armário, mas sei que saíram com força total de uns anos pra cá. Como o ser humano odeia o que é diferente, repudiou os gays. Aí quando viu que não tinha mais jeito, inventou um esterótipo para o tipo ficar aceitável, que é a bicha alegre, purpurina, fashion. Pára tudo!
Não é de me espantar que o menino não queira sair do armário. Afinal, se se assumir significa ser uma bichinha, ai que amor, ele não tem escolha a ser diferente. E se ele simplesmente não for assim? Se não for da personalidade dele? Se ele prefere esportes a moda, o que que tem? E se ele prefere homem a mulher, e dai? Só por que ele gosta de homem tem que gostar de rosa também? Sexualidade não é número do Mc Donald's, pede um e vem o outro automaticamente.
Quando eu morava nos States, o Willian me falou que levava vários mega top blaster executivos... gays. E eles eram de boa, falavam grosso, usavam terno e gravata, nada afeminados. O Willian achava aquilo legal, porque, ele não precisava ser afeminado para ser gay.
Só que, pelo jeito, ninguém pode ser simplesmente gay. Afinal, a cantora e a modelo que amam gays, sonham em ter um Stanford, o marido gay da Carrie Bradshaw, ninguém quer ter um amigo Brokeback Mountain. Afinal, glamour mesmo é andar com um careca de óculos feio como o Stanford, não um gostoso como o Heath Ledger.
Eu não sou mãe, mas entendo as mães. E não julgo esta moça que falou isso porque, mesmo estando grávida, ela ainda não é mãe. E mãe que é mãe quer a felicidade do filho, tá pouco se fudendo do que ele gosta ou deixa de gostar. O que tem são umas que sucumbem à pressão social e deixam o filho de lado. E outras que pensam que homossexualidade no filho dos outros é refresco. Oh mundinho... Mas tem umas que vão à parada gay marchar com seus filhos. E era destas que eu queria ouvir resposta à esta cantora e a modelo que dizem "Deus me livre ter um filho gay!". Se todas as mães pensassem como ela, a cantora não teria amigos gays para amar porque, se Deus escutasse os pedidos destas mães, não haveriam gays (para certos pedidos ele deve ser mesmo surdo)!
E os direitos humanos, cadê?!
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Velha Infância
Hoje eu conheci um menino que tinha um site chamado Nostalgia 90. Não faz muito tempo que ele deixou de ser criança, então não entendi tanto as saudades. Não sei se foi porque eu tive uma infância trash, mas nunca senti saudade alguma dos anos 80. Até hoje.
Quer dizer, não foram bem saudades. Foi um "thank you God, I was born in the 80's" depois de ver a propaganda de uma boneca chamada Litlle Mommy Banheirinho. A menina ensina a boneca a ir ao banheiro, dar descarga e lavar as mãos. Detalhe: na privada, tem um lado que representa o número 1 e outro que representa o número 2. A boneca fala: "Tchau Xixi!" e "Tchau Cocô" de acordo com o lado escolhido pela garota.
Não tenho nada contra ensinar crianças que as funções fisiológicas não são nada demais. Achei até educativo. Divertido? Nem um pouco. Fazer uma ida ao banheiro uma brincadeira já é demais. O que acontece com este povo que inventa bonecas? Ninguém é capaz de ter uma idéia mais limpa? Se as idéias estão fracas, por que não um revival?
God, thank you so much, I was born in the 80's, use that awfull clothes, but, at least, I played with Bolinha de Sabão. Tutupla, tuplin!
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terça-feira, 25 de novembro de 2008
Crítica televisiva
Tets e eu assistindo a Sid & Nancy:
- Este Gary Oldman é do caralho!
- Ele é um puta ator, no Drácula ele estava incrível.
- Juro por Deus, quando eu assisti a Harry Potter, não consegui reconhecê-lo.
- Mas um bom ator é assim mesmo, ele fica irreconhecível de um papel para outro, você tem que se esforçar pra lembrar de onde a gente conhece.
- Pois é, com o Gary Oldman no mundo e a gente ainda tem que ouvir que a Grazi Massafera é boa atriz.
- Ouvir isso de quem, do Cauã?!
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Mulher de Fases
“São Paulo é uma mulher na TPM.“
“Quem te falou isso é porque não chegou na menopausa ainda. São Paulo é uma mulher na menopausa.“
“Quem te falou isso é porque não chegou na menopausa ainda. São Paulo é uma mulher na menopausa.“
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Tempo Perdido
Diálogo:
- Estou com saudades.
- Eu também. Queria tanto falar com você.
- A última vez que falei com você, Obama ainda não era presidente e o Itaú era um banco, o Unibanco, outro.
- E o Kassab tinha chances remotas de ser reeleito...
- Nossa, faz tanto tempo assim?
- Não, mas o mundo mudou tanto né?
- Estou com saudades.
- Eu também. Queria tanto falar com você.
- A última vez que falei com você, Obama ainda não era presidente e o Itaú era um banco, o Unibanco, outro.
- E o Kassab tinha chances remotas de ser reeleito...
- Nossa, faz tanto tempo assim?
- Não, mas o mundo mudou tanto né?
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Ponto de Partida
Eu nasci na Lapa. Mas, por conta de mil e uma coisas, me mudei com minha família para a distante terra de ninguém chamada Osasco. Eu tinha nove anos na época. E como Osasco é Osasco, eu nunca deixei de frequentar São Paulo. E toda vez que tinha um motivo para ir para São Paulo, seja médico, dentista, aeroporto, eu passava pela Lapa e me sentia bem. A Lapa era a única coisa que eu realmente conhecia bem naquele mundaréu que era São Paulo.
Não sei se eram as lembranças da infância ou se era pelo fato de não ser estranho, mas o bairro era um porto seguro para mim. Sabia que se estivesse em qualquer canto da cidade, era só voltar para Lapa que tudo daria certo.
Sai de Osasco e, com um Nike 35, eu corri mundo. Morei em Nova York, em Paris, em Genebra, mas sempre que via algum detalhe que parecia com a Lapa eu dava um jeito de me aproximar. Era um jeito de ficar perto do que a minha vida era quando começou.
Voltei para São Paulo e não fui morar na Lapa. Escolhi a Vila Madalena porque era perto do metrô e da PUC. Na verdade, Lapa era a infância, a Vila, adulthood. E hoje, mesmo morando há tempos na Vila, ainda me sinto mais segura na Lapa. Parece que nada vai me acontecer lá, tanto que eu ando de vidros abertos e não tenho medo de assalto, como se as pessoas ainda me conhecessem, como se eu ainda morasse lá.
Estou escrevendo tudo isso porque ouvi a história de um cara que namora há anos uma menina em sua cidade natal, mas mora numa capital e mete chifres adoidado na coitada. Me perguntaram: será que ele a ama? Eu acho que do mesmo jeito que eu não amo a Lapa, mas a tenho como porto seguro, este cara deve ter esta garota como o canto para ir quando não se tem mais o que fazer.
Certas pessoas precisam se um porto seguro, seja ele uma pessoa física ou jurídica. Mas precisar não significa amar. A definição que mais gosto de amar vem de um filme adolescente chamado The perfect guy em que o Chris North conta que um homem apaixonado é aquele que prefere ficar com a mulher amada sendo que ele poderia estar em qualquer lugar do mundo.
Eu poderia estar na Lapa, mas prefiro deixar o bairro no meu coração como um porto seguro, não como o bairro de cada dia. E acho o mesmo deste e de outros caras que mantém um relacionamento simplesmente para ter onde ir quando não se tem mais para onde ir. Amar é querer ir, não ir por falta de opção.
Aliás, amar é bem mais que isso. Amar é cuidar, respeitar e, se for o caso, abrir mão da pessoa amada para vê-la feliz. Nós não abrimos mão dos nossos portos-seguro, porque senão não seriam seguros, seriam qualquer porto. Porto seguro é aquele lugar ou aquela pessoa que no matter what, would be there. E amar é estar com a pessoa que se ama no matter what.
A Lapa fez parte de uma fase de uma vida, hoje não faz mais. Acho um erro insistir no que se passou. Acho estas relações porto seguro isso, a insistência em querer algo que já deu.
Claro deve até ter algum sentimento em uma relação porto-seguro/marinheiro. Mas, como já disse Renato Russo, eu acho que isso não é amor.
Não sei se eram as lembranças da infância ou se era pelo fato de não ser estranho, mas o bairro era um porto seguro para mim. Sabia que se estivesse em qualquer canto da cidade, era só voltar para Lapa que tudo daria certo.
Sai de Osasco e, com um Nike 35, eu corri mundo. Morei em Nova York, em Paris, em Genebra, mas sempre que via algum detalhe que parecia com a Lapa eu dava um jeito de me aproximar. Era um jeito de ficar perto do que a minha vida era quando começou.
Voltei para São Paulo e não fui morar na Lapa. Escolhi a Vila Madalena porque era perto do metrô e da PUC. Na verdade, Lapa era a infância, a Vila, adulthood. E hoje, mesmo morando há tempos na Vila, ainda me sinto mais segura na Lapa. Parece que nada vai me acontecer lá, tanto que eu ando de vidros abertos e não tenho medo de assalto, como se as pessoas ainda me conhecessem, como se eu ainda morasse lá.
Estou escrevendo tudo isso porque ouvi a história de um cara que namora há anos uma menina em sua cidade natal, mas mora numa capital e mete chifres adoidado na coitada. Me perguntaram: será que ele a ama? Eu acho que do mesmo jeito que eu não amo a Lapa, mas a tenho como porto seguro, este cara deve ter esta garota como o canto para ir quando não se tem mais o que fazer.
Certas pessoas precisam se um porto seguro, seja ele uma pessoa física ou jurídica. Mas precisar não significa amar. A definição que mais gosto de amar vem de um filme adolescente chamado The perfect guy em que o Chris North conta que um homem apaixonado é aquele que prefere ficar com a mulher amada sendo que ele poderia estar em qualquer lugar do mundo.
Eu poderia estar na Lapa, mas prefiro deixar o bairro no meu coração como um porto seguro, não como o bairro de cada dia. E acho o mesmo deste e de outros caras que mantém um relacionamento simplesmente para ter onde ir quando não se tem mais para onde ir. Amar é querer ir, não ir por falta de opção.
Aliás, amar é bem mais que isso. Amar é cuidar, respeitar e, se for o caso, abrir mão da pessoa amada para vê-la feliz. Nós não abrimos mão dos nossos portos-seguro, porque senão não seriam seguros, seriam qualquer porto. Porto seguro é aquele lugar ou aquela pessoa que no matter what, would be there. E amar é estar com a pessoa que se ama no matter what.
A Lapa fez parte de uma fase de uma vida, hoje não faz mais. Acho um erro insistir no que se passou. Acho estas relações porto seguro isso, a insistência em querer algo que já deu.
Claro deve até ter algum sentimento em uma relação porto-seguro/marinheiro. Mas, como já disse Renato Russo, eu acho que isso não é amor.
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domingo, 9 de novembro de 2008
Por que o scarpin é O sapato
Se não fosse, ele seria escolhido para ilustrar o cartaz deste filme?
Nada mais a dizer, declaro o scarpin vermelho O sapato!
"Não sabemos quem inventou o salto alto, mas devemos ser sempre gratas a ele."
Marilyn Monroe
Por que o scarpin é O sapato
Seguindo a linha dos Delírios Fashions (ops, categoria a ser criada!), vou descrever a minha outra paixão do guarda-roupa feminino, o scarpin.(Abre parênteses: Iria dizer que não sou nenhuma Imelda Marcos mas me dei conta de que este exemplo está velho demais. Fecha parênteses.) Enfim, não sou nenhuma Carrie Bradshaw (ou pelo menos não como gostaria), mas eu tento e tenho váriosss pares nas minhas araras.
Quer dizer, acho melhor não. Vou colocar aqui o texto da Joanna de Assis sobre os nossos fetiches (competimos para ver quem tem mais pares), que é um dos meus favoritos dela:
Coisas de mulher...
É vermelho, cor de sangue. Textura suave, material de primeira linha. Quando vi, fui atraída instantaneamente. Não resisti ao rubro que cintiliava na vitrine.
Muitos olhares femininos se lançavam cobiçosos, mas eu tinha reparado primeiro em toda a sua exuberância italiana. Conseqüência da impulsividade, o levei para casa. Morram de inveja, mulheres. Ele é meu!
Não é sempre que me acompanha, afinal, ele foi feito para ocasiões especiais. Foge da regra, rompe o comum. E ainda por cima era meu, de desenho assinado por um dos mais respeitados estilistas. Há quem achasse que se tratava de uma extravagância. Mas seu charme está exatamente em seu ar estrambótico. Só é preciso cuidado para usá-lo.
O conforto que me proporciona é relativo. Devo confessar que me aperta, como se quisesse consumir aquele pedaço de carne. Mas sua beleza e majestade são insuperáveis. O que é a dor perto de algo como aquilo? Onze centímetros de puro prazer. Ai! É capaz de levar qualquer mulher às alturas.
Dá-lhe, Scarpin Vermelho...
Este texto foi escrito para uma aula do Wellington e eu encontrei uma cópia dentro do "Notícias do Planalto" dela há dois anos. Eu tô numa vibe de desenterrar tão forte que daqui a pouco vão me acusar de exumação de textos...
Quer dizer, acho melhor não. Vou colocar aqui o texto da Joanna de Assis sobre os nossos fetiches (competimos para ver quem tem mais pares), que é um dos meus favoritos dela:
Coisas de mulher...
É vermelho, cor de sangue. Textura suave, material de primeira linha. Quando vi, fui atraída instantaneamente. Não resisti ao rubro que cintiliava na vitrine.
Muitos olhares femininos se lançavam cobiçosos, mas eu tinha reparado primeiro em toda a sua exuberância italiana. Conseqüência da impulsividade, o levei para casa. Morram de inveja, mulheres. Ele é meu!
Não é sempre que me acompanha, afinal, ele foi feito para ocasiões especiais. Foge da regra, rompe o comum. E ainda por cima era meu, de desenho assinado por um dos mais respeitados estilistas. Há quem achasse que se tratava de uma extravagância. Mas seu charme está exatamente em seu ar estrambótico. Só é preciso cuidado para usá-lo.
O conforto que me proporciona é relativo. Devo confessar que me aperta, como se quisesse consumir aquele pedaço de carne. Mas sua beleza e majestade são insuperáveis. O que é a dor perto de algo como aquilo? Onze centímetros de puro prazer. Ai! É capaz de levar qualquer mulher às alturas.
Dá-lhe, Scarpin Vermelho...
Este texto foi escrito para uma aula do Wellington e eu encontrei uma cópia dentro do "Notícias do Planalto" dela há dois anos. Eu tô numa vibe de desenterrar tão forte que daqui a pouco vão me acusar de exumação de textos...
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Delírios Fashions
sábado, 8 de novembro de 2008
Por que o vestido é A peça
Tenho andado com mania de vestidos. Perdi as contas de quantos comprei nos últimos meses. O que sei é que minha paixão por eles começou tal e qual a minha coleção de blusinhas pretas, mas, até agora, não tem hora para acabar. Tenho vestidos menina, vestidos sexy, cocktail dress, vestido soltinho pra ficar em casa, vestido para bater, vestido descontraído, para casamento. Estou catalogando todas as prováveis situações que posso enfrentar na vida e adquirindo um vestido especial para cada.
Desencanei de calças, das bermudas (outras das minha paixões) e até mesmo das saias, que são as jogadoras reservas quando um vestido está unvailable. Minhas blusinhas estão praticamente aposentadas, todas elas coitadas, porque estou na vibe do dress e não tem jeito.
Não sei de onde surgiu esta minha paixão, mas, pelo menos, achei um motivo para justificá-la (eu e os meus motivos...). Estes dias estava na academia e, para promover uma festa, dois professores se vestiram de mulher (não entendi também). Eles ganharam alguns looks das alunas para a empreitada e todas as peças foram...vestidos. Nós, mulheres, usamos muita calça, praticamente todo dia. Calça já virou peça feminina, tanto que tem umas bem sexies. Mas, quando o assunto é feminilidade fashion, não tem por onde fugir: é ele e pronto.
Vendo os meninos usando vestido é que me dei conta: por mais que as calças sejam nossa, elas não exclusividade só nossa. Assim como as bermudas, as blusas, as camisas. Estas peças unissex nos deixam todos e todas no mesmo closet. Já os vestidos não, só nós podemos usar, tanto que, quando um cara quer se vestir de mulher, é a ele que ele recorre. E claro, dentro desta categoria estão também as saias e todas aquelas peças óbvias, como calcinha, sutiã, meia-calça e salto alto.
Os dois professores poderiam muito bem "look like a lady" com uma calça e uma frente-única. Mas não faria o mesmo sentido. Outra coisa que me lembrei foi de uma cena de Confissões de Adolescente quando a Deborah Secco (direto do túnel do tempo!) se apaixona por um colega de classe, e, para conquistá-lo, pede dinheiro para o pai para comprar um vestidinho (e ela era uma menina supermoleque, só de bermudão, camisetão e boné). Sem contar aquelas cenas de cinema em que a mulher entra abrindo alas (tipo a Laney Boog em Ela é Demais): não me lembro de uma saindo de calça ou bermuda.
Falando com a menina do G1 também apaixonada por vestidos, cheguei à conclusão final sobre o meu "estudo" da roupa: eu trabalho igual homem, pago contas igual homem, me debato por uma declaração da Dilma igual homem, enfim, eu sou praticamente um homem. Como diz a Marina, mulher tem que ser muito macha neste meio para sobreviver. Então, se eu acabo fazendo tudo como eles, que pelo menos uma coisa eu me reserve o direito e me dê o luxo de ser diferente, no meu jeito de vestir. E como só mesmo os eles meio duvidosos que se arriscam nesta peça, eu vou de vestido mesmo seja lá para onde for.
P.S.: Como boa menina-menino que sou, o que eu gosto mesmo em usar vestido é praticidade: é uma peça só, não tem que ficar combinando, é mais rápido de por, pronto e acabou.
Desencanei de calças, das bermudas (outras das minha paixões) e até mesmo das saias, que são as jogadoras reservas quando um vestido está unvailable. Minhas blusinhas estão praticamente aposentadas, todas elas coitadas, porque estou na vibe do dress e não tem jeito.
Não sei de onde surgiu esta minha paixão, mas, pelo menos, achei um motivo para justificá-la (eu e os meus motivos...). Estes dias estava na academia e, para promover uma festa, dois professores se vestiram de mulher (não entendi também). Eles ganharam alguns looks das alunas para a empreitada e todas as peças foram...vestidos. Nós, mulheres, usamos muita calça, praticamente todo dia. Calça já virou peça feminina, tanto que tem umas bem sexies. Mas, quando o assunto é feminilidade fashion, não tem por onde fugir: é ele e pronto.
Vendo os meninos usando vestido é que me dei conta: por mais que as calças sejam nossa, elas não exclusividade só nossa. Assim como as bermudas, as blusas, as camisas. Estas peças unissex nos deixam todos e todas no mesmo closet. Já os vestidos não, só nós podemos usar, tanto que, quando um cara quer se vestir de mulher, é a ele que ele recorre. E claro, dentro desta categoria estão também as saias e todas aquelas peças óbvias, como calcinha, sutiã, meia-calça e salto alto.
Os dois professores poderiam muito bem "look like a lady" com uma calça e uma frente-única. Mas não faria o mesmo sentido. Outra coisa que me lembrei foi de uma cena de Confissões de Adolescente quando a Deborah Secco (direto do túnel do tempo!) se apaixona por um colega de classe, e, para conquistá-lo, pede dinheiro para o pai para comprar um vestidinho (e ela era uma menina supermoleque, só de bermudão, camisetão e boné). Sem contar aquelas cenas de cinema em que a mulher entra abrindo alas (tipo a Laney Boog em Ela é Demais): não me lembro de uma saindo de calça ou bermuda.
Falando com a menina do G1 também apaixonada por vestidos, cheguei à conclusão final sobre o meu "estudo" da roupa: eu trabalho igual homem, pago contas igual homem, me debato por uma declaração da Dilma igual homem, enfim, eu sou praticamente um homem. Como diz a Marina, mulher tem que ser muito macha neste meio para sobreviver. Então, se eu acabo fazendo tudo como eles, que pelo menos uma coisa eu me reserve o direito e me dê o luxo de ser diferente, no meu jeito de vestir. E como só mesmo os eles meio duvidosos que se arriscam nesta peça, eu vou de vestido mesmo seja lá para onde for.
P.S.: Como boa menina-menino que sou, o que eu gosto mesmo em usar vestido é praticidade: é uma peça só, não tem que ficar combinando, é mais rápido de por, pronto e acabou.
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Delírios
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Por que o rosa é A cor
Como o psicológo Andrew Elliot tem muito o que fazer, ele resolveu estudar em sua universidade o efeito (positivo) que uma mulher usando uma roupa vermelha exerce sobre os homens (hetero, creio eu). Sei que isso foi semana passada, mas me lembrei deste texto que está há mais de um ano na gaveta e que tem a ver com isso. Se não tem, pelo menos eu acho que tem. Se a minha gaveta não fosse digital, minha bombinha de asma estaria literalmente bombando por causa de tanta poeira, já que finalmente estou publicando meus textos antigos. E viva a tecnologia!
Porque o rosa é a cor
Minha amiga Joanna de Assis quase me matou quando eu levei um blazer e
um casaco da mesma cor. Rosa, é claro. "Você tem milhões de coisas
rosas em casa. Pare com isso. Varie", me alertou.
Eu nunca fui uma garota rosa. Gostava de preto, vermelho, azul, branco
no verão, quando estava superbronzeada. Gostava de quase tudo, menos
verde e roxo. Mas no ano passado comecei a comprar tudo rosa. Acho que
peguei a mania da minha prima, que tinha tudo rosa.
Sei que um dia fui numa loja de lingerie e achei uma bolsa de toalha.
Rosa, é claro. Comprei e comentei com a vendedora que estava na minha
fase rosa. "Deve ser porque
as coisas estão indo muito bem para você, a sua vida deve estar rosa",
teorizou. E era verdade, aquele momento era mesmo la vie en rose.
Mas nada disso explica porque o rosa é a cor. Nem sei se existe uma
razão, mas vou arriscar algumas. A primeira coisa que me veio à cabeça
foi a nossa origem. De quando a médica fala para nossas mães que "é
uma menina". Imediatamente nossa mamãe já começa a preparar o enxoval-
rosa. Todas as pessoas passam a dar presentes… rosas. São roupinhas,
mamadeirinhas, chupetas, tudo absolutamente rosa. Logo depois começa a
decoração do quarto, que é rosa. E na maternidade, ganhamos
pulseirinhas de identificação rosa. Desde cedo, rosa é a nossa cor
oficial, aquela que nos identifica como meninas que somos, nos
distingue dos meninos que estão ao lado.
Outra linda coincidência sobre o rosa é o seu nome. Por um acaso, é o
nome da flor que mais encanta as mulheres. Homem que sabe de mulher dá
buquê de rosas, pronto e acabou. E como já disse Vinícius de Moraes,
se a rosa não se chama-se rosa, seu perfume não seria tão marcante.
Rosa, a flor, é tão feminina e linda quanto rosa, a cor.
E pense ainda em todas as nossas heroínas modernas do cinema. Bridget
Jones, Elle Woods, Penelope Charmosa, Molly Ringwald, Hello Kitty…
todas usam rosa. E as bailarinas, figuras mais femininas de todos os
tempos? A primeira imagem que veio à sua cabeça certamente não são
dançarinas vestidas de azul. E fada de outra cor sem ser rosa, já viu?
Ah, e as princesas da Disney? Apesar da Cinderela vestir azul, a
Branca de Neve com aquela saia vermelha, a Bela e a Aurora usarem
aquele lindo vestido amarelo, todas tem nos pequenos detalhes a cor
rosa.
Sei que o rosa é tão poderoso que tem vários tons e diferentes tipo
estilos.Tanto que até a Rita Lee, roqueira máxima de todos os tempos,
já escreveu uma canção sobre a cor. "Por isso não provoque, é cor de
rosa choque…"
E como disse a moça da loja, sim, a minha vida estava cor de rosa. Se
dizemos que a situação "está preta" para tristeza, angústia e
sofrimento, para a felicidade, alegria, às mil maravilhas dizemos que
está rosa.
A verdade é que o rosa guarda e preserva nossa doçura, nossa
delicadeza, nossa feminilidade. Podemos ser sérias no preto ou fatais
no vermelho, mas é no rosa que realmente somos meninas, mulheres.
Não sei se é por uma destas ou qualquer outra razão que uso tanto
rosa. Posso dizer que me encontro no rosa, no jeito que me comporto
estando de rosa. Lembro que passei a investir ainda mais em peças e
acessórios rosa depois que comecei a trabalhar com um monte de homens.
Tal e qual na maternidade, precisava me destacar deles pelo único
fator que me diferenciava deles: meu sexo.
Na vida, buscamos uma explicação para tudo. Mesmo quando não existe ou
seria melhor não existir. Certamente, todas estas minhas hipóteses
sobre o rosa são totalmente inúteis. Afinal, cada uma de nós tem (ou
não) sua própria razão para rosa ser a cor.
Porque o rosa é a cor
Minha amiga Joanna de Assis quase me matou quando eu levei um blazer e
um casaco da mesma cor. Rosa, é claro. "Você tem milhões de coisas
rosas em casa. Pare com isso. Varie", me alertou.
Eu nunca fui uma garota rosa. Gostava de preto, vermelho, azul, branco
no verão, quando estava superbronzeada. Gostava de quase tudo, menos
verde e roxo. Mas no ano passado comecei a comprar tudo rosa. Acho que
peguei a mania da minha prima, que tinha tudo rosa.
Sei que um dia fui numa loja de lingerie e achei uma bolsa de toalha.
Rosa, é claro. Comprei e comentei com a vendedora que estava na minha
fase rosa. "Deve ser porque
as coisas estão indo muito bem para você, a sua vida deve estar rosa",
teorizou. E era verdade, aquele momento era mesmo la vie en rose.
Mas nada disso explica porque o rosa é a cor. Nem sei se existe uma
razão, mas vou arriscar algumas. A primeira coisa que me veio à cabeça
foi a nossa origem. De quando a médica fala para nossas mães que "é
uma menina". Imediatamente nossa mamãe já começa a preparar o enxoval-
rosa. Todas as pessoas passam a dar presentes… rosas. São roupinhas,
mamadeirinhas, chupetas, tudo absolutamente rosa. Logo depois começa a
decoração do quarto, que é rosa. E na maternidade, ganhamos
pulseirinhas de identificação rosa. Desde cedo, rosa é a nossa cor
oficial, aquela que nos identifica como meninas que somos, nos
distingue dos meninos que estão ao lado.
Outra linda coincidência sobre o rosa é o seu nome. Por um acaso, é o
nome da flor que mais encanta as mulheres. Homem que sabe de mulher dá
buquê de rosas, pronto e acabou. E como já disse Vinícius de Moraes,
se a rosa não se chama-se rosa, seu perfume não seria tão marcante.
Rosa, a flor, é tão feminina e linda quanto rosa, a cor.
E pense ainda em todas as nossas heroínas modernas do cinema. Bridget
Jones, Elle Woods, Penelope Charmosa, Molly Ringwald, Hello Kitty…
todas usam rosa. E as bailarinas, figuras mais femininas de todos os
tempos? A primeira imagem que veio à sua cabeça certamente não são
dançarinas vestidas de azul. E fada de outra cor sem ser rosa, já viu?
Ah, e as princesas da Disney? Apesar da Cinderela vestir azul, a
Branca de Neve com aquela saia vermelha, a Bela e a Aurora usarem
aquele lindo vestido amarelo, todas tem nos pequenos detalhes a cor
rosa.
Sei que o rosa é tão poderoso que tem vários tons e diferentes tipo
estilos.Tanto que até a Rita Lee, roqueira máxima de todos os tempos,
já escreveu uma canção sobre a cor. "Por isso não provoque, é cor de
rosa choque…"
E como disse a moça da loja, sim, a minha vida estava cor de rosa. Se
dizemos que a situação "está preta" para tristeza, angústia e
sofrimento, para a felicidade, alegria, às mil maravilhas dizemos que
está rosa.
A verdade é que o rosa guarda e preserva nossa doçura, nossa
delicadeza, nossa feminilidade. Podemos ser sérias no preto ou fatais
no vermelho, mas é no rosa que realmente somos meninas, mulheres.
Não sei se é por uma destas ou qualquer outra razão que uso tanto
rosa. Posso dizer que me encontro no rosa, no jeito que me comporto
estando de rosa. Lembro que passei a investir ainda mais em peças e
acessórios rosa depois que comecei a trabalhar com um monte de homens.
Tal e qual na maternidade, precisava me destacar deles pelo único
fator que me diferenciava deles: meu sexo.
Na vida, buscamos uma explicação para tudo. Mesmo quando não existe ou
seria melhor não existir. Certamente, todas estas minhas hipóteses
sobre o rosa são totalmente inúteis. Afinal, cada uma de nós tem (ou
não) sua própria razão para rosa ser a cor.
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Para o fogo, a água
Para o fogo, a água. Ou toda panela tem sua tampa. Não interessa o ditado, a essência quer dizer o seguinte: mesmo homem hetero estar na mesma categoria que os duendes, sim, é possível encontrar alguém. Eu conheço um monte de gente nesta vida e me recordo apenas de três mulheres e dois homens que não se casaram e não tiveram filhos. Uma fugiu do amor porque tinha medo de casar e ter filhos deficientes. As outras duas eu não sei. Um dos homens era judeu e não queria dividir o seu dinheiro com ninguém. Isso é sério.
Não, eu não acredito que o casamento seja o happly ever after ou seja a solução dos problemas. Mas tem muita mulher surtando porque não achou o pretendente pro altar. Para estas pessoas, sempre conto a história do Maníaco do Parque.
O Maníaco do Parque, para quem não se lembra, foi um serial killer que ficou famoso em 1998 por estuprar e matar nove mulheres. Uma se fingiu de morta (literalmente) e, graças a isso, escapou vida do monstro. Francisco de Assis Pereira, além de ser um maluco de pedra, é feio, pobre, sem cultura nenhuma, enfim, ele não tem nenhum pré-requisito destes do novo Inmetro social para fazer alguma mulher feliz.
Depois que ele foi condenado a mais de 121 anos de prisão, ele começou a cumprir pena em Taubaté. Meses depois, ele começou a receber cartas. Várias cartas. Todas de mulheres que se diziam apaixonadas e dispostas a casar com ele. Guilherme de Souza Nucci (aka professor gato de penal) contou em sala de aula que o teor das missivas que era o mais impressionante: "Isso mesmo, fez bem em matar todas aquelas vagabundas, amo você" e "Elas mereceram o que tiveram, quer sair comigo?" eram alguns dos dizeres das cartas.
Dentre as não sei quantas pretendentes, o Maníaco escolheu uma e se casou com ela dentro da prisão. A lua de mel foi lá dentro. Ainda conforme o gostoso, ops, professor Nucci, a tal esposa queria ter filhos: eles estavam dispostos a reproduzir, em cativeiros, os maníacos do parquinho.
Resumo do rap? SE ATÉ O MANIACO DO PARQUE CASOU, NOS TAMBEM CONSEGUIMOS! Constance Zahn, nos aguarde.
P.S.: Tirei esta foto do Bem-Casadas para mostrar que toda panela tem mesmo a sua tampa e porque não quero ter o desprazer de ter em meu estimado blog uma foto deste psicopata.
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terça-feira, 4 de novembro de 2008
O Bêbado
"Ele não é um porre, porque porre até que é bom. Ele é uma ressaca mesmo."
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008
A Velha Verdadeira, a Velha Falsa e eu
Quando estava escrevendo sobre Velhice, me lembrei deste texto que estava na gaveta e foi um dos meus best sellers, embora eu não tenha vendido nada, mas foi um dos mais comentados pelo povo que lê o que eu escrevo ( aka família).
Na Sé
Para os que são de São Paulo, nem preciso explicar o que seja a Sé. Mas para os que não são-e são muitos os que lêem as minhas histórias- ai vai: a Sé é uma praça no centro de São Paulo, onde tem uma catedral linda que leva o mesmo nome e para muitos é considerado o coração de São Paulo. Pronto, falei.
Mas não é só isso: é na Sé que tem a Estação de Metrô da Sé(não diga?!). Na Estação da Sé, especificamente, encontram se as linhas vermelhas e azuis do metrô. Em resumo: ali é lotado de gente.
Então, imaginem, o que significa pegar um trem na Sé às 19h de uma sexta feira. É uma tarefa tão ingrata que numa determinada sexta feira, eu tive que esperar dois trens lotados saírem para poder entrar em um. E foi nesta determinada sexta feira que por um golpe de sorte(tão igual a ganhar na loteria), eu achei um lugar para sentar. E sentei.
O tal assento era cinza, destinado para pessoas idosas, gestantes, deficientes físicos ou mulheres com crianças de colo. Mas, como explica o anúncio, o lugar é livre na ausência de pessoas nestas condições. E como não havia ninguém por perto com estes requisitos, lá fui eu e sentei.
Antes da porta se fechar, uma senhora(vou usar este tratamento para não parecer mal educada) se dirige a mim:
- Saia daí.
- A senhora disse alguma coisa?, eu não tinha entendido o que ela disse.
- Sim, eu disse para você sair daí agora.
- A senhora quer que eu segure a sua bolsa?, perguntei sem entender o que acontecia.
- Não, que quero que você se levante porque este lugar é meu, respondeu em alto e bom som.
- Como assim seu?
- Meu, este lugar é reservado para idosos.
- Como é que é?, respondi ainda sem entender.
- Levanta logo que este lugar é meu, disse a senhora.
- O seu nome está escrito aqui?, perguntei com ar de criança petulante da quarta série.
- Não, mas eu sou idosa.
- E desde quando a senhora é idosa?, perguntei com o mesmo ar de criança petulante.
Como numa peça de teatro, as pessoas do trem olhavam para ver qual seria o próximo ato. O trem das 7 da noite. Na Sé.
- Mas não levanto mesmo, disse com o nariz empinado.
Neste momento entra uma verdadeira senhora. Não sou boa para ver a idade das pessoas, mas a primeira senhora, que passarei a chamar aqui de Falsa Velha, em nada parecia velha. A outra senhora chamarei de Velha Verdadeira.
A Velha Verdadeira era destas senhoras de cabelos grisalhos presos num coque e muitas rugas; tinha poucos dentes na boca e se vestia com saia comprida e blusa comprida. E portava um saco enorme. Ela, felizmente, entrou e ficou à minha frente.
- Para a senhora eu levanto, para esta ai, de jeito nenhum, disse já me levantando.
As pessoas do trem(trem das 7 da noite na Sé) se entreolharam. Aquele trem estava repleto de homens, a maioria deles com aparência de trabalhadores cansados após uma semana de labuta. E o engraçado que mesmo sendo homens os homens nunca deixam de ser moleques e se comportam como moleques numa sala de aula, vaiando, fazendo “Uhu” ou rindo e emendando piadinhas. Os homens que estavam no trem das 7h da noite e que já não estava mais na Sé começaram a zoar, como dizem os paulistas, da Falsa Velha após o meu ato.
A Falsa Velha, não se dando por satisfeita por ter perdido lugar para a Velha Verdadeira, começa a revirar a bolsa:
- Vou mostrar para vocês que sou idosa, diz enquanto procura algum documento que comprove sua idade. E acha e me mostra:
- Nem adianta me mostrar porque eu não quero ver, digo enquanto como aquelas pipocas doces que vem no saco cor de rosa.
Descontente com a minha atitude, ela mostra para a Verdadeira Senhora que responde:
- Não fica mostrando que ninguém aqui é carteiro, fala assim bem seca.
Os homens, que como disse, não deixam de ser moleques começam a rir alto e dizer coisas como “Tome” e “Podia dormir sem esta”.
Eu, que já perdi o meu tom de menina abusada de primário, começo a explicar que ela, a Falsa Velha, não pode sair por ai falando assim com as pessoas. E se eu estivesse grávida? Ou não tivesse uma perna? Ou uma doença terminal? Em dois segundos ela não tinha como ter visto algo do gênero e logo o lugar também seria meu por direito adquirido.
- Mas você não está grávida e nem doente, retrucou a Falsa Velha.
- Mas ela trabalhou um dia inteiro e está cansada tanto quanto você, respondeu a Velha Verdadeira, interferindo em minha defesa. E com esta barriga, continuou, acho que ela está prenha sim.
- Não, é só gordura mesmo, disse enquanto comia as pipocas. E como comia sem parar, ela não duvidou.
Os homens/moleques se deliciavam com a cena e riam, riam, riam.
Foi quando vagou um lugar, que não era para idosos, e a Falsa Velha correu para sentar. Estava obstinada em sentar, a Falsa Velha. Mas, durante a corrida, ela bateu a bolsa com tudo no rosto de uma moça que estava sentada.
Acho que a Velha Verdadeira deveria ser advogada, não é possível: mal a Falsa Velha sentou e ela começou a discursar como um rábula de outros tempos:
- Você não pode sair por ai, batendo a bolsa as cara das pessoas. Coitada da moça, que trabalhou o dia inteiro e ainda leva uma bolsada na cara esta hora da noite?, falava em alto e bom som. Os homens/moleques riam e pararam quando ela continuou seu discurso:
- Agora você, nova, toda pintada deste jeito- nem eu tinha reparado na maquiagem da Falsa Velha- vem com esta pose de senhora, mas de senhora não tem nada. Nem eu que tenho câncer e faço quimioterapia fico resmungando deste jeito. Se a senhora tem problemas, fique em casa, não saia descontando nos outros. Sua sorte é que hoje estou de bom humor, mas, se não tivesse, você se mudaria imediatamente desta cidade, ameaçou a Velha Verdadeira. Não sei se ela sabia que São Paulo tem 18 milhões de habitantes e elas nunca mais se cruzariam ou se a Velha Verdadeira era tão poderosa que seria capaz de esmagalhar a Falsa Velha deste jeito.
Os homens/moleques começam a fazer baderna: riem, dizem que a Velha Verdadeira está certa, zoam a Falsa Velha. Uma moça diz em alto e bom som que “Boa Educação não tem idade” e um dos homens/moleques(acho que na escola ele deveria ser o inferno das professoras) me cumprimenta e diz que gostou do que eu disse, que eu sai da cena “com classe”. Neste ponto da viagem, todos são atores, todos falam, todos palpitam, menos a Falsa Velha, naturalmente.
E no palco daquele trem, que já não estava mais na Sé, eu me retiro de cena: é a minha estação, o Tatuapé e eu preciso descer. Vou embora, não sem antes ganhar a benção da Velha Verdadeira, que me deseja boa sorte na vida e fala um singelo “Vá com Deus, minha filha”. Vou, minha senhora, vou...
Na Sé
Para os que são de São Paulo, nem preciso explicar o que seja a Sé. Mas para os que não são-e são muitos os que lêem as minhas histórias- ai vai: a Sé é uma praça no centro de São Paulo, onde tem uma catedral linda que leva o mesmo nome e para muitos é considerado o coração de São Paulo. Pronto, falei.
Mas não é só isso: é na Sé que tem a Estação de Metrô da Sé(não diga?!). Na Estação da Sé, especificamente, encontram se as linhas vermelhas e azuis do metrô. Em resumo: ali é lotado de gente.
Então, imaginem, o que significa pegar um trem na Sé às 19h de uma sexta feira. É uma tarefa tão ingrata que numa determinada sexta feira, eu tive que esperar dois trens lotados saírem para poder entrar em um. E foi nesta determinada sexta feira que por um golpe de sorte(tão igual a ganhar na loteria), eu achei um lugar para sentar. E sentei.
O tal assento era cinza, destinado para pessoas idosas, gestantes, deficientes físicos ou mulheres com crianças de colo. Mas, como explica o anúncio, o lugar é livre na ausência de pessoas nestas condições. E como não havia ninguém por perto com estes requisitos, lá fui eu e sentei.
Antes da porta se fechar, uma senhora(vou usar este tratamento para não parecer mal educada) se dirige a mim:
- Saia daí.
- A senhora disse alguma coisa?, eu não tinha entendido o que ela disse.
- Sim, eu disse para você sair daí agora.
- A senhora quer que eu segure a sua bolsa?, perguntei sem entender o que acontecia.
- Não, que quero que você se levante porque este lugar é meu, respondeu em alto e bom som.
- Como assim seu?
- Meu, este lugar é reservado para idosos.
- Como é que é?, respondi ainda sem entender.
- Levanta logo que este lugar é meu, disse a senhora.
- O seu nome está escrito aqui?, perguntei com ar de criança petulante da quarta série.
- Não, mas eu sou idosa.
- E desde quando a senhora é idosa?, perguntei com o mesmo ar de criança petulante.
Como numa peça de teatro, as pessoas do trem olhavam para ver qual seria o próximo ato. O trem das 7 da noite. Na Sé.
- Mas não levanto mesmo, disse com o nariz empinado.
Neste momento entra uma verdadeira senhora. Não sou boa para ver a idade das pessoas, mas a primeira senhora, que passarei a chamar aqui de Falsa Velha, em nada parecia velha. A outra senhora chamarei de Velha Verdadeira.
A Velha Verdadeira era destas senhoras de cabelos grisalhos presos num coque e muitas rugas; tinha poucos dentes na boca e se vestia com saia comprida e blusa comprida. E portava um saco enorme. Ela, felizmente, entrou e ficou à minha frente.
- Para a senhora eu levanto, para esta ai, de jeito nenhum, disse já me levantando.
As pessoas do trem(trem das 7 da noite na Sé) se entreolharam. Aquele trem estava repleto de homens, a maioria deles com aparência de trabalhadores cansados após uma semana de labuta. E o engraçado que mesmo sendo homens os homens nunca deixam de ser moleques e se comportam como moleques numa sala de aula, vaiando, fazendo “Uhu” ou rindo e emendando piadinhas. Os homens que estavam no trem das 7h da noite e que já não estava mais na Sé começaram a zoar, como dizem os paulistas, da Falsa Velha após o meu ato.
A Falsa Velha, não se dando por satisfeita por ter perdido lugar para a Velha Verdadeira, começa a revirar a bolsa:
- Vou mostrar para vocês que sou idosa, diz enquanto procura algum documento que comprove sua idade. E acha e me mostra:
- Nem adianta me mostrar porque eu não quero ver, digo enquanto como aquelas pipocas doces que vem no saco cor de rosa.
Descontente com a minha atitude, ela mostra para a Verdadeira Senhora que responde:
- Não fica mostrando que ninguém aqui é carteiro, fala assim bem seca.
Os homens, que como disse, não deixam de ser moleques começam a rir alto e dizer coisas como “Tome” e “Podia dormir sem esta”.
Eu, que já perdi o meu tom de menina abusada de primário, começo a explicar que ela, a Falsa Velha, não pode sair por ai falando assim com as pessoas. E se eu estivesse grávida? Ou não tivesse uma perna? Ou uma doença terminal? Em dois segundos ela não tinha como ter visto algo do gênero e logo o lugar também seria meu por direito adquirido.
- Mas você não está grávida e nem doente, retrucou a Falsa Velha.
- Mas ela trabalhou um dia inteiro e está cansada tanto quanto você, respondeu a Velha Verdadeira, interferindo em minha defesa. E com esta barriga, continuou, acho que ela está prenha sim.
- Não, é só gordura mesmo, disse enquanto comia as pipocas. E como comia sem parar, ela não duvidou.
Os homens/moleques se deliciavam com a cena e riam, riam, riam.
Foi quando vagou um lugar, que não era para idosos, e a Falsa Velha correu para sentar. Estava obstinada em sentar, a Falsa Velha. Mas, durante a corrida, ela bateu a bolsa com tudo no rosto de uma moça que estava sentada.
Acho que a Velha Verdadeira deveria ser advogada, não é possível: mal a Falsa Velha sentou e ela começou a discursar como um rábula de outros tempos:
- Você não pode sair por ai, batendo a bolsa as cara das pessoas. Coitada da moça, que trabalhou o dia inteiro e ainda leva uma bolsada na cara esta hora da noite?, falava em alto e bom som. Os homens/moleques riam e pararam quando ela continuou seu discurso:
- Agora você, nova, toda pintada deste jeito- nem eu tinha reparado na maquiagem da Falsa Velha- vem com esta pose de senhora, mas de senhora não tem nada. Nem eu que tenho câncer e faço quimioterapia fico resmungando deste jeito. Se a senhora tem problemas, fique em casa, não saia descontando nos outros. Sua sorte é que hoje estou de bom humor, mas, se não tivesse, você se mudaria imediatamente desta cidade, ameaçou a Velha Verdadeira. Não sei se ela sabia que São Paulo tem 18 milhões de habitantes e elas nunca mais se cruzariam ou se a Velha Verdadeira era tão poderosa que seria capaz de esmagalhar a Falsa Velha deste jeito.
Os homens/moleques começam a fazer baderna: riem, dizem que a Velha Verdadeira está certa, zoam a Falsa Velha. Uma moça diz em alto e bom som que “Boa Educação não tem idade” e um dos homens/moleques(acho que na escola ele deveria ser o inferno das professoras) me cumprimenta e diz que gostou do que eu disse, que eu sai da cena “com classe”. Neste ponto da viagem, todos são atores, todos falam, todos palpitam, menos a Falsa Velha, naturalmente.
E no palco daquele trem, que já não estava mais na Sé, eu me retiro de cena: é a minha estação, o Tatuapé e eu preciso descer. Vou embora, não sem antes ganhar a benção da Velha Verdadeira, que me deseja boa sorte na vida e fala um singelo “Vá com Deus, minha filha”. Vou, minha senhora, vou...
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Delírios
Velhice
Ontem, estava quase atrasada para o trabalho. Quase atrasada é assim, quando você está no horário, mas qualquer coisa que aconteça pode vir a lhe atrasar. Pois bem, descia eu quase correndo a rua do cemitério da Lapa quando todos os carros pararam. Sai da faixa da direita, que estava parada. Fui para do meio, parada. Entrei na da esquerda e entendi o motivo porque todas elas estavam paradas: três velhinhas tentavam atravessar a rua e os carros, simpáticos, pararam para elas.
A minha vizinha tem 74 anos (eu acho) e sempre aborda a mim e/ou a minha roomie com assuntos, vamos assim dizer, impertinentes. Ela já chegou ao cúmulo de reclamar que usávamos a máquina de secar, que foi rapidamente rebatida por um: "mas é a senhora que paga a conta?"
Eu morei uma boa parte da minha vida com a minha vó. E, quando vi as três velhinhas, vejo a minha vizinha falando impropérios ou lembro da minha vó eu me pergunto: quando eram jovens, elas eram assim? Eu tento imaginar a minha vizinha 50 anos mais nova falando para a outra que a máquina de secar ficou ligada e não consigo visualizar a cena porque nenhum dos meus vizinhos jovens, por mais intrometido que fosse, teria a cara de pau de me falar isso. Será que ela fala por que sabe que é velha e, sendo velha, acha que tem o direito não de falar, mas de se meter na vida e encher o saco dos outros?
E as velhinhas que atravessavam a rua? Será que se fosse 40 anos mais cedo elas iriam tentar parar o trânsito ou se dirigir até a faixa mais próxima, que ficava a meio metro, e esperar o sinal fechar? Bem, se elas fossem uma Martha Rocha da vida ou qualquer musa da época, até que vai a cara de pau.
Eu entendo que muita gente acha que só porque passou de uma certa idade tem direito a ficar abusando os outros. Acha que porque já passou da fase, pode assumir o papel de velho chato e ficar pertubando os alheios. Não acredito que a minha viinha, por exemplo, enchia o saco dos outros quando era nova. Ela poderia ser fofoqueira, talvez, porque este é um defeito que se manifesta cedo nas pessoas, mas o bom senso, a auto-crítica, isso ela deveria ter e por isso tentava se controlar. Ai porque chegaram os cabelos brancos, ela resolveu radicalizar e ficar buzinando nos ouvidos das novas vizinhas?
Eu tenho medo de envelhecer. Não pelas rugas e tals, mas por ficar dependente dos outros ou acabar sendo um estorvo para a sociedade. Ou ter Alzehimer e esqueci tudo o que eu vivi. Seria uma baita ironia para quem tem uma memória como a minha. Mas do que eu tenho mais medo é de me tornar uma velha chata e sem pudores, como a minha vizinha ou as velhinhas de hoje, que só porque acha que é velha pode falar o que quiser ou parar o trânsito, mesmo quando não se tem mais aquelas pernas.
A minha vizinha tem 74 anos (eu acho) e sempre aborda a mim e/ou a minha roomie com assuntos, vamos assim dizer, impertinentes. Ela já chegou ao cúmulo de reclamar que usávamos a máquina de secar, que foi rapidamente rebatida por um: "mas é a senhora que paga a conta?"
Eu morei uma boa parte da minha vida com a minha vó. E, quando vi as três velhinhas, vejo a minha vizinha falando impropérios ou lembro da minha vó eu me pergunto: quando eram jovens, elas eram assim? Eu tento imaginar a minha vizinha 50 anos mais nova falando para a outra que a máquina de secar ficou ligada e não consigo visualizar a cena porque nenhum dos meus vizinhos jovens, por mais intrometido que fosse, teria a cara de pau de me falar isso. Será que ela fala por que sabe que é velha e, sendo velha, acha que tem o direito não de falar, mas de se meter na vida e encher o saco dos outros?
E as velhinhas que atravessavam a rua? Será que se fosse 40 anos mais cedo elas iriam tentar parar o trânsito ou se dirigir até a faixa mais próxima, que ficava a meio metro, e esperar o sinal fechar? Bem, se elas fossem uma Martha Rocha da vida ou qualquer musa da época, até que vai a cara de pau.
Eu entendo que muita gente acha que só porque passou de uma certa idade tem direito a ficar abusando os outros. Acha que porque já passou da fase, pode assumir o papel de velho chato e ficar pertubando os alheios. Não acredito que a minha viinha, por exemplo, enchia o saco dos outros quando era nova. Ela poderia ser fofoqueira, talvez, porque este é um defeito que se manifesta cedo nas pessoas, mas o bom senso, a auto-crítica, isso ela deveria ter e por isso tentava se controlar. Ai porque chegaram os cabelos brancos, ela resolveu radicalizar e ficar buzinando nos ouvidos das novas vizinhas?
Eu tenho medo de envelhecer. Não pelas rugas e tals, mas por ficar dependente dos outros ou acabar sendo um estorvo para a sociedade. Ou ter Alzehimer e esqueci tudo o que eu vivi. Seria uma baita ironia para quem tem uma memória como a minha. Mas do que eu tenho mais medo é de me tornar uma velha chata e sem pudores, como a minha vizinha ou as velhinhas de hoje, que só porque acha que é velha pode falar o que quiser ou parar o trânsito, mesmo quando não se tem mais aquelas pernas.
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Delírios
Frequência
"Você não tem mais ido ao meu blog, não é Ivy?"
"Pois é, não."
"E nem ao seu né? Porque eu vou e está sempre desatualizado."
I am so sorry guys...
"Pois é, não."
"E nem ao seu né? Porque eu vou e está sempre desatualizado."
I am so sorry guys...
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sábado, 1 de novembro de 2008
O tempo passa, o tempo voa
Não me lembro como nem por quê, mas sei que passei batido por Grey's Anatomy. Quando voltei ao Brasil, estava na casa da minha prima, quando vi o comercial e o Patrick Dempsey nele. O reconheci de cara e, sem pensar, soltei o seguinte comentário:
- Como ele envelheceu!
E ela:
- Pois é né ivy, as pessoas envelhecem.
E eu:
- E como o tempo fez bem a ele!
Como diz a Fabi, ele já foi um cara que precisava alugar namorada. Hoje ele é O cara. Olhando estas fotos eu pergunto: Dempsey antes ou depois? Eu fico com ele agora!!!!
Eu fico me perguntando se ele tem noção de quão gostoso ele é. Mais: será que ele deve pensar: hahaha, bem feito a todas vocês que me esnobaram quando eu era jovem, olha que gostosão eu fiquei? Isso inclui a Amanda Peterson, a que fazia a namorada de aluguel e hoje nem foto no Imdb tem...
ó Portugal...
"Os ingleses são muito gostosos. Acho que são os mais bonitos da Europa."
"Não, os portugueses que são mais gostosos. Eles são tudodebom.com.br"
"Melhor: tudodebom.pt."
"Toda vez que eu vou para Portugal eu penso: por que eles não me colonizam?"
"Tô à disposição para fornecer a minha capitania."
"A gente poderia fazer uma campanha pedindo a volta deles ao Brasil, né?"
"E aí ao invés de ter o dia do Fico, a gente faz o dia do Figo!"
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Delírios,
I ate the world
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
With a Little Help From My Friends
Há muitos anos sou amiga de um menino. Como ambos somos jovens, bonitos, a mesma profissão e um carinho mútuo um pelo outro, as pessoas não se conformam com o que temos seja "apenas" amizade. Há oito anos eu escuto a mesma pergunta: "por que você não cata ele?" ou "você não percebeu ainda que vocês foram feitos um para o outro?".
Sim, eu percebi que fomos feitos um para o outro tanto que somos amigos há tanto tempo. As pessoas vêem a amizade como uma coisa menor. Por que ser "só" amigo quando se pode ser namorados? Eu acho isso tão rídiculo porque, para mim, amizade tem tão ou mais valor que um namoro. O povo pensa que namoro é promoção de amizade.
Uma conhecida uma vez disse: "Você está só esperando o Gustavo dizer sim né?". A minha resposta foi: "Não, não tô não, porque nós dizemos sim um para o outro todo dia quando mais precisamos". Eu sei, amor é a amizade em chamas, mas não significa que uma amizade necessariamente tenha que virar amor, mas que o amor precisa ter amizade, há, isso precisa.
No fundo, eu não ligo para isso que o povo fala por um único motivo: a sociedade se desacostumou com o amor. Aliás, se desacostumou não só com o amor, mas com valores como educação, gentileza, respeito e, principalmente, amizade. Se um cara é muito educado, é gay. Se é muito carinhoso com você, tá te dando mole. E vice-versa. Por isso eu não estranho quando o povo diz que eu deveria era ficar com o meu amigo porque ninguém mais sabe o que é ser amigo hoje em dia como nós dois sabemos- e somos. Vêem e ficam espantados tanto quanto estivessem um porco da índia japonês num zoológico no Egito.
Enfim, eu só escrevi tudo isso porque estou indignada com o que tenho ouvido sobre a Nayara. Nayara, ou N., como o Agora prefere chamar, não preciso nem explicar, é a menina que voltou ao cativeiro para ajudar sua melhor amiga, Eloá. Todo mundo está chamando a menina de louca, aproveitadora, que queria aparecer. Se ela já tivesse 18 anos, certamente não faltariam convites para posar nua. Mas, como ela tem só 15, andam dizendo que ela vai entrar na próxima temporada da Malhação.
Digo de Nayara o mesmo que dizem de mim e do meu amigo: ela não é louca, apenas provou o que uma amizade verdadeira é capaz de fazer, como é capaz de ser. Todo mundo fala de Nayara, mas ninguém pensa o que esta menina deve ter representado para a outra nos seus últimos momentos de vida. Como Nayara deve ter sido importante para Eloá quando a única certeza que a menina tinha na vida era a de que veria a morte. Nayara não foi ombro, foi colo, foi coração, foi de corpo inteiro amiga. Foi guerreira, corajosa e, acima de tudo, aos 15 anos, foi uma grande mulher ao dizer que não se arrependeu e que faria tudo de novo, mesmo com tantas críticas.
O que eu acho engraçado é que todo mundo acha a Nayara louca e aproveitadora por ter ajudado uma amiga, mas quando se fala em Sex and The City, Friends. The Sisterhood of The Travelling Pants, todo mundo acha lindo. E, no fundo, Nayara é para Eloá o mesmo que Carrie é para Miranda, Samantha e Charlotte e o mesmo que Rachel, Ross, Phoebe, Monica, Joey e Chandler são uns para os outros: amigos.
Mas não, ninguém pensa isso. Será preconceito de colonizado porque as duas moravam numa cohab em Santo André enquanto os nossos queridos amigos desfilam por Manhattan? O povo fantasia com amizades verdadeiras como a dos filmes e condena uma amizade desta na vida real? Sim, porque amigos que se vêem todo dia e são capazes de largar tudo o que estão fazendo para consolar uma amiga abandonada na porta do altar no México, só mesmo no filme.
P.S.: Tirei esta foto do blog da Ana Estela. o crédito é de Fernando Donasci, que ficou 30 horas de plantão em Santo André para fazer esta foto que, além de me deixar com lágrimas nos olhos, me inspirou a escrever tudo isso.
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Delírios
E o mundo
Tava lendo na Trip estes dias uma matéria sobre um asilo fancy, mas tão fancy que nem de asilo poderia ser chamado e sim de centro de convivência para maturidade. No tal asilo, ops, centro de convivência tinha uma pracinha tipo as de alimentação de shopping só que com fachadas fake no estilo de começo da década. Em resumo, era cenário de novela de época da Globo, com estabelecimentos que só existem na imaginação, no caso dos velhinhos.
Fiquei me perguntando que mundo eu vou ter nostalgia quando for velha. Porque a tal pracinha dos velhinhos era da época que eles eram moços, na fase dos seus 20 e poucos anos. Eu tô na fase dos 20 e poucos (ok, não tão poucos) mas o mundo tem mudado tanto, mas tanto que não sei qual será a minha recordação.
Estes dias fui renovar o passaporte e a moça precisava pegar as minhas digitais. Ao invés de passar meus dedos na tinta, eu simplesmente posicionei as pontas deles em um scanear. Comentei: "Nossa, como eu tô ficando velha. Quando eu tirei meu RG, passei a mão naquela tinta horrível que é horrível de sair". A resposta da atendente não poderia ser melhor: "Não é você que está ficando velha, o mundo que está indo muito rápido".
Quando eu era criança, ligava do orelhão usando ficha porque não tinha telefone em casa. Hoje eu quase não uso o telefone, uso o MSN. E se já tinham inventado o termo ligação para definir o ato de uma pessoa se comunicar com outra pelo aparelho de Graham Bell, ainda não inventaram nada para o MSN. Vou dizer o quê, msenei para ele ontem? E como fica o ligar sendo que os telefones não estão mais ligados por uma linha?
E o pior que o mundo muda mas ninguém muda o suficiente para me explicar ou inventar novas regras. Estas consultoras de etiqueta da vida tipo a Gloria Kallil ou a Claudia Matarazzo ainda não me ensinaram sobre etiqueta online. Exemplo: quero falar com uma pessoa. São 1h da manhã e ela está online. Devo abordá-la ou é falta de educação? Se abordar, é só para dizer boa noite e durma com os anjos ou posso ir direto ao assunto mesmo (à 1h da manhã?!)?
Este mundo...
Fiquei me perguntando que mundo eu vou ter nostalgia quando for velha. Porque a tal pracinha dos velhinhos era da época que eles eram moços, na fase dos seus 20 e poucos anos. Eu tô na fase dos 20 e poucos (ok, não tão poucos) mas o mundo tem mudado tanto, mas tanto que não sei qual será a minha recordação.
Estes dias fui renovar o passaporte e a moça precisava pegar as minhas digitais. Ao invés de passar meus dedos na tinta, eu simplesmente posicionei as pontas deles em um scanear. Comentei: "Nossa, como eu tô ficando velha. Quando eu tirei meu RG, passei a mão naquela tinta horrível que é horrível de sair". A resposta da atendente não poderia ser melhor: "Não é você que está ficando velha, o mundo que está indo muito rápido".
Quando eu era criança, ligava do orelhão usando ficha porque não tinha telefone em casa. Hoje eu quase não uso o telefone, uso o MSN. E se já tinham inventado o termo ligação para definir o ato de uma pessoa se comunicar com outra pelo aparelho de Graham Bell, ainda não inventaram nada para o MSN. Vou dizer o quê, msenei para ele ontem? E como fica o ligar sendo que os telefones não estão mais ligados por uma linha?
E o pior que o mundo muda mas ninguém muda o suficiente para me explicar ou inventar novas regras. Estas consultoras de etiqueta da vida tipo a Gloria Kallil ou a Claudia Matarazzo ainda não me ensinaram sobre etiqueta online. Exemplo: quero falar com uma pessoa. São 1h da manhã e ela está online. Devo abordá-la ou é falta de educação? Se abordar, é só para dizer boa noite e durma com os anjos ou posso ir direto ao assunto mesmo (à 1h da manhã?!)?
Este mundo...
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Delírios
sábado, 25 de outubro de 2008
Sinônimos
“Votar no Kassab é a mesma coisa que votar no ACM Neto.“
By Rodrigo Passini, revoltado com as eleições.
By Rodrigo Passini, revoltado com as eleições.
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Delírios Eleitoreiros
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Achei que as grávidas estivessem livres
A cobrança lá em casa era que eu não falava inglês. Depois foi não falar francês. E não conhecer os EUA e a Europa. Quando enfim cumpri com todas as “obrigações” apareceu uma terceira: emagrecer. Não bastava o fato de falar três línguas, ter experência internacional e ter dado um rumo na minha vida profissional. Além de tudo isso, eu teria também que ser, advinhe, magra. E ter as unhas feitas. E ser bonita. E bem vestida.
Antes de demitir minha família, fui notando que meus amigos, conhecidos e até desconhecidos na rua me cobravam tudo isso. “Você só fala três línguas?” , ouvi na entrevista de emprego. Como se fosse pouco. Ou algo como “ Nossa, você é gorda”, ouvidos na fila do mecado numa cidade perdida em Sergipe. A sociedade cobrava de mim, uma senhorita de 24 anos que eu fosse tudo isso. E antes de virar ermitã, fui ver se o problema estava só comigo ou tinha mais gente na mesma situação. Busquei a resposta nas minhas amigas e nas minhas primas de mesma faixa etária e fui descobrindo novas cobranças que eu sabia que existiam, mas não tinha me dado conta até sentar na frente desse computador.
Nem o pai perdoou- Uma amiga me confidenciou que o pai dela, certa vez, explicou para que era importante que ela fizesse sexo. Usou palavras usadas na escola, mas quis dizer o seguinte: “Minha filha, você PRECISA dar”. A outra me explicou que o problema não era só ser inteligente, falar línguas, ter mestrado, ser bem sucedida e dar: ela tinha que gostar de sexo e dar bem. E muito. Uma olhada nas revistas femininas na banca me fez ver que ela tinha razão. Mas essa mesma amiga reinterou: “ O problema não é só transar toda hora, é ter que gozar também, para o seu namorado não se sentir um inútil. E se a gente tenta conversar com ele sobre nossas dificuldades na cama, ele se sente um trapo.Se ficamos com o problema para a gente, como vamos resolver nossos problemas sexuais sem ajuda?”. Tentei segurar o queixo durante a explanação da minha amiga, que o fez cair quando revelou o último intem da lista de cobranças. “Já cansei de ouvir reclamação de namorado para eu tomar pílula, porque eles não queriam mais usar camisinha. Como se eu gostasse- e lembrasse- de tomar pílula. Até isso eu tenho que ouvir, para tomar pílula”.
Com apenas duas amigas, descobri que não era a única que recebia cobranças e era exigida ao máximo. A terceira dela falou algo que fiquei literalmente chocada: “Meu namorado reclama que não sei cozinhar, não arrumo a casa direito, mas é ele que bagunça tudo.Bem, pelo menos ele divide as tarefas domésticas meio a meio. Mas quando eu ficava sem trabalhar, ele cobrava que a casa não estava impecável”. Pronto, quer dizer que além de ser linda, gostosa, inteligente, ter uma carreira, dividir as contas meio a meio, gostar de sexo e ainda por cima gozar sempre, ela também tinha que saber lavar, passar,cozinhar e arrumar a casa. Só faltou o quesito cuidar bem dos filhos.
Nem as grávidas escaparam- A quarta pessoa que perguntei sobre cobranças alheias foi a minha prima de 30 e poucos anos que estava prestes a dar a luz. Ela, toda inchada, me contou que as pessoas a olhavam na rua tentando advinhar se ela tinha engordado os tais normais 10 quilos ou mais. Em lojas de coisas para bebês, as outras grávidas a mediam de cima a baixo para ver o tamanho do “estrago” causado pelo nenem. E outras, mais cara de pau,simplesmente perguntavam com olhar de desaprovação o quanto ela tinha engordado. Não perguntei se ela tinha ouvido o quanto já tinha emagrecido depois de parir.
Vendo que sim, nós mulheres jovens estávamos sendo cobradas demais, tentei enteder o por quê. Comecei com a origem de tudo, a minha mãe. Pensando um pouco sobre a minha educação lembrei das lições dela, que me ensinou a ser independente, estudar e ser culta. Fui ver com outra figura feminina importante na minha vida, a minha madrasta. Lembrei do episódio em que ela me ensinava a revidar o tal “está boa para casar” quando alguém elogiasse minhas habilidades domésticas com algo assim: “Estarei pronta para casar quando tiver dinheiro para me sustentar e dividir as contas com o meu marido”. E a última peça do meu histórico escolar de cobranças foi a minha avó, que me obrigava a lavar a louça nos almoços de domingo e me instruia em outras tarefas caseiras, como limpar a casa. Analisando tudo isso, vi que eu, aos 24 anos, deveria ser tudo isso que foi ensinado.
Um colega (homem, claro) italiano, disse que o fato de eu tentar cumprir as tais obrigações era minha culpa e que eu que simplesmente deixasse de lado tudo isso. A minha resposta? “ Tente viver 24 anos com essa ladainha na sua cabeça para ver se você consegue se livrar assim do dia pra noite”. Ele me aconselhou a tentar, pelo menos, mas reconheceu que ser mulher realmente não é das tarefas mais fáceis (só um parenteses: a minha amiga disse que era para eu não tentar não, porque sendo tudo isso eu estava solteira, imagina sem? “Você não vai desencalhar nunca”).
Provavelmente alguém já deve ter comparado- aqui ou em outro lugar- as mil e uma utlidades da mulher e as duas ou três dos homens. Não vou fazer isso e dizer que é injusto ou coisa parecida, porque sinto que boa parte das mulheres cobram umas as outras. Quando mandei uma foto durante uma temporada em Nova York, uma amiga escreveu: “Nossa, as coisas devem estar boas por ai, você está até de unha feita”. Pode?
De quem seria então nossa culpa por tanta exigência? Seria nossa culpa por não nos livrarmos desses “padrões de mercado”? Seria nossa culpa não exigir mais dos homens? Ou será que exigimos e não nos damos conta? O meu amigo reclamava que as namoradas dele pediam para ele programar o videocassete, consertar o liquidificador e pregar o quadro na parede e ele simplesmente não sabia fazer isso. Muitas vezes foi chamado de inútil. Não sei se exigimos tanto assim, porque pelo menos não escuto muito por ai coisas como: “Meu marido está gordo” ou “Não quero mais ficar com um broxa”. Somos um pouco mais tolerantes com os nossos padrões?
Infelizmente, colega leitora, não tenho respostas para todas essas perguntas. Nem posso dizer se essas cobranças são certas ou erradas, só sei que existem para algumas(ou todas) de nós. Também não sei como lidar com elas. Sei apenas, por alerta das amigas mais velhas, que essas exigências estão só começando(“ espere os filhos chegarem” ). E que, por hora, não sei até quando eu vou conseguir viver com elas. E você, tem alguma idéia?
P.S.: Este texto tem mais de dois anos e resolvi tirar da gaveta depois de ler a entrevista da Lavinia Vlasak na Contigo!. A atriz se recusou a dizer o quanto engordou na gravidez porque acha isso injusto, cruel e desumano. Ganhou uma fã, Lavinia.
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Delírios
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Cansei
Cansei de ter que acordar cedo no sábado, quando, teoricamente, deveria ser o dia para dormir até mais tarde. Eu acordo cedo no dia de descanso porque tenho que fazer as unhas, cabelo, depilação, caprichar na série de musculação, que nunca fica tão boa quanto a de sábado.
Mas cansei de ter sábado todo dia: além de me preocupar com as oscilações da bolsa, a eleição da Dilma e, espero eu, a não reeleição do Kassab, tenho que me preocupar com a quantidade de calorias ingeridas e como vou torrá-las na academia, quando eu consigo ir para academia, porque estou sempre muito cansada.
Cansei de ter que saber que a mistura de framboesa com jaboticaba é a que fica melhor nas minhas unhas, além de pedir o creme certo para fazer a hidratação. Cansei de, além de tudo isso, ir ao mercado comprar detergente, sábão em pó, desinfetante e arrumar a casa, assim como cansei também de ter que trabalhar para pagar tudo isso.
Cansei de me preocupar com investimentos e as taxas de juros e cansei de pensar em como juntar dinheiro para dar entrada no apartamento sendo que o dinheiro mal dá para nada. Aliás, cansei de trabalhar para pagar contas e sofrer tentações no shopping. Cansei de sucumbir às tentações e ficar no vermelho, como cansei de trabalhar, trabalhar e nem o luxo de um vestido poder me dar.
A impressão que eu tenho é que é muita coisa para gente se preocupar: é casa, seguro do carro, creme para pele e ainda ter que pagar as contas e pensar no futuro, sendo que não posso me descuidar do presente e estar sempre me reciclando, lendo e claro, me matando de trabalhar.
Acho que nós, mulheres, fizemos uma grande besteira quando queimamos os sutiãs: não, não tenho nada contra o feminismo, só acho que nós acumulamos funções sociais nesta vida sem direito a remuneração à altura. Quer ser Amélia? Que seja. Quer ser executiva com MBA e todos os "M"s da vida? Ok também. O que não dá, mas não dá mesmo é ser as duas coisas, o que somos exatamente hoje. Isso que ainda tenho que levantar as mãos pro céu, porque não tenho filhos...
Mas o que eu sei mesmo é que eu cansei para tudo isso...
Mas cansei de ter sábado todo dia: além de me preocupar com as oscilações da bolsa, a eleição da Dilma e, espero eu, a não reeleição do Kassab, tenho que me preocupar com a quantidade de calorias ingeridas e como vou torrá-las na academia, quando eu consigo ir para academia, porque estou sempre muito cansada.
Cansei de ter que saber que a mistura de framboesa com jaboticaba é a que fica melhor nas minhas unhas, além de pedir o creme certo para fazer a hidratação. Cansei de, além de tudo isso, ir ao mercado comprar detergente, sábão em pó, desinfetante e arrumar a casa, assim como cansei também de ter que trabalhar para pagar tudo isso.
Cansei de me preocupar com investimentos e as taxas de juros e cansei de pensar em como juntar dinheiro para dar entrada no apartamento sendo que o dinheiro mal dá para nada. Aliás, cansei de trabalhar para pagar contas e sofrer tentações no shopping. Cansei de sucumbir às tentações e ficar no vermelho, como cansei de trabalhar, trabalhar e nem o luxo de um vestido poder me dar.
A impressão que eu tenho é que é muita coisa para gente se preocupar: é casa, seguro do carro, creme para pele e ainda ter que pagar as contas e pensar no futuro, sendo que não posso me descuidar do presente e estar sempre me reciclando, lendo e claro, me matando de trabalhar.
Acho que nós, mulheres, fizemos uma grande besteira quando queimamos os sutiãs: não, não tenho nada contra o feminismo, só acho que nós acumulamos funções sociais nesta vida sem direito a remuneração à altura. Quer ser Amélia? Que seja. Quer ser executiva com MBA e todos os "M"s da vida? Ok também. O que não dá, mas não dá mesmo é ser as duas coisas, o que somos exatamente hoje. Isso que ainda tenho que levantar as mãos pro céu, porque não tenho filhos...
Mas o que eu sei mesmo é que eu cansei para tudo isso...
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Delírios
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Não foi feito pra você
(A conversa era sobre a inveja do povo)
- Mas olha, o povo, quando tem inveja, inventa onde não tem o que inventar. Eu tenho um amigo meu, por exemplo, que é lindo, rico, superinteligente, de família tradicional, culto e muito legal. O povo morre de inveja dele e inventa que ele é metido, não chama ele pra fazer grupo e tal. Mas eu o conheço muito bem e posso garantir que ele é um cara muito simples.
- Como assim Ivy?! Você tem um amigo que é lindo, rico, superinteligente, de família tradicional, culto e muito legal e nunca me apresentou?! Quando você vai me apresentar?
- Ah, eu não mencionei que ele é gay?
- Ok.
- Mas olha, o povo, quando tem inveja, inventa onde não tem o que inventar. Eu tenho um amigo meu, por exemplo, que é lindo, rico, superinteligente, de família tradicional, culto e muito legal. O povo morre de inveja dele e inventa que ele é metido, não chama ele pra fazer grupo e tal. Mas eu o conheço muito bem e posso garantir que ele é um cara muito simples.
- Como assim Ivy?! Você tem um amigo que é lindo, rico, superinteligente, de família tradicional, culto e muito legal e nunca me apresentou?! Quando você vai me apresentar?
- Ah, eu não mencionei que ele é gay?
- Ok.
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Delírios
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Obrigada?
- Ah Ivy, você nem sabe.
- Que foi minha filha?
- Você que gosta destas histórias, estes dias eu tava na USP e chegou uma mulher pra mim, lembrei tanto de você.
- Como assim?
- Ah, é que ela chegou com uns papéis sobre Deus e tals...
- E ai você lembrou de mim por quê? Eu lá tenho cara de SANTA?!
- Não, é que você gosta de respostas inteligentes e eu acho que dei uma boa.
- Explica direito que eu não entendi. Tem horas que não sei dizer se loira é uma benção ou uma maldição...
- Não, é benção. Ela começou a falar da importância da virgindade, que Deus amava e se preocupava com quem se mantinha virgem, que ser virgem era tudo de bom.
- E você?
- Falei: "Nossa, obrigada pela sua atenção, mas agora já foi!".
- Realmente... sua resposta foi excelente. Obrigada por lembrar de mim. Me senti honrada.
- Que foi minha filha?
- Você que gosta destas histórias, estes dias eu tava na USP e chegou uma mulher pra mim, lembrei tanto de você.
- Como assim?
- Ah, é que ela chegou com uns papéis sobre Deus e tals...
- E ai você lembrou de mim por quê? Eu lá tenho cara de SANTA?!
- Não, é que você gosta de respostas inteligentes e eu acho que dei uma boa.
- Explica direito que eu não entendi. Tem horas que não sei dizer se loira é uma benção ou uma maldição...
- Não, é benção. Ela começou a falar da importância da virgindade, que Deus amava e se preocupava com quem se mantinha virgem, que ser virgem era tudo de bom.
- E você?
- Falei: "Nossa, obrigada pela sua atenção, mas agora já foi!".
- Realmente... sua resposta foi excelente. Obrigada por lembrar de mim. Me senti honrada.
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Delírios
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Fita métrica
Eu sei que menino gosta de brincar demais, principalmente quando o assunto é o brinquedo favorito deles, o pinto. Vindo de um cara que faz humor como o Rafael Cortez, do CQC, as brincadeiras devem ser mais brincadeiras possíveis. Sei que eles não são de levar a sério, mas, depois de ler esta resposta que o Rafael deu para a Playboy fiquei me perguntando: será que eles medem mesmo? Como é que eles medem?
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Delírios
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Peso
- A menina do Estadão tá emagrecendo horrores comendo fruta.
- Verdade, a nutricionista da minha chefe disse que não pode comer barrinhas.
- Eu não gosto muito de fruta. Só banana, mas banana não pode né? Um saco!
- Claro que pode: se fruta pode e banana é fruta, então pode.
- Mas diz que engorda.
- Engorda o cacete. O que engorda é brigadeiro e chocolate. Come a sua banana e seja feliz.
- Tá, amanhã eu vou à feira.
- Verdade, a nutricionista da minha chefe disse que não pode comer barrinhas.
- Eu não gosto muito de fruta. Só banana, mas banana não pode né? Um saco!
- Claro que pode: se fruta pode e banana é fruta, então pode.
- Mas diz que engorda.
- Engorda o cacete. O que engorda é brigadeiro e chocolate. Come a sua banana e seja feliz.
- Tá, amanhã eu vou à feira.
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Delírios Light
E lá em casa...
- Nossa Ivy, sai com um cara tão gostoso estes dias.
- Sei.
- Ele, além de lindo, tinha um pinto enorme.
- Sei.
- Fomos para casa dele, para lá de Cotia. Na Raposo eu disse: "nós realmente estamos indo pra casa do caralho".
- Você é boa em piada de duplo sentido né?
- Sou,
- Mas falando sério, Cotia é mesmo longe pra caralho.
- Bota caralho nisso.
- Sei.
- Ele, além de lindo, tinha um pinto enorme.
- Sei.
- Fomos para casa dele, para lá de Cotia. Na Raposo eu disse: "nós realmente estamos indo pra casa do caralho".
- Você é boa em piada de duplo sentido né?
- Sou,
- Mas falando sério, Cotia é mesmo longe pra caralho.
- Bota caralho nisso.
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Delírios
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Pega Ladrão
- Minha amiga foi assaltada estes dias.
- Nossa, ela está bem?
- Sim, foi tranquilo, o ladrão levou ela pra dar uma volta, sacou dinheiro no banco, mas não levou o carro, não machucou nada.
- Mas deve ser meio traumático né?
- Não, ela disse que o ladrão era bonito e que ela pegava.
- Sua amiga iria dar um pega no ladrão?
- Ia, eles ficaram conversando enquanto estavam indo pro banco.
- (...)
- O ladrão era bonito, ele disse que só estava roubando porque senão matavam ele. Depois eles deixaram os documentos dela no Super Shopping de Osasco e ligaram para tia dela avisando.
(penso: Só podia ser em Osasco)
- Mas sua amiga queria pegar o ladrão? Só se for de brincadeira né? Pega ladrão é coisa pra polícia.
- Que nada, Ivy, é coisa pra mulher desesperada mesmo. Ela tá há um ano sem dar, vem o cara, bonito, hetero, pouco importa se ele é ladrão. Tá ali, facinho... ela jogou um charme, esperou ele ligar e tudo.
- Sei.
- Ela estava louca pra que ele sacasse a pistola.
- A que ponto chegamos.
- Nossa, ela está bem?
- Sim, foi tranquilo, o ladrão levou ela pra dar uma volta, sacou dinheiro no banco, mas não levou o carro, não machucou nada.
- Mas deve ser meio traumático né?
- Não, ela disse que o ladrão era bonito e que ela pegava.
- Sua amiga iria dar um pega no ladrão?
- Ia, eles ficaram conversando enquanto estavam indo pro banco.
- (...)
- O ladrão era bonito, ele disse que só estava roubando porque senão matavam ele. Depois eles deixaram os documentos dela no Super Shopping de Osasco e ligaram para tia dela avisando.
(penso: Só podia ser em Osasco)
- Mas sua amiga queria pegar o ladrão? Só se for de brincadeira né? Pega ladrão é coisa pra polícia.
- Que nada, Ivy, é coisa pra mulher desesperada mesmo. Ela tá há um ano sem dar, vem o cara, bonito, hetero, pouco importa se ele é ladrão. Tá ali, facinho... ela jogou um charme, esperou ele ligar e tudo.
- Sei.
- Ela estava louca pra que ele sacasse a pistola.
- A que ponto chegamos.
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