segunda-feira, 22 de março de 2010

She doesn´t live here anymore


O que mais me impressiona no caso Isabella não é mais a brutalidade da morte, mas sim a vida da menina.

Desde o dia 29 que minha mãe, meu pai, meu tio, meu irmão, o Brasil e quiçá o mundo conhece esta menina: já vimos todas suas fotos, descobrimos como chamava seu tio, sua escola, sua família, as circunstâncias em que veio ao mundo. Descobrimos que ela era uma menina doce, carinhosa e obediente e que tinha um quarto lilás, com um baú da Hello Kitty e que o tema do seu próximo aniversário seria as princesas da Disney. Descobrimos que ela era muito sorridente e encantava a todos, gostava de macarrão e salada de alface. De repente, esta menina se tornou uma velha conhecida. Sua vida e seus gostos ficaram famosos tal e qual se ela tivesse saído do Big Brother. Os detalhes de sua vida são tão fascinantes como se ela fosse uma celebridade que nos conquistou instantaneamente. Passamos, todos nós, a amar- de um jeito ou de outro- esta menina, que, morta, acabara de entrar em nossas vidas.

Isabella passa a ser a filha da nossa vizinha, a amiguinha do sobrinho, aquela menina que pega o mesmo transporte com o nosso filho. Ela agora toma corpo e ganha vida na nossa rotina. Parece, a cada instante, ser real, tamanha a freqüência que entra em nossas casas. E o mais estranho em conhecer cada vez mais Isabella é saber que nunca a conheceremos. E que ela, que parece tanto estar viva entre nós, aquela menina logo ali, infelizmente, não está mais lá.

Este texto foi escrito e publicado em 21 de abril de 2008. Minhas impressões sobre o caso continuam as mesmas.

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