segunda-feira, 8 de março de 2010

Já que não dá para fugir da data V




Paulo Tadeu dos Santos Junior, estudante, 10 anos, é o genro que eu pedi a Deus (e olha que nem filha eu tenho!)

No dia internacional da mulher, homens vão às ruas de São Paulo pedindo direitos iguais

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Foi em Copenhague, na Dinamarca, que a Internacional Comunista decidiu, durante uma reunião com 100 mulheres de 17 países, a importância de criar um dia para chamar a atenção para o cumprimento dos direitos das mulheres.

Cem anos depois, o movimento feminista ganhou adeptos do sexo masculino nas ruas de São Paulo hoje (8): ao lado de mulheres, eles participaram de uma manifestação em homenagem a elas.

Há mais de 30 anos participando das passeatas e manifestações no dia 8 de março, o médico e vereador de São Paulo Jamil Murad foi ao Largo do Patriarca, no centro de São Paulo, para defender os direitos das mulheres.

"A luta pelos direitos e emancipação da mulher faz justiça não apenas para elas como para toda a sociedade, que fica melhor quando há igualdade entre os gêneros", afirmou. Para Murad, não é possível que haja um Brasil melhor sem "que a mulher tenha um papel de destaque".

Na passeata, estava também o balconista Laercio Severino da Silva. "A mulher é especial e o homem não vive sem ela. Por isso, acho que todas têm direito à saúde e ao respeito", disse.

Silva contou que está cuidando do seu filho de 3 anos sozinho porque a mulher teve que viajar para cuidar da mãe. "Homem não consegue dar conta de lavar roupa, criar filhos e ainda trabalhar. Hoje que estou nesta situação, vejo como as mulheres são importantes", relatou.

O secretário de Formação Política do Sindicato dos Trabalhadores das Autarquias de Fiscalização do Exercício Profissional e Entidades Coligadas no Estado de São Paulo (Sinsexpro), Paulo Rogério Prado, foi à passeata representar as trabalhadoras do seu sindicato e aproveitou para homenagear todas as mulheres. "Se não fosse por uma mulher, eu não estaria aqui."

Prado disse que sua presença na manifestação foi uma forma de lutar por um futuro melhor para suas duas filhas. "Estou plantando uma sociedade melhor, mais justa e igualitária para elas."

O estudante de direito Danilo Queiroz contou que, na faculdade, ao ter contato com representantes do movimento feminista, passou a entender "questões que não são óbvias para nós, homens". "De fato, a mulher é tratada como um objeto e é oprimida por esta sociedade machista", afirmou.

Para o estudante, uma forma de resolver os problemas que as mulheres enfrentam é a conscientização dos homens. "Acredito que haveria redução da violência doméstica se os homens fossem conscientizados que as mulheres precisam ser respeitadas", avaliou.

E é com o mesmo pensamento de Queiroz que a dona de casa Jozelma Araujo dos Santos educa Paulo Tadeu dos Santos Junior, 10 anos. Hoje, mãe e filho foram com camisetas da União Brasileira das Mulheres (UBM) às ruas do centro pedir pela igualdade dos sexos. "Eu acho que é meu dever como mulher e mãe ensinar os meus filhos de que homens e mulheres são iguais".

Ela disse que faz questão de ensinar ao filho que as mulheres devem ser respeitadas desde cedo. "Eu quero quebrar esta cultura machista através da educação que dou para o meu filho, quero que ele cresça aprendendo que cada um tem o seu espaço", afirmou.

No princípio, o marido de Jozelma era contra o menino participar da vida doméstica, ajudando em afazeres como lavar a louça ou arrumar a cama. "Ele [o marido] foi criado com outros valores, mas, depois, entendeu que o mundo mudou e, hoje, ele mesmo fala pro Junior ajudar em casa e não crescer com a mesma mentalidade", disse.

Para ela, a consciência dos homens mudaria o cenário da passeata no Largo do Patriarca. "A gente não precisa de tanta mulher, precisa do apoio dos homens e que eles passem a nos respeitar." No que depender de Jozelma, os próximos 8 de março seriam comemorados no “Largo da Matriarca”, e não do Patriarca.

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