quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
"Não estamos bem, mas vamos ficar"
Nos prometem que os anos da faculdade serão os melhores anos da sua vida. Quantas pessoas podem ir para a faculdade junto com seu melhor amigo? Aquele irmão, que nasceu e cresceu contigo?! Eu pude. E não foram os melhores, mesmo assim.
Hoje não importa mais. Os anos passaram, nós passamos and the works is done. Mas esta ideia do tempo passar te tira da vida de filha e te coloca na vida adulta. Sua irmã tem filho. E seu irmão também. E a gente vai vivendo.
E morrendo. Esta foi a pior parte da história, da nossa história: morremos. Morremos cedo e deixamos saudades. Tomamos outros caminhos e ficamos cantando loucuras, tipo "garota eu vou para California" mesmo que seu destino seja Boston.
Claro, não estamos bem. Mas, um dia, vamos ficar. Nada a ver com dinheiro, nosso amor e o tempo livre em que vivemos- e escrevemos- uns para os outros. No fim das desculpas, o silêncio. E o fim da nossa era.
Au revoir, mes amis. Je besoin de vous.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
Quantos funerais você atendeu este ano, Ivy?
A pergunta do meu irmão me deixou passada quando estava próxima de atender ao quinto, em abril. Nenhum, graças a Deus, era meu amigo. Era amigo do meu pai. Pai da minha amiga. Amigo da minha amiga. Alguém da igreja. Eram quatro, estávamos em março.
Chegou dezembro e a chuva cai. Resolvi desenterrar este blog enquanto espero a noite passar para enterrar o meu amigo. MEU AMIGO. Não é amigo de ninguém. Não vou representando ninguém. Lá vou eu, prestar minha última homenagem para o MEU AMIGO.
Amigo de faculdade. Trocávamos cartas e aspirações literárias. Gostávamos de rir da vida. Eu, para variar, era a única mina. Nós éramos os trutas. Galera louca, do skate. Crescemos juntos. Cada um em seu caminho, mas juntos. Separados, mas juntos.
Não posso dizer que a morte nos separou pois a vida já tinha feito isso há tempos, quando um AVC o colocou em uma UTI. Sinto pelo talento que ele não usou, pelo tempo que ele não viveu.
É normal ir a funerais de outros mas terrível ir aos seus. DO SEU AMIGO. O outro amigo morreu quando estava na Europa. Até hoje não superei. Encontrei o pai dele na Câmara dos Deputados e fingi que não conheci. Não era medo, era tristeza. Não era vazio e sim saudades. Promessas que (ainda) não cumpri. O ano que vem entrego o luto.
Agora é minha vez. Não tenho desculpas e estou tentando dar desculpas para mim mesma. De não ir, pois ele é um menino e menino não morre. Meninos vivem. Every me and every you. Ever me and ever you.
Thank You Lord. I´ve been friends of Osmar. See you in heaven, truta.
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sábado, 12 de julho de 2014
A blog???
Vejo que um amigo querido, o Vizionário, atualiza seu blog.
Blogs ficaram fora de moda?
Por que eu não atualizo o MEU blog?
Afinal, a questão é: por que escrever? Será mesmo necessário se expressar em uma sociedade em que as pessoas, mesmo perto umas das outras, estão longe uma das outras: e de seus discursos. Por que então falar? Escrever perdeu seu sentido em uma vida de 140 caracteres?
sexta-feira, 8 de março de 2013
Uma rosa com amor
Por mais distante que possa parecer das palavras, há um dia em que faço questão de escrever: o 8 de março (os demais é quando bate a vontade, quando precisa). Mas 8 de março não, é o dia de escrever. Não apenas reproduziz clichês sobre o ser mulher e abordar os problemas da desigualdade de gênero- isso também. Porque ser mulher é bom demais.
Me lembrei que era dia 8 quando ganhei uma rosa na sala da OAB do Fórum da Freguesia. A rosa, para mim, não sou como um clichê. Me fez lembrar da minha amiga Rosa, revolucionária desde o ventre. Me fez pensar na Rosa de Luxembourg. Me fez pensar nos nossos espinhos e no nosso perfume, na maciez de nossas pétalas, na nossa vida.
E pensar em rosa me faz lembrar da revolução. Não à toa, é um substantivo feminino (não tinha como ser masculino!). E me lembrei das revoluções da humanidade, sempre com carinho da Francesa pois a Bastille foi meu lar em Paris. Pensar em revolução sem pensar em mulher não é possível, não pelos quadros e as canções, mas é porque somos revolucionárias na essência.
Toda revolução teve mulheres e não há mulheres sem revolução. Todos os dias quando decidimos levantar da cama e criar nosso filhos estamos revolucionando. Quando estamos educando um homem no nosso peito e quando estamos gerando absurdamente novas vidas é uma das maiores revoluções por segundo.
Revolucionamos no ser mulher, no ser mão, no ser profissional. Mas, acima de tudo, estamos sempre revolucionando. Pense em qualquer grande evento e estaremos lá. Infelizmente, a história não escreveu nossos nomes com dignidade que merecemos em seus livros, mas estamos desde o livro Velho Testamento até a criação da Palestina.
Nossa revolução pode ser silenciosa ou barulhenta, mas sempre é revolução. Seja na moda, quando ditamos a elegância, seja quando entramos na frente dos policiais para não atirarem em nossos filhos. Nós não somos as filhas da revolução e nem burguesas sem religião, somos a mãe da revolução, a revolução em nós mesmas.
Cada trabalho, cada eleição, cada opinião de uma mulher conta- e muito. Em tudo somos revolucionárias. E hoje é o dia de ver isso- e se orgulhar também. Porque revolução que se preze traz sempre inova e se renova em si. E sim, somos assim. Revolucion¿arias, com ou sem armas, com palavras ou no silêncio, estamos sempre dispostas a amar e lutar não apenas por nós, mas por eles. Sim, porque nos amamos: e os amamos também.
Não critico o comércio pois ser lembrada e mimada é muito bom e nós também somos filhas de Deus. Somos obra Dele, com nossos espinhos e nosso brilho, nosso cheiro e desejos, a beleza de uma rosa em seus infinitos tons de cores, mas sempre prontos a dar beleza é vida.
Dia 8 de março de 2013, às 23h. Revolução e rosas, nós, mulheres.
Este post é dedicado à minha doce, corajosa, brava e revolucionária amiga Rosa Cantal.
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
A Nany
Eu via a Rose Nogueira se deliciando com a vida com um cachorro. Achava o máximo poder fazer parte da vida dela com os animais levando a Baja e o Requinho nas consultas veterinárias, dando um ou outro biscoito... Mas... não há nada que seja um "baratão" maior do que ter o seu próprio cachorro.
Não faltam argumentos para não ter um cachorro, sejam estes que é muito caro, ou trabalhoso ou que o bicho sofre com nossa ausência.
Argumentos para ter um cachorro? Só tenho um: o amor. Não existe nada melhor neste mundo do que ir no mercado e procurar o biscoito pro seu filho. Ou filha.
Este amor é diferente daqueles que se compra em pet shops. Não que eu critique. Tem gente que ama de um jeito contrário do que eu amei todos os meus filhos, o Dólar, a Pauta. E a Nany.
Quando vi a foto da Nany no meu Face, um grande amor nasceu de forma inexperada no meu coração. Nem eu mesma me via pronta para amar. "I Found Love/And didn't know I need it". But I did.
Commo tudo na minha vida, consulto antes o Meu Amor Maior, O Senhor. E foi Dele meu amior incentivo. Tenho para mim, que Deus ama mais os animais, pois Os fez primeiro e Os poupou no Dilúvio. Na Bíblia há passagens que Ele conta a história de Seu infinito amor por estes seres tão especiais. E foi quando Ele me contou que até "os cachorrinhos precisam das migalhas de seus senhores" entendi que a Nany tinha sido criada para mim.
Foi numa segunda ensolarada que ela chegou aqui, assustada pela viagem, pela vida que tinha tido até ser encontrada por uma protetora de animais assistida pelo Cão Sem Fome, projeto que serei eternamente grata e que todos os dias está presente nas minhas orações e no meu coração.
Demoramos dois dias para nos tornarmos melhores amigas. E mais um para sermos mães e filha. Aos poucos, a vida passou a ter mais um sentido, o do amor a minha cachorra. Descobri isso quando fui ao mercado e, de repente, era eu que procurava os bifinhos para minha Nany.
Hoje não tem jeito de levar a vida diferente do que levo: sem minha amiga, companheira, filha, sem minha Nany.
Todos os dias declaro para ela meu amor. "Nany, mamãe te ama demais!". Mas foi meu irmão que viu o jeito que ela mais gosta de ser amada, recebendo carinho na orelha com a cabeça apoiada no meu colo.
No Dia Internacional dos Animais, o desejo mais profundo do meu coração é que todos possam amar um deles assim como eu amo a Nany, minha marrom!
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
O X da questão
Os Direitos Humanos, até então pensados como “caridade” ou “generosidade” fazem parte agora de um debate político em duas corridas eleitorais distintas daqui para frente.
No Brasil, num cantinho da cidade de São Paulo, uma região que até 30 anos atrás era nobre e hoje é chamada de “Crackolândia” tem sido mais do que um bairro com ação policial. De repente, a questão do tratamento dado aos dependentes químicos do crack passou a fazer parte do discurso do pré-candidato à Prefeitura da cidade pelo PT (Partido dos Trabalhadores), Fernando Haddad. Mesmo sem ter anunciado seu candidato, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) também se manifestou a respeito do que pretende fazer na área. Até então abandonada, a “Crackolândia” agora entrou de vez no que será um programa de governo e as propostas para o local têm tudo para serem discutidas amplamente por ele e os demais proponentes ao cargo.
Em 2012, o debate político não se tratará apenas sobre questões econômicas, ambientais, educacionais: todo aquele que quiser entrar em campanha tem que estar preparado para falar sobre o direito de cada cidadão a ter uma condição básica e digna de vida. No caso da “Crackolândia”, o assunto não se restringe apenas sobre o tratamento ou não dos dependentes e sim o direito que todos têm de serem amparados pelo Estado Democrático de Direito como previsto na Constituição.
Mais pro lado de cima do trópico, os direitos humanos também ganham destaque nos debates. Lá, porém, a questão é a tortura. Usado como mote de campanha em 2008 pelo então candidato à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, o fechamento da prisão de Guantánamo, famosa pelas graves violações de direitos humanos e que em 2012 completa uma década de tortura institucionalizada, será sim usado pelos republicanos como mais uma das promessas que o democrata não honrou. Guantánamo não é, naturalmente, a maior preocupação dos americanos (que têm enfrentado a recessão e estou pensando em seus empregos) e não serão as diferentes propostas sobre o assunto que vão definir o curso das eleições. Mas que os candidatos terão que falar sobre isso- e Obama explicar por quê não fechou a prisão- a isso terão.
Enquanto em São Paulo a questão da violência e da tortura foi consequência do abandono pelo Estado, em Guantánamo as mazelas foram impostas pelo Estado, que, como aqui, se diz Democrático- e de Direito! O fato é que estes dois tristes enclaves e suas consequências nas vidas dos seres humanos que por eles passam finalmente agora faz parte de um sério contexto. Ver que as questões legítimas até então tidas como assistencialistas estão sendo pensadas, estudadas e aprofundadas, mesmo que de forma secundária ou terciária, é encorajador. Ver o debate ganhando consistência com argumentos sólidos já é uma grande vitória não apenas para os militantes dos direitos humanos de São Paulo ou dos Estados Unidos da América e sim de toda uma era pós-moderna que passa a pensar em um mundo melhor para todos.
No Brasil, num cantinho da cidade de São Paulo, uma região que até 30 anos atrás era nobre e hoje é chamada de “Crackolândia” tem sido mais do que um bairro com ação policial. De repente, a questão do tratamento dado aos dependentes químicos do crack passou a fazer parte do discurso do pré-candidato à Prefeitura da cidade pelo PT (Partido dos Trabalhadores), Fernando Haddad. Mesmo sem ter anunciado seu candidato, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) também se manifestou a respeito do que pretende fazer na área. Até então abandonada, a “Crackolândia” agora entrou de vez no que será um programa de governo e as propostas para o local têm tudo para serem discutidas amplamente por ele e os demais proponentes ao cargo.
Em 2012, o debate político não se tratará apenas sobre questões econômicas, ambientais, educacionais: todo aquele que quiser entrar em campanha tem que estar preparado para falar sobre o direito de cada cidadão a ter uma condição básica e digna de vida. No caso da “Crackolândia”, o assunto não se restringe apenas sobre o tratamento ou não dos dependentes e sim o direito que todos têm de serem amparados pelo Estado Democrático de Direito como previsto na Constituição.
Mais pro lado de cima do trópico, os direitos humanos também ganham destaque nos debates. Lá, porém, a questão é a tortura. Usado como mote de campanha em 2008 pelo então candidato à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, o fechamento da prisão de Guantánamo, famosa pelas graves violações de direitos humanos e que em 2012 completa uma década de tortura institucionalizada, será sim usado pelos republicanos como mais uma das promessas que o democrata não honrou. Guantánamo não é, naturalmente, a maior preocupação dos americanos (que têm enfrentado a recessão e estou pensando em seus empregos) e não serão as diferentes propostas sobre o assunto que vão definir o curso das eleições. Mas que os candidatos terão que falar sobre isso- e Obama explicar por quê não fechou a prisão- a isso terão.
Enquanto em São Paulo a questão da violência e da tortura foi consequência do abandono pelo Estado, em Guantánamo as mazelas foram impostas pelo Estado, que, como aqui, se diz Democrático- e de Direito! O fato é que estes dois tristes enclaves e suas consequências nas vidas dos seres humanos que por eles passam finalmente agora faz parte de um sério contexto. Ver que as questões legítimas até então tidas como assistencialistas estão sendo pensadas, estudadas e aprofundadas, mesmo que de forma secundária ou terciária, é encorajador. Ver o debate ganhando consistência com argumentos sólidos já é uma grande vitória não apenas para os militantes dos direitos humanos de São Paulo ou dos Estados Unidos da América e sim de toda uma era pós-moderna que passa a pensar em um mundo melhor para todos.
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